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Abandono de animais aumenta em razão das festas de fim de ano

O número de animais abandonados aumenta de outubro a dezembro

Limeira Baixa, Limeira Alta, Poço Fundo, Zantão, Volta Grande e Águas Claras têm um problema em comum. São os bairros em há maior número de abandono de cães e gatos em Brusque. Os motivos equivalem-se: estão localizados longe da área central e possuem estradas desertas e matagais em boa parte do território.

O proprietário, segundo a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra), dificilmente abandona o animal no bairro em que mora. Ele prefere lugares distantes e vazios para não chamar a atenção dos vizinhos. No abandono de cães não há padrão de raça, tamanho, cor ou saúde. A entidade já encontrou animais de todas as idades. A maioria dos gatos, por outro lado, são encontrados em ninhadas.

“Já colhemos relatos e já socorremos animais em sacos plásticos e caixas de papelão. No caso dos gatos, principalmente, as pessoas amarram o saco com o animal dentro. É crueldade pura. Nós, enquanto voluntários e pessoas que amam animais, não entendemos como uma pessoa consegue fazer isso. É falta de caráter e é como se a pessoa estivesse roubando ou matando. Um animal é um ser indefeso como uma criança e um idoso”, desabafa a presidente da Acapra, Lilian Dressel.

A entidade estima que Brusque conta com cerca de 3 mil cães e gatos que vivem nas ruas. Com a expansão populacional de pessoas, o número de animais também cresce a dia. Entre os meses de outubro e dezembro os registros são ainda mais frequentes devido às viagens e às comemorações de fim de ano. De acordo com a presidente, o período é “extremamente crítico” para a entidade. Da mesma forma em que os abandonos aumentam, as adoções diminuem.

“As pessoas esperam para adotar os animais somente depois das férias de verão, e como vão viajar no fim do ano acabam deixando para depois. É uma época complicada. E os animais abandonados, na maioria das vezes, também aparecem machucados, pois são atropelados nas ruas já que o movimento de carros aumenta. Como trabalhamos com lares temporários para os cães que serão adotados, nessa época as pessoas não querem abrigar um animal em função das festas e viagens”, explica.

Lilian explica, em dois tópicos, os motivos que levam as pessoas a abandonaram os animais de estimação. O primeiro deles está relacionado às crianças. Nas feirinhas de ações da Acapra, ela observa o comportamento de pais e filhos.

Em algumas oportunidades, as crianças choram e imploram pela adoção de um animal e o pai, para agradar, aceita.
Entretanto, ao chegar em casa, a criança brinca com o animal durante um período e depois o deixa de lado. “É como se fosse um brinquedo para a criança, ela não entende que o bicho precisa ser alimentado e vacinado e precisa de banho. Ela enjoa”, explica. Quando os pais percebem que a criança não deposita mais tanta atenção no animal e percebem também que ele exige cuidados especiais, acabam levando-o embora.

O segundo motivo dos constantes abandonos apontado pela presidente é semelhante ao primeiro, mas em vez de a criança tratar o animal como um objeto ou um brinquedo, o responsável por isso é o adulto. Nestes casos, o “adotador” pega um filhote e quando o animal cresce, ele abandona.

“Algumas pessoas pegam um animal e não sabem o tanto que eles vão crescer. Quando percebem que cresceu demais e não tem espaço físico para acomodá-lo, ele acaba largando na rua. Por isso nós orientamos sempre a pegar um animal já adulto, assim a pessoa já sabe se terá condições de criar”.
Guabiruba

Em média, 20 a 25 animais são abandonados, por mês, em Guabiruba. Segundo a vice-presidente da Pata – ONG protetora dos animais que atua no município há um ano -, Kelly Cristine Stricker, os principais pontos de abandono são a travessa que liga o bairro Pomerânia ao Aymoré, a travessa que liga o bairro Aymoré ao Guabiruba Sul e os bairros Lageado Alto e São Pedro. Os motivos são idênticos aos de Brusque: poucas residências e baixo fluxo de pessoas nos locais.
São encontrados cães e gatos sem raça definida e de todas as idades. Alguns saudáveis e outros doentes. A maioria, entretanto, tratam-se de ninhadas. A vice-presidente afirma ainda que o número de cães abandonados é maior do que de gatos. No fim do ano, com as festividades, o número dobra.
“Quando se aproxima as épocas festivas de Natal e Ano Novo que é o período em que muitas pessoas deixam a cidade para visitar suas famílias e acabam abandonando. Em cada canto da cidade é possível observar um animal abandonado e como a Pata não possui canil nem gatil, a maioria deles irão permanecer nas ruas, pois não temos lares temporários para abrigar tantos animais”, lamenta.

Castração

Um dos aspectos que influenciam a proliferação no abandono de cães e gatos é a reprodução em massa. “Quando a fêmea dá cria sem os donos queiram, eles acabam abandonando os filhotes”, afirma a presidente da Acapra. Por isso, a entidade orienta as pessoas a castrarem os animais a partir dos seis meses de vida. Para as pessoas de baixa renda – até R$ 1.600 -, a prefeitura de Brusque promove, de tempos em tempos, a Campanha de Castração de Animais.

3 mil
é a estimativa de cães e gatos que vivem nas ruas de Brusque
90
é a estimativa de cães e gatos que vivem nas ruas de Guabiruba
30
é média de adoções por mês na Acapra
10
é média de adoções por mês na Pata