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Abandono de animais nesta época do ano aumenta 70% em Brusque

Dos 50 mil animais da cidade, três mil estão nas ruas

Enquanto a tendência em todo o mundo é instalar chips em animais domésticos para controlar a superpopulação e evitar que os donos os abandonem nas ruas, em Brusque o problema ainda está bem longe de ser minimamente resolvido. Segundo Moacir Giraldi, o Moacir da Acapra, vereador eleito pelo PT do B e presidente da Associação Brusquense de Proteção aos Animais, há, aproximadamente, 50 mil animais na cidade, um para cada dois habitantes. O maior problema é que muitos desses animais, cerca de três mil, estão nas ruas porque são simplesmente abandonados, principalmente nesta época de viagens de fim de ano e férias. 
Segundo Thais Nunes Rosa, 35, voluntária da Acapra, entre o Natal e o Ano Novo o aumento de animais abandonados chega a ser 70% maior do que em outras épocas do ano. “Por conta de uma semana na praia, as pessoas abandonam o amigo de uma vida inteira. Já estamos sentindo isso, nos bairros há um aumentou considerável no número de cães abandonados. Para nós é um sofrimento, uma angústia, nosso coração fica apertado porque não podemos acolher todos esses animais.”
Segundo Moacir, o abandono de animais em Brusque é uma realidade que assusta porque a Acapra não tem como atender a todas as denúncias. “Não tem muito o que fazer. Conversamos com a pessoa que nos traz o problema, para que ela, ou algum vizinho ou familiar, possa ficar com o animal até conseguirmos alguém que queira adotá-lo”. Ele explica que a associação não tem fins lucrativos e funciona por meio do trabalho de voluntários, que cuidam dos animais até que seja encontrado um lar definitivo. “Infelizmente nossa cultura ainda é essa, mas a partir do momento que começarem a existir leis mais rigorosas, isso vai mudar”, afirma Moacir que dirige a instituição que ainda não tem um abrigo ou uma sede, e recebe somente uma verba mensal de R$ 2 mil da prefeitura, e doações voluntárias.
Problema X solução
Os problemas mais recorrentes são o abandono e a falta de cuidados básicos, como água e comida, vacinação e castração, e acontecem, principalmente, na periferia da cidade. A Acapra e a Secretaria de Saúde formularam um projeto em conjunto que previa a castração de 600 animais este ano, mas foram realizadas somente 155 cirurgias. Segundo Moacir, nesta quarta-feira a diretoria da Acapra se reunirá com a secretaria para definir como e quando serão feitas as 445 cirurgias restantes. 
Para Moacir, a culpa não é somente da prefeitura, todos têm responsabilidade: população e instituições públicas. “As pessoas estão desinformadas, mas o problema também é de responsabilidade pública”. Embora recebam críticas por cuidar de animais ao invés de se preocuparem com o ser humano, Moacir alerta que um animal na rua não é só um animal na rua, mas é um foco de doenças. “Há anos venho falando das epidemias causadas pela aglomeração de animais nas ruas, é uma questão de saúde publica”.
Ele adiantou que tem vários projetos, alguns ainda não podem ser revelados, mas que vai trabalhar em favor do povo. “Fui eleito para isso, pois 90% dos votos que recebi foram de pessoas que querem que esse quadro mude”. Uma das ações a ser tomada é a proibição de utilização de animais, domésticos ou silvestres, em apresentações ao público, como em circos, por exemplo. Também é preciso muita conscientização, mas para Moacir, hoje só é possível conscientizar com investimentos altos. “As crianças já saem com uma boa consciência ambiental da escola, hoje precisamos conscientizar os adultos, as pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar e receber orientação”.
Moacir também acredita que as leis municipais precisam ser alteradas, punindo de forma mais rigorosa as pessoas que não cuidam adequadamente de seus animais. “Hoje as pessoas penalizadas pagam multa e prestam serviço comunitário. O abandono é considerado crime, mas a penalidade é muito branda. Além de doenças, um animal na rua pode provocar acidentes graves”. 
Ele lembra que em algumas cidades do Brasil, o crime de maus tratos a animais já é punido com prisão, além de multa. “Esse movimento vai chegar em Brusque e faremos o possível para que o máximo de pessoas sejam mobilizadas para, realmente, mudar a situação. Porque do jeito que está não dá para ficar, o abandono de animais está fora de controle”.   
Outra medida que pode ajudar na solução do problema seria a parceria com a Secretaria de Saúde, por exemplo, aproveitando os agentes comunitários que estão frequentemente visitando as casas, para fazer o controle da população de animais, que não é feito em Brusque. Motivado, Moacir diz que as expectativas são as melhores possíveis. “Esperamos que, com o crescimento da cidade, e maior arrecadação em impostos, também consigamos obter mais recursos para trabalhos como esse”.  
Saiba mais sobre a Acapra

O que é
 Uma ONG (Organização Não Governamental), sem fins lucrativos. Trabalha pela conscientização das pessoas em relação à posse responsável (saber como cuidar dos animais, não abandoná-los, castrá-los para evitar o aumento da população) e dá auxílio em casos graves (como em atropelamentos e doenças graves).
Onde fica
 A Acapra não tem sede nem abrigo próprio, mas sua casa pode ser a casa temporária de um animal, até que a Acapra encontre alguém que queira adotá-lo.
Quem faz
20 voluntários, mas somente seis participam ativamente. 
Como funciona
Os animais ficam na casa dos voluntários até que estejam prontos para adoção. Os animais que precisam de tratamentos médicos e cirurgias são atendidos em clínicas parceiras, que dão desconto para o tratamento dos animais e um prazo maior para pagamento das despesas pela Acapra. Se o voluntário precisar de ajuda para alimentar o animal, a Acapra também ajuda com a ração.   
Como você pode ajudar
 – Adotando um cão ou gato;
– Sendo voluntário, disponibilizando sua casa para ser um lar temporário;
– Doando ração;
– Participando dos eventos realizados (feiras de doação de cães e gatos, bazar a cada seis meses e jantares);  
– Comprando camisetas, calendários e rifas da Acapra.
Mais informações em www.acapra.com.br ou pelo e-mail acaprabrusque@gmail.com