A nutrição da alma
No último dia dos professores, recebi de presente o livro “Pais brilhantes, professores fascinantes”, de Augusto Cury, um dos escritores mais celebrados do Brasil, que recentemente esteve em Brusque proferindo palestra. O livro inteiro é um primor de lições de vida e qualidade literária, mas gostaria de partilhar uma parte cujo tema também tenho insistido: a necessidade da formação mental e espiritual das pessoas, para além da satisfação imediata dos impulsos do corpo.
Cury afirma que “bons pais cuidam da nutrição dos filhos, estimulam uma dieta saudável. Pais brilhantes sabem que a personalidade precisa de excelente nutrição psíquica, e preocupam-se com alimentos que enriquecem a inteligência e a emoção”.
Em termos de alimento espiritual, estamos em sérios apuros. Há uma tendência enorme para a formação de personalidades egoístas, centradas no prazer imediato, do tipo que se serve das pessoas para satisfazer os próprios interesses. Formar a alma no sentido contrário não é tarefa fácil, numa sociedade consumista e hedonista, contra a qual é muito difícil lutar.
O autor não menciona, mas podemos acrescentar o fato de que as crianças acabam tendo pouco contato com os pais, que tentam compensar a ausência com permissivismo e consumismo. Para uma criança de duas ou três décadas atrás, ter uma bicicleta aos doze anos era uma façanha. Hoje, esse item já é tão obrigatório quanto as versões mais avançadas dos celulares e outras tantas distrações. Pela TV e pelos eletrônicos vêm estímulos de toda ordem, bem poucos candidatos a bons alimentos para a alma. São informações imediatas, contatos imediatos, mensagens instantâneas, conversas fúteis e intermináveis.
O livro de Augusto Cury dá várias dicas para lidar com essa situação, cujo enfrentamento é urgente e requer uma mudança de mentalidade dos adultos, que nem sempre são bons exemplos de alma bem alimentada.
Acrescento a importância da literatura para o preenchimento desse vazio de nutrientes, que empobrece nossa vida mental e espiritual. Vejo o quanto a leitura de bons livros deixou de ser um, hábito, e quanta falta isso faz. O livro, ao contrário das mídias instantâneas, requer recolhimento, tempo, digestão. Boas estórias enriquecem nossa memória, estimulam a sensibilidade, despertam a consciência, fazem pensar. Uma criança que leia Pinóquio, por exemplo, aprenderá mito mais sobre honestidade, que em várias lições de educação moral.
Os grandes clássicos da literatura mundial são um buffet completo para a nutrição da inteligência e da emoção. É inconcebível que estejam esquecidos e sejam tão secundários na educação contemporânea.
Com a alma raquítica, os jovens dão importância excessiva aos mínimos defeitos do corpo, à falta de qualquer item supérfluo de consumo e preenchem com prazeres fúteis o vazio interior. Para deter essa tragédia, o livro de Augusto Cury é um excelente ponto de partida.