A quem iremos?
Sempre houve corrupção e canalhice no mundo. No Brasil, então, nem se fala! Além do mais, todos nós sabemos que não somos perfeitos, e que, por mais que vivamos honestamente, temos defeitos, manias, vícios, esquisitices contra as quais devemos lutar. Essa busca pela perfeição, por mais errante que possa ser, é o que distingue o cidadão de bem do cínico e do canalha. Estes últimos se conformam com o erro, se ajustam a ele, justificam-se dizendo que todo mundo erra e, aos poucos, perdem o senso do que é justo e certo. Passam a medir tudo a partir de suas próprias medidas tortas.
Se a humanidade, apesar de tudo, sempre logrou não estar totalmente perdida, foi graças ao esforço de grandes heróis que se colocaram como modelo de virtude, e serviram de parâmetro para balizar o nosso passo errante. Foram líderes religiosos, filósofos, artistas, santos, mártires, líderes políticos ou simplesmente pais e mães honestos e dedicados, que souberam inspirar o bem nos outros. É muito difícil educar a juventude sem o exemplo de heróis que personifiquem os valores que precisamos desenvolver. Na Grécia antiga, havia Aquiles e Penélope, personagens de Homero, cujo modelo educou inúmeras gerações. Depois vieram Pitágoras e Sócrates. Da tradição judaico-cristã, além da elevada doutrina, emanaram modelos da mais alta estirpe: Moisés, Elias, Samuel, Davi, Jesus e seus seguidores, como Paulo, Bento, Tomás, Francisco e tantos, de passado mais longínquo ou recente. Mesmo fora do âmbito estritamente religioso, músicos, pintores, escultores e escritores nos brindaram com obras capazes de elevar nosso espírito, de resgatar em nós o que temos de melhor.
Ocorre que nos desacostumamos a olhar para eles, apreciar os valores superiores. E quando relaxamos e damos vazão ao que em nós é mais baixo, o resultado é desastroso. É difícil subir e se manter na parte de cima, mas para descer basta um pequeno passo em falso.
Estamos cercados de péssimos exemplos, por todos os lados e, assim emaranhados, é difícil encontrar uma saída. Vejam como pessoas que são de fato honestas nos seus negócios particulares ainda defendem com unhas e dentes os corruptos de carteirinha que estão acabando com o país. Vejam o manifesto dos advogados dos corruptos presos pela Lava Jato, que fazem parecer que o corrupto é o Sérgio Moro. Ou ainda, tantos que defendem a vida animal com unhas e dentes, mas são favoráveis ao aborto, afinal aborto liberado é senha para sexo livre, e sexo livre é o motor do relativismo moral. Por aqui, o Sr. Mojica, ex-presidente do Uruguai, que liberou o aborto e a maconha no seu país, é quase uma divindade. Mas ai de quem mexer num ninho de quero-quero!
Nosso principal ídolo futebolístico está ameaçado de ir para a cadeia na Espanha, por conta da mega fraude que foi sua transferência do Santos para o Barcelona. E, ademais, o que esperar da cultura de um país que vai para a 16ª edição do Big Brother, no qual um cara chamado Wesley Safadão arrasta multidões para ouvir imbecilidades e em que a maioria dos estudantes universitários nunca leu um clássico da literatura?
Precisamos de referências positivas, com urgência. Aliás, precisamos nos tornar referências positivas. Para tanto, é preciso romper com esse tsunami de mediocridade e relativismo, nadar contra a corrente e mirar os grandes exemplos, que sempre estarão ao nosso dispor.