A lição dos pioneiros
Na semana do 04 de agosto, em que Brusque comemora mais um ano da fundação da colônia que deu origem ao município, convém lembrar um pouco mais dos bravos pioneiros, buscando lições que possam nos ser úteis nos nossos desafios contemporâneos. No último final de semana, estive visitando a cidade de Bento Gonçalves, na serra […]
Na semana do 04 de agosto, em que Brusque comemora mais um ano da fundação da colônia que deu origem ao município, convém lembrar um pouco mais dos bravos pioneiros, buscando lições que possam nos ser úteis nos nossos desafios contemporâneos. No último final de semana, estive visitando a cidade de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, famosa pelos seus vinhedos e também por ser um dos principais polos de colonização italiana do Brasil. Entre as atrações oferecidas aos visitantes, há um espetáculo chamado “Epopeia Italiana”, em que se pode vivenciar, em cenários muito bem montados, a incrível história dos primeiros colonizadores, até mesmo sua longa e pouco confortável viagem de navio até a sonhada América. As histórias são muito parecidas às dos imigrantes da nossa região, e chamam a atenção pelo desafio nunca imaginado por quem deixou a Europa, cheio de sonhos, em busca da “terra prometida”. Lá, como aqui, os imigrantes tiveram que desbravar a floresta e construir tudo a partir do nada.
Mas nós vivenciamos e testemunhamos o legado que nos deixaram, fazendo das regiões colonizadas por eles centros de prosperidade, cultura e empreendedorismo. Quando guardamos e reverenciamos os registros do passado, buscamos manter e cultivar o patrimônio arquitetônico e artístico, tentamos manter o contato não apenas com fatos ou objetos antigos. Tudo isso deve nos fazer reviver, o quanto for possível, a alma do imigrante, sua imensa capacidade de superar dificuldades e projetar-se para o futuro, sonhando e construindo o conteúdo do sonho com desmedida dedicação e bravura. Ficamos admirados e, ao mesmo tempo envergonhados, quando nos damos conta de como as gerações foram perdendo, aos poucos, essa determinação e tenacidade em relação à vida.
Quem chegou da Europa no século XIX e viveu tão precariamente, sonhou e construiu uma vida um pouco melhor para seus filhos, e assim as gerações se sucederam, com as mais novas sempre usufruindo de mais facilidades que as anteriores. Mas ao mesmo tempo em que isso é bom e natural, também esconde uma armadilha, pois a garra para enfrentar desafios se transmite com menos intensidade para uma nova geração à medida que os desafios desta sejam menores. Essa perda é muito significativa, de modo que devemos fazer o possível para minimizá-la. Daí a necessidade de não apenas dar coisas e facilidades aos filhos, mas também responsabilidades. A epopeia dos imigrantes deve iluminar nossa vida, para vermos que os desafios que normalmente enfrentamos não se comparam, nem de longe, aos deles. E que descubramos também a fonte da sua força: a união, o valor supremo da família, o apego ferrenho aos seus valores e muita fé. Sem isso, muitos teriam sucumbido. E é a falta desses ingredientes que fazem tantos sucumbirem nos dias de hoje.