X
X

Buscar

Abandono: veja ponto a ponto como está a Cachoeira do Merico; prefeitura revela planos

Reportagem de O Município esteve no local que, por muitos anos, foi ponto de encontro das famílias de Brusque no verão

Por muitos anos, a Cachoeira do Merico, no bairro Cedro Alto, foi ponto de encontro das famílias de Brusque e região que aproveitavam os dias de sol e calor para se refrescar nas águas geladas e respirar o ar puro das árvores que emolduram a queda d’água.

Desde o início dos anos 2000, entretanto, a realidade no local é bem diferente. Ano a ano, a cachoeira, que é de propriedade da Prefeitura de Brusque, sofre com a falta de manutenção e o descuido, mesmo sendo um dos principais pontos de beleza natural da cidade.

A Associação de Moradores do Cedro Alto até tentou mobilizar o poder público para revitalizar o local e resgatar os tempos áureos da cachoeira, porém, sem sucesso. 

Cachoeira do Merico foi muito utilizada nos anos 80 e 90 | Foto: Bárbara Sales/O Município

Em 2018, O Município publicou reportagem que mostrava situação de abandono da cachoeira e também a tentativa de revitalização do espaço de lazer pelos moradores.

Na época, a ideia era fazer uma parceria com a prefeitura para garantir a manutenção e o uso seguro do espaço. Pela proposta, o poder público faria uma revisão e limpeza, enquanto a entidade ficaria com parte da área para realização de atividades comunitárias e auxiliaria na preservação do ambiente.

“Esta foi a última tentativa que fizemos para revitalizar o local. Como o poder público não deu respaldo eu desisti. Fiquei desde 2009 cobrando ações e nada aconteceu. O local é muito bonito, pena que quem pode fazer algo despreza esse que poderia ser um ponto turístico da cidade”, destaca Adilson Sapeli, presidente da associação na época. Hoje, a entidade, assim como a maioria das associações de bairros, está sem atividades e diretoria.

Cachoeira abandonada

Quase quatro anos depois, a situação da cachoeira não é muito diferente da encontrada pela reportagem em 2018. Toda a área, que um dia foi um espaço de lazer muito bem aproveitado pelas famílias da cidade, agora está tomada pelo mato.

Um vídeo publicado no YouTube em 2019 por Adalberto Kohler mostra como era a cachoeira em 1999. Situação bem diferente da atual.

A reportagem de O Município esteve na Cachoeira do Merico no dia 21 de janeiro, acompanhada por moradores do bairro e traz um panorama das condições do local. 

Vídeo no YouTube mostra como era o local há 23 anos | Foto: Reprodução

Os problemas ponto a ponto

Os problemas do local já iniciam na chegada. Sem nenhum tipo de sinalização, hoje só chega até a cachoeira quem conhece realmente o acesso.

Na estradinha estreita que leva até a cachoeira, o pontilhão de madeira está totalmente danificado. Os moradores relatam que muitos visitantes se arriscam e passam com carro ou moto pelo pontilhão, por isso, a preocupação é que um acidente ocorra no local.

Os que se arriscam, conseguem chegar de carro ou moto até bem próximo da cachoeira. O caminho também pode ser feito a pé. A estradinha de chão é bem tranquila e basta apenas poucos metros de caminhada para chegar até a pequena trilha que leva até a queda d’água.

Pontilhão está bastante danificado | Foto: Bárbara Sales/O Município
Entrada da cachoeira não tem sinalização | Foto: Bárbara Sales/O Município

Mato toma conta

Chegando próximo à cachoeira, o visitante se depara com uma estrutura de concreto que um dia já foi uma piscina. O espaço foi construído por um morador que cuidava do local, mas há alguns anos, a prefeitura solicitou que fosse desativado. Hoje, o mato cresce e toma conta da estrutura. Nas proximidades, também é possível notar o lixo deixado pelos visitantes.

Antiga piscina está tomada pelo mato | Foto: Bárbara Sales/O Município
Vista da piscina pela trilha que dá acesso a cachoeira | Foto: Bárbara Sales/O Município

Trilha pra chegar na cachoeira

Logo após a antiga piscina, o visitante precisa subir uma pequena trilha para chegar até a cachoeira. Parte do local conta com uma escada de concreto para facilitar a subida, que também está cercada pelo mato.

Trilha conta com escada de concreto para facilitar a subida | Foto: Bárbara Sales/O Município

Ruínas

Ao final das escadas, o visitante chega na área onde antigamente funcionava o quiosque com bar e lanchonete. Do antigo quiosque resta somente a fundação de concreto, também com parte encoberta pelo mato. Para chegar até a cachoeira, o visitante precisa andar mais alguns metros por uma trilha pelo mato.

Local onde antes funcionava lanchonete está tomado pelo mato | Foto: Bárbara Sales/O Município
Apenas as ruínas das construções permanecem | Foto: Bárbara Sales/O Município

Complexo abandonado

Chegando na área da cachoeira, apesar de toda a beleza natural, o aspecto é de abandono. Já do lado direito, é possível perceber uma estrutura de concreto que foi construída para ser uma espécie de tobogã. A estrutura, que leva até a parte de baixo da cachoeira, está bastante danificada, com muito lodo. Lá embaixo, algumas partes já estão destruídas. Apesar disso, alguns visitantes ainda se arriscam e a utilizam. Do lado esquerdo, há um tobogã de concreto menor, que também está deteriorado. 

Estrutura de concreto está bastante deteriorada | Foto: Bárbara Sales/O Município
Segundo tobogã também está bem danificado | Foto: Bárbara Sales/O Município
Muitos visitantes utilizam o tobogã, mesmo estando em péssimas condições | Foto: Bárbara Sales/O Município

Ponte

A ponte que dá acesso ao outro lado da cachoeira é uma das estruturas mais danificadas do local. Toda a proteção lateral da ponte, feita com arame, está enferrujada. Em alguns pontos, o arame está completamente destruído, deixando a ponte sem proteção.

Arames da ponte estão enferrujados e danificados | Foto: Bárbara Sales/ O Município
Ponte é usada para atravessar para o outro lado da cachoeira | Foto: Bárbara Sales/O Município
Ponte está em uma das áreas mais bonitas da cachoeira | Foto: Bárbara Sales/O Município

Mesas e bancos

Ao longo de toda a área, há espalhados pedaços de mesas e bancos de concreto que foram construídos para acomodar os visitantes. Hoje, alguns bancos estão encobertos pelo mato e outros destruídos. É bem difícil conseguir utilizá-los atualmente.

Várias mesas e bancos estão espalhadas pelo local, mas difíceis de serem utilizados | Foto: Bárbara Sales/O Município

Lixo

Em alguns pontos da área de lazer é possível perceber o lixo deixado pelos visitantes. Moradores das proximidades da cachoeira reclamam também do local ser usado como ponto de consumo de drogas. De acordo com eles, frequentemente é possível observar grupos consumindo drogas, o que torna o local inseguro.

Lixo está espalhado em vários pontos | Foto: Bárbara Sales/O Município
Bárbara Sales/O Município

O que diz a prefeitura

A atual responsável pela Cachoeira do Merico é a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo. O secretário Ademir José Jorge afirma que a intenção da prefeitura é repassar o espaço para a iniciativa privada.

“Queremos abrir uma concessão de uso do local. Esta é uma cachoeira muito tradicional da cidade, tem um espaço muito bom e pode ser muito bem aproveitada. A intenção é atrair investidores que queiram fazer um restaurante ou uma pousada e assim atrair turistas para aquela região”.

Área da cachoeira tem 63 mil metros quadrados | Foto: Bárbara Sales/O Município

De acordo com ele, o edital para concessão de uso do local deve ser lançado ainda neste ano. “O prefeito já nos deu sinal verde e agora queremos levar isso adiante. Esse ano com certeza o edital será lançado”.

O secretário reconhece as condições precárias do espaço e, a curto prazo, afirma que vai solicitar uma limpeza. “Vou solicitar uma força-tarefa de limpeza no local para tornar a cachoeira mais segura. Sabemos que muitas pessoas ainda frequentam e acaba se tornando um local perigoso”.

A cachoeira

A cachoeira leva o sobrenome do ex-prefeito de Brusque, Alexandre Merico. Moradores do bairro contam que foi durante seu mandato que a cachoeira foi comprada e se transformou em uma área de lazer pública, de responsabilidade da prefeitura.

Moradores contam que ex-prefeito Alexandre Merico caiu do topo da cachoeira | Foto: Bárbara Sales/O Município

Ainda de acordo com os moradores, a cachoeira ficou conhecida pelo sobrenome do ex-prefeito porque na década de 1970, quando avaliava a compra da área, Merico subiu até o topo, escorregou e caiu lá de cima. Ele ficou bastante machucado, chegou a ser levado para o hospital e após se recuperar, concretizou a compra. O local, então, ficou conhecido como a cachoeira do Merico.