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Abertura de novas empresas em queda

Especialista aponta a redução ao contexto econômico, que tem assustado novos empreendedores

Nos últimos três anos, Brusque registrou queda gradual na abertura de novas empresas. Enquanto que em 2012, 1.106 novos empreendimentos foram criados, em 2014 foram apenas 841. Ou seja, queda de 23,9%.
Por outro lado, o número de empresas que fecharam as portas nos últimos três anos também diminuiu. Em 2012, 246 estabelecimentos encerraram as atividades. Em 2013, aumentou para 326 e, em 2014, reduziu para 244.

Os dados, tanto das aberturas quanto dos fechamentos, são considerados normais pela secretaria da Fazenda do município. A titular da pasta, Maria Stella Geisel Santos, afirma que as variações são reflexos da economia.

“O que consideramos é que Brusque tem uma média estável de abertura e de encerramento de empresas. Permanecendo entre 900 empresas abrindo e 300 empresas fechando anualmente, nós conseguimos manter um equilíbrio. E esses números estão dentro do previsível e do esperado para o mercado e para a economia”, diz.

A secretária afirma ainda que a queda não representa um desestímulo aos novos empreendedores de Brusque. Ela enfatiza a questão do enfraquecimento do mercado e da economia nacional dos últimos anos para explicar os dados.

“O número assustaria apenas se extrapolassem os 800 na questão das aberturas ou fosse muito superior a 300 na questão dos fechamentos. Como a economia está mais fragilizada, é normal”.

Assim como Maria Stella, o especialista em engenharia econômica e em gestão empresarial e professor da Univali, Crisanto Soares Ribeiro, também considera normal a queda dos últimos três anos. A explicação é semelhante à da secretária da Fazenda: reflexo do contexto econômico.

“Com a crise financeira desses últimos anos e com a repercussão dela nos meios de comunicação, o novo empreendedor se assusta. Agora, ele prefere permanecer na condição de trabalhador em uma empresa em vez de abrir a sua própria. Ele não quer correr risco. Prefere esperar para investir”, explica.

Antigamente, em decorrência da falta de oportunidades empregatícias, as pessoas arriscavam-se mais na abertura de estabelecimentos próprios pois precisavam “sobreviver”. Agora, com maiores e melhores oportunidades, o possível empreendedor segura o bolso e analisa as condições do mercado antes de investir. É o que afirma o professor. Ele lembra também que estudos mostram que no Brasil muitas empresas fecham as portas em apenas três anos de atuação.

A fragilidade econômica do país apontada pelo especialista, porém, não intimidou o Grupo Cativa, que atua na área de vestuários. Em outubro do ano passado, a rede abriu uma filial em Brusque. O estabelecimento soma-se a outros três abertos no mesmo período em outros municípios de Santa Catarina e do Paraná. De acordo com a assessoria de empresa do grupo, a escolha das cidades está relacionada ao plano de expansão do varejo e ao potencial de compra dos moradores.

Expectativa para 2015

As projeções da secretária da Fazenda para o decorrer deste ano não são diferentes das apresentadas em 2014. O número de aberturas e de fechamentos deve ser semelhante e a economia deve continuar desacelerada.

“Sempre temos a expectativa de melhorar a situação no ano seguinte Porém, conforme vemos nesses três anos, esse número deve se manter na média em 2015. Assim, conseguiremos manter uma estabilidade dentro do mercado”, diz.

Para o especialista em engenharia econômica e em gestão empresarial e professor da Univali, 2015 será um ano de ajustes não só a nível de governo como também dentro das próprias empresas:
“Principalmente o micro e o pequeno empreendedor terão de ter muita organização para competirem com o mercado e para não terem de encerrar as atividades. Com o cenário mais competitivo, os problemas de gerenciamento virão à tona. Por isto eles terão de se reorganizar internamente. Terão de buscar o melhor desempenho operacional e terão de analisar os custos das atividades”, afirma.