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A imprensa e a democracia

Muito se tem falado a respeito do papel da imprensa na consolidação da democracia. Nesta semana está acontecendo em São Paulo um Congresso Internacional sobre o tema. Na segunda-feira, palestrou o arcebispo anglicano da África do Sul, Desmond Tutu, que se destacou na luta contra o apartheid naquele país na década de 1980. Tutu destacou em seu discurso o papel fundamental da liberdade de imprensa na consolidação da democracia. No mesmo evento, o ministro Ayres Brito, presidente do STF declarou que a imprensa e a democracia são irmãs siamesas.

Lembro-me de um documentário que assisti sobre Mikail Gorbachev e o fim do comunismo na União Soviética, em que se dizia que os jornais de Moscou começaram, timidamente, a fazerem algumas críticas leves ao governo ao final da década de 1980, quando Gorbachev empreendia suas reformas. Como viram que a censura não apareceu, continuaram a tarefa. Isso mostra o quanto a imprensa era subserviente e dominada naquele regime. Também Napoleão manipulava todas as informações que saíam na imprensa a seu respeito. Derrotas vergonhosas eram mostradas como recuos estratégicos. Pequenos avanços eram retratados como retumbantes vitórias. A manipulação da informação é uma característica distintiva dos ditadores, seja qual for sua coloração ideológica. Quando algumas pessoas reclamam da corrupção que, teoricamente, era menor em épocas anteriores no Brasil, costumo insistir que o que temos a mais agora é exatamente a liberdade de informação. 

Antes, ninguém podia divulgar nada que não fosse de interesse do governo. Sem imprensa livre e forte, ficamos à mercê dos ditadores e de seus asseclas.

Pois bem. Aqui em Brusque temos um motivo para intensa comemoração. Quando um órgão de imprensa se consolida no tempo, atravessando as décadas com credibilidade, é sinal de que a sociedade, como um todo, amadurece na direção da democracia.
As 5.000 edições do jornal O Município são a marca dessa conquista. Muitos jornais começam e se acabam com facilidade. Alguns estão diretamente ligados a partidos políticos e interesses de determinados grupos, e estarão presentes enquanto permanecer o interesse desse grupo. Outros até que são bem intencionados, mas carecem de administração competente e de profissionais qualificados. Quando essas duas coisas se juntam, o sucesso é certo.
Brusque pode se orgulhar por contar com um jornal comprometido com a informação, com a democracia, que, como dita as normas do bom jornalismo, vai sempre ouvir as diferentes versões de uma história antes de estampar uma manchete. 
Sinto-me honrado de poder fazer parte dessa história de sucesso, mesmo tendo chegado muito recentemente e dado uma colaboração modesta frente ao imenso trabalho diário da equipe do jornal.
Não tenho dúvidas de que essa história de sucesso se prolongará pelas próximas décadas, com sua marca de qualidade e competência.
Minhas congratulações a toda a equipe. A democracia agradece e conta com a continuação do seu trabalho!