Mesmo com três filhos ainda pequenos para criar, Edirce Ribeiro de Lara, 58 anos, não mediu esforços para ajudar quem precisava. Ela criou como filha a sobrinha Eroni, desde os sete anos. Ainda hoje as duas tem uma ligação bastante forte.
Eroni e as duas irmãs, uma de cinco e outra de dois anos, foram abandonadas pela mãe. “Minha mãe foi embora numa manhã, eu vi ela pegar as malas e sair até sumir na rua, mas eu não entendia o que estava acontecendo”, conta Eroni Menz de Souza, hoje com 41 anos.
As meninas ficaram com o pai, que era irmão do marido de Edirce, mas ele não conseguia cuidar das três crianças sozinho, pois sempre trabalhou como guarda noturno.
Eroni lembra que no dia que a mãe foi embora, Edirce chegou na casa da família após ficar sabendo do que aconteceu.
“Lembro que ela disse pro meu pai que podia ficar só comigo, porque ela já tinha outras três crianças pequenas e levava uma vida bastante simples. Naquela noite eu e minhas irmãs ainda fomos pra casa dela, mas no outro dia uma delas ficou com a madrinha e a outra com a nossa avó. Eu fiquei com minha tia”.
A partir daquele momento, Eroni ganhava uma nova mãe. Edirce conta que a menina foi criada com todo o amor e carinho para que em nenhum momento sentisse que não fazia parte da família.
“Hoje pensando bem, acho que dei mais pra ela do que para os meus filhos biológicos. Fazia mais pra ela do que para os meus, porque nunca quis que ela se sentisse mal”, diz.
A menina morou com a mãe e os irmãos do coração até os 21 anos, quando decidiu viver sozinha e ser independente. Toda a família vivia em Cascavel, no Paraná, e sempre estiveram juntos.
Eroni é muito grata pelo gesto da tia que mesmo em meio a tantas dificuldades a criou com muito amor e a ensinou muitas coisas. “Minhas irmãs biológicas sofreram muito, elas pulavam de casa em casa e minha tia sempre ficou comigo. Meu pai casou duas vezes e as madrastas sempre batiam nas minhas irmãs e eu nunca passei por isso. Fui criada em uma família normal, com meus três primos que se tornaram irmãos pra mim”, diz.
Edirce nutre o mesmo sentimento de carinho pela filha do coração. “Ela sempre vai ser minha filha. Tenho muito orgulho dela, da mulher que ela se tornou”.
Foi por intermédio da mãe de coração que Eroni conheceu o marido. Ele é sobrinho de sangue de Edirce e, mais do que nunca, Eroni faz parte da família da tia. “Minha sogra é irmã da minha tia Edirce, e estamos sempre juntos, unidos”, diz.
Há 18 anos, Eroni e o marido se mudaram para Brusque, mas o contato com Edirce se manteve cada vez mais forte. Sempre que podia, ela vinha visitar a filha e recentemente, também se mudou para a cidade. “Hoje moro em Brusque e tenho minhas duas filhas aqui também, a de sangue e a de coração. Sou muito grata por tudo”, afirma Edirce.
Todo o amor que recebeu da tia durante a vida, Eroni transformou em exemplo e hoje também é mãe do coração da sobrinha, Amanda, de 20 anos. “Eu e meu marido viemos para Brusque em 2002. Quando minha sobrinha nasceu me apeguei muito a ela porque minha irmã sempre deixava ela comigo. Quando nos mudamos, eu sentia muita falta, falava brincando para minha irmã me dar ela pra criar”, conta.
Um dia, a irmã de Eroni ligou perguntando se ela falava sério quando pedia para criar a sobrinha. Se fosse verdade, deixaria a menina ficar com ela.
“Eu disse que tinha que falar com o meu marido primeiro. Ele aceitou e criou ela como filha. Não tem diferença nenhuma das filhas de sangue. Ela sempre teve contato com a mãe dela e liberdade de ir a hora que quisesse. Minha irmã sempre me agradece por ter criado ela. Nós a amamos muito, eu sempre digo: nossa filha Amanda”.
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