João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Abolição da Escravidão e a “Princesa Perfeita”

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Abolição da Escravidão e a “Princesa Perfeita”

João José Leal

No próximo domingo, 13, a Lei Áurea estará completando 130 anos. Sua promulgação encerrou o sinistro tempo da escravatura em nosso país, que começou na década de 1530, com o tráfico de negros do continente africano para sustentar a atividade açucareira no nordeste. Depois, veio o tenebroso trabalho nas minas de ouro para enriquecer a pequena aristocracia colonial brasileira e sustentar os cofres da coroa portuguesa. Não se deve esquecer, ainda, que as poucas famílias abastadas daquela época não podiam viver sem o trabalho escravo nas lides domésticas.

Foi, realmente, um período de crueldade, de tortura, de opressão, de maus-tratos, de extrema violência e injustiça contra seres humanos trazidos à força do continente africano. A política escravocrata praticada durante mais de 300 anos aviltou e deixou marcas profundas na população negra de nosso país. Por isso, a nação brasileira tem uma dívida social enorme para com os nossos irmãos afrodescendentes.

O tempo passa e os fatos históricos vão sendo guardados na gaveta do esquecimento. Domingo, talvez, poucos lembrem do tormentoso e cruel tempo da escravidão. A imprensa, possivelmente, fará alguma referência ao importante fato que foi a abolição da escravatura no Brasil. Antigamente, parecia diferente. Basta ver o destaque que o jornal brusquense O Progresso deu à abolição da escravidão, publicando extensa nota na sua edição de 08 de maio de 1929.

O texto da nota, marcado por um profundo mas exagerado sentimento de respeito, de reconhecimento e gratidão à princesa abolicionista, afirma que nenhuma personalidade da história brasileira “se compara em glória, heroísmo, abnegação, santidade e sacrifício à Princesa Dona Isabel, a Redentora, sagrada no Instituto Histórico como “Anjo da Liberdade”.

Ao final, o entusiasmado jornalista escreve que a abolição da escravatura custou à Princesa “a perda do trono e o exílio para o resto da vida terrena”. Mas, enfatiza que “Sancionando a lei de 13 de Maio de 1888 e libertando todos os escravos, Isabel, a Princesa Perfeita, merece reinar no coração da Pátria eternamente”.

Como se vê, tempo passou. Hoje, a Princesa Isabel parece esquecida na memória dos brasileiros. Porém, não podemos nós esquecer que o trabalho escravo ainda subsiste. Por isso, é preciso combater a sua prática, ainda que dissimulada ou disfarçada.

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