Ação inusitada de brusquenses para educar os filhos repercute nas redes sociais
Marcos Deichmann e Janete Mafra criaram a "camiseta da união" para Guilherme e Letícia
Típicas entre irmãos com pouca diferença de idade, as brigas exigem atenção e jogo de cintura dos pais. Para acalmar os ânimos e ensinar os filhos sobre a importância do convívio em harmonia, eles precisam, por vezes, improvisar e usar a criatividade. Foi o que fez o casal de brusquenses Marcos Deichmann, de 38 anos, e Janete Mafra, de 36.
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Eles elaboraram a “camiseta da união” após as constantes brigas entre os filhos Guilherme, de 7 anos, e Letícia, de 5. A ideia gerou repercussão nas redes sociais e a imagem em que as crianças aparecem vestindo a peça – postada por Marcos no Facebook – foi compartilhada por quase 12 mil usuários.
“Achei que eu estivesse com vírus no Facebook quando comecei a receber muitas solicitações de amizade e notificações. Cheguei a receber mais de três mil solicitações, então só aí fui saber que a foto foi parar em outras páginas do face e também no Instagram. Tive solicitação do Amazonas, do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro. De todos os cantos do país”, diz.
Técnico em radiologia e coordenador do Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) do Hospital Azambuja, Marcos conta que a ideia de criar o método partiu de sua esposa. Janete, inclusive, foi quem escreveu as regras na camiseta, que era do pai de Marcos.
“O Guilherme e a Letícia brigam bastante e queríamos algo para eles aprenderem a conviver melhor, tipo como um castigo educativo. Então minha esposa teve essa ideia de fazer a camiseta, colocar neles e deixar cada um com um braço de fora para eles aprenderem a se ajudar”, conta.
Guilherme e Letícia passaram boa parte da tarde de quinta-feira passada, 16, usando a camiseta em casa. Segundo Marcos, eles tiveram de fazer as tarefas do dia auxiliando um ao outro.
“Eles até tiveram que se ajudar para brincar. O importante é que a nossa metodologia funcionou. Agora eles estão convivendo melhor um com o outro e até acharam engraçado ter que vestir. O crédito é todo da minha esposa. Ela conseguiu rever esse quadro de briga”, afirma o pai.
Atriz compartilha
A repercussão nas redes sociais foi ainda maior porque páginas conhecidas, como O Melhor do Brasil, que tem cerca de 300 mil curtidas no Facebook, e Nazaré Amarga, que tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram, também postaram a foto das crianças usando a camiseta.
Na página do O Melhor do Brasil, a imagem dos filhos de Marcos teve 24 mil curtidas e quase 50 mil compartilhamentos. Já na página Nazaré Amarga, a foto teve 38 mil curtidas. Além delas, a atriz Nivea Stelmann também postou a imagem em seu Instagram – o que gerou mais de quatro mil curtidas. Na postagem, a atriz disse que “amou” a ideia. Em relação a esses compartilhamentos, Marcos afirma que jamais imaginou que aconteceriam.
“Eu achei legal. Foi uma ideia divertida dentro de casa para tentar resolver uma situação e acabou servindo de exemplo para outras famílias. As pessoas mandaram bastante mensagens. E todas elas são bastante positivas, não recebemos crítica alguma”, conta o pai.
Pedagoga aprova
Segundo a pedagoga especialista em orientação educacional e mestre em psicologia da educação, Marialva Spengler, os pais mostraram atenção e compromisso ao optarem por “uma forma alegre e descontraída” para resolver o conflito e trabalhar valores e princípios que, para Marialva, estão sendo esquecidos na educação dos filhos.
“Esses pais devem ter esgotado as tentativas tradicionais de resolver a situação de conflito entre os filhos e criaram uma estratégia nova que merece crédito e observação para ver como funciona”, diz. “Os pais devem conversar muito com os filhos, vigiar seus comportamentos e atitudes, mas nunca expô-los ao ridículo, o que eu acredito que não foi o caso desses pais da camiseta”, completa.
Ainda de acordo com Marialva, a briga entre irmãos é natural. Ela diz que pais sempre devem “ficar de olho” e apenas intervir quando os filhos não conseguem se entender e acabam se agredindo verbalmente e fisicamente. Para a pedagoga, o diálogo é o melhor caminho para resolver os conflitos.