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A gente e a agente

Não, o cartaz que você está vendo não é real. Foi criado por fãs em campanha para que Gillian Anderson, a agente Dana Scully da franquia Arquivo X, assuma o posto do agente secreto mais famoso do mundo. Um 007… mulher? Por que não?

Nós, que estamos enfrentando uma onda conversadora no Brasil, podemos até perder a noção do momento histórico ocidental, mas ele é positivamente de avanços. E, vamos raciocinar, em um tempo de Caitlyn Jenner, de shows cancelados na Carolina do Norte por conta de uma legislação retrógrada que colocou em discussão o uso dos banheiros por transgêneros e “n” gêneros… em um tempo em que o presidente norte-americano negro provavelmente vai ser sucedido por uma presidente mulher (ok, vamos ignorar o cenário em que o sucessor seja alguém como Trump e os avanços sociais sejam varridos para algum lugar no futuro)… o entusiasmo pela possibilidade de ter uma “Jane Bond” parece bem bobo.

Ou não. Gestos bobos podem ser marcantes. Tirar do personagem a obrigatoriedade de ser um homem branco pode fazer ecoar a pergunta fundamental, que já está feita aí acima: por que não? Não há uma só característica no agente “a serviço de sua majestade” que não possa ser preenchida por uma mulher. Charme, inteligência, força, habilidades específicas na luta contra o mal, o que, em tudo isso, ainda é exclusividade masculina? Supondo que a hipotética futura 007 seja cisgênero, ou seja, identificada com o gênero designado no seu nascimento, ainda teríamos o plus de substituir as bond girls por suculentos bond boys. O público feminino, sempre presente no cinema, agradeceria.

Gillian Anderson – que, contra ela, tem o fato de não ser britânica… mas que pelo menos já morou em Londres – gostou da ideia. Em seu Twitter, agradeceu ao fã desconhecido que criou o cartaz. Outras mulheres, como a “mãe de dragões” Emilia Clarke começam a se candidatar.

A gente pode ter uma certeza: pode não ser agora. Daniel Craig, que não quer de jeito nenhum voltar ao papel, pode ser substituído por mais um ator, talvez Idris Elba. Mas, em algum lugar do futuro, uma atriz assumirá o personagem. É a roda da evolução pop em seu movimento inexorável.

E pensar que, há apenas dez anos, a escalação de um ator loiro para o papel que já foi de Sean Connery e Roger Moore causou tanta polêmica…

 

Claudia Bia – jornalista e apaixonada por cultura pop