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A próxima guerra do “Nobel da Paz”

O inferno são os outros. (Sartre)

 

Palestinos fazem fila para receber comida no campo de refugiados de Yarmouk, em Damasco (Síria)

 

Quantas vezes nos últimos anos você ouviu “Síria”? Quantas vezes, você assistiu o holocausto deste país sentado ao lado da sua família em uma poltrona macia? E em quantas destas vezes, você julgou ou sugeriu, que o que acontecia (ce) e (cerá) lá, é fruto apenas da veia extremista do estado islâmico?

 

(os refugiados, as crianças mortas, os civis decapitados, a fome, a miséria…)

 

O nosso interesse em sabermos mais a respeito deste local, nos leva a uma série de dados curiosos, nos faz saber, que a Síria (país árabe do sudoeste asiático) é um dos territórios mais antigos “habitados” do mundo e que a sua população é basicamente árabe e em sua maioria islâmica. E isso não nos faz saltar aos olhos nenhum conflito. Se formos adiante, nos deparamos com a informação de que desde o seu surgimento ela foi disputada, invadida, saqueada e sofreu numerosos golpes militares, ano após ano.

 

(Sofreu ocupação Persa; Macedônica; antes de Cristo: Romana; Árabe; Otomana; foi dividida em duas partes com o fim da Primeira Guerra Mundial: metade francesa, metade britânica; guerreou pela independência e com Israel; uniu-se ao Egito e passou pelo enfretamento sírio; foi tomada pelo Partido Baath e transformou-se na República Popular da Síria; fez nova aliança ao Egito e sofreu uma guerra de 6 dias; atacou Israel na chamada Guerra do Yom Kippu; interferiu na defesa do Líbano contra Israel e foi oposição a ocupação Americana e ao Iraque na Guerra do Golfo. Os fatos mais atuais: 2011 Primavera Árabe – guerra civil, acumulado de pessoas mortas até hoje: + 400 mil, feridos: 1,9 milhão, refugiados: + 5,9 milhões; 2012: Obama adverte, que em caso de a Síria ultrapassar a “linha vermelha”, usando armas químicas, haveria intervenção; 2013: Genie Energy Subsidiary in Israel Granted Exploration License, ameaça americana de ataque).

 

(a quem compensou¿ o que ganhou o povo Sírio? a Síria?)

Podemos ilustrar respostas, assimilando alguns dados curiosos:

 

(A Síria é um país rico em petróleo e gás, o petróleo está nas colinas do Golan, que Israel tomou ilegalmente na Guerra dos Seis Dias, em 1967; Dick Cheney: foi o presidente-sombra de George W. Bush em 2001, antes disto, era presidente executivo da maior empresa de serviços para campos de petróleo do mundo, a Halliburton, ligada à CIA), James Woolsey (é ex-diretor da CIA no governo de Bill Clinton, presidente da “Fundação para Defesa das Democracias” e membro do Instituto Washington para a Política do Oriente Médio, que opera a favor do partido Likud de Israel), Bill Richardson (é ex-secretário de energia dos EUA), Jacob Lord Rothschild, Rupert Murdoch(leia-se: News Corporation: New York Post e o The Sun (os maiores tablóides dos Estados Unidos e Inglaterra), Fox Network (e junto com ela o MySpace e mais 35 canais de televisão), a 20th Century Fox, o jornal The Times de Londres, a DIRECTV, a editora Harper Collins Publishers, a Sky Italia e mais recentemente a Dow Jones & Company e junto com ela o jornal americano The Wall Street Journal e o consagrado The New York Times. São mais de 789 empresas em 52 países, em cinco continentes, entre elas a Genie Energy), Larry Summers(foi secretário do Tesouro dos EUA e inventor propositor das leis que desregularam os bancos nos EUA) e Michael Steinhardt (o especulador dos fundos hedge é filantropo amigo de Israel, de Marc Rich e membro também da Fundação para a Defesa das Democracias de Woolsey) todos estes, são membros do Conselho de Aconselhamento Estratégico de uma empresa de gás e petróleo chamada Genie Energy, com sede em Newark, New Jersey, empresa está que recebeu de Israel concessão para explorar o petróleo das Colinas Golan, em 2013, justamente o ano em que o processo de desestabilização (liderado pelo EUA), do regime sírio, leia-se presidente Assad, estava em seu auge).

 

 

Esse pequeno relato me fez lembrar de uma frase de Sêneca: “cui prodest scelus, is fecit”. Que quer dizer mais ou menos: “aquele a quem o crime aproveita foi quem o cometeu”.

 

 

Agora, como em toda a sua existência a capital síria Damasco luta pela vida e a Genie Energy, no final de 2015, divulga que encontrou enorme campo de petróleo exatamente ali…

 

(Dia 8 de outubro, na segunda semana dos ataques russos, a pedido do governo Assad, contra o ISIS e outros terroristas ditos “moderados”, Yuval Bartov, geólogo chefe da subsidiária israelense da Genie Energy, Afek Oil & Gas, disse à Channel 2 TV que sua empresa havia descoberto enorme reserva de petróleo nas colinas do Golan: “Encontramos estrato de 350 metros de altura no sul das colinas do Golan. A média mundial da altura dos estratos é de 20-30 metros; e essa é dez vezes maior; por isso estamos falando de quantidades significativas”).

 

Em meio a esta guerra de poder, do petróleo e do gás, do pragmatismo americano que confunde verdade e interesse e como já disse o antropólogo americano Roy Wagner sobre o governo do seu país “não é um regime destrutivo, mas tem um problema sério, pois tem que lidar com um país que é completamente obcecado por si próprio, como a Roma Antiga. Ou seja, por que deveríamos prestar atenção no que os antropólogos dizem, ler etnografias ou estudar o passado, já que nunca existiu nada tão bom quanto nós próprios? ”…

 

 

(os refugiados, as crianças mortas, os civis decapitados, a fome, a miséria…)

 

 

 

 

Em épocas como esta, leitores, sempre nos vale perguntar:

Cui bono? Cui prodest? (a quem aproveita, quem ganha?)

 

 

 

 

 
Nisso tudo, uma única verdade:

não existe verdade, onde não se respeita a vida humana!

 

 

 

Méroli Habitzreuter – escritora e ativista cultural