Acibr diz que conseguiu segurar redução de impostos sobre produtos importados
Para garantir que alteração não seja realizada, entidades pretendem se reunir com o ministro da Economia
A Associação Empresarial de Brusque (Acibr) realizou uma reunião para mostrar o posicionamento contrário da indústria têxtil e de confecção diante do pedido da Associação Brasileira do Varejo (Abvtex) para redução de tributos de produtos importados. Com as tentativas de barrar o pedido da Abvtex, até o momento as entidades conseguiram segurar a alteração.
De acordo com Rita Cassia Conti, presidente da Acibr, o próximo passo será marcar uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes e, posteriormente, uma reunião com a frente parlamentar em Brasília.
No dia 29 de dezembro de 2019, a Abvtex entrou com um pleito em que pede a redução da alíquota da importação de quatro conjuntos de vestuários, sendo eles suéteres, pulôveres, cardigãs e outros, classificados como fibras sintéticas, algodão e etc.
A proposta da Abvtex reduz de 35% para 16% carga tributária de produtos importados e alega que a indústria de confecção nacional não tem condições de fornecer tais artigos em “quantidade, qualidade, preço e diversidade exigidos”. O pedido da Abvtex surpreendeu não só pela porcentagem de redução, mas também pela data em que foi registrado.
A entidade é formada pelos grandes magazines do país como Renner, Riachuelo, Pernambucanas e demais lojas.
A Acibr defende a bandeira de igualdade entre o mercado nacional e internacional, sem pedir privilégios ou vantagens. Rita explica que já foi até São Paulo para se reunir com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), que está capitaneando o movimento a nível nacional.
“Somos um polo muito importante pois somos produtores fortes dentro desta cadeia. Entendemos que isso está contramão, contra nosso empregos, contra nossas indústrias”.
Rita diz que a associação quer lealdade no sentido de entregas corretas com o mesmo percentual de alíquotas. Ela enfatiza que a alteração nos impostos de importação destes produtos pode gerar desempregos. “Não estou fazendo terrorismo, no bom sentido, mas estou colocando algo muito concreto porque realmente vai afetar muito a nossa região”.
Segundo ela, a produção têxtil e de vestuário ainda é responsável por grande parte da economia da região. Ela destaca que a diminuição dos impostos para importação afetará a cadeia como um todo, não só a confecção e vestuário, mas o têxtil e malharia.
“Trazendo produtos de fora com o preço muito mais barato e não sendo competitivos conosco, não tem como competir. Somos a favor da globalização e de negócios em nível internacional. Somos a favor da diminuição da carga tributária, temos que pensar na reforma tributária. Temos que ser internacionais, mas temos que defender essa geração de empregos e essa indústria que é tão importante na nossa região” pontua.
O presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (AmpeBr), Ademir José Jorge, destaca que as entidades estão defendendo o seu setor. “Economicamente, Brusque tem uma representação muito grande na cadeira têxtil e de vestuário. Muitos empregos e empresas dependem do setor, estamos lutando sim e achamos desleal o que a Abvtex está reivindicando”.
Sobre a justificativa de que a qualidade e capacidade de produção, Ademir afirma que isso não procede. Ele também destaca que a Abvtex fala em nome dos grandes magazines, mas que com a redução dos impostos, grandes importadores do país também poderão trazer os produtos.
Marcus Schlösser, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Malharia e Tinturaria de Brusque, Botuverá e Guabiruba (Sinfitec) diz que a alegação de não existir produção suficiente para atender a demanda é contraditória.
“Esse jogo, quando tratamos de alíquota, não é um jogo para amadores. Vemos da forma como isso está acontecendo, no período em que aconteceu, os interesses que estão em jogo nos levam a ficar atentos”, finaliza.