Acusado de matar ciclistas diz que usou enxaguante bucal e não estava bêbado em Joinville

Acidente aconteceu em outubro do ano passado

Acusado de matar ciclistas diz que usou enxaguante bucal e não estava bêbado em Joinville

Acidente aconteceu em outubro do ano passado

Em depoimento à Vara do Tribunal do Júri da comarca de Joinville nesta quarta-feira, 2, Carlos Batista Bento, acusado de matar duas ciclistas no bairro Jardim Paraíso, alegou que não estava embriagado no momento do acidente. De acordo com ele, o bafômetro teria detectado presença de álcool em seu corpo por ter usado enxaguante bucal momentos antes da colisão.

O réu, de 23 anos, diz que no dia do acidente, em outubro do ano passado, estava indo buscar a esposa e nega ter parado em um bar antes de atingir as mulheres com o veículo Kia Soul.

No dia do acidente, de acordo com informações que constam nos autos do processo, o condutor do veículo apresentava, conforme o teste de bafômetro, 1,04 miligrama de álcool por litro (mg/l). Além disso, na abordagem dos policiais, ele estaria desorientado e apresentava dificuldades de permanecer em pé.

Adriana Dias Moreno, de 44 anos, mãe da ciclista Thais Dias Gonçalves, de 25, atingida pela veículo, lembra que não estava no local, mas conta que um policial e pessoas que moram na região explicaram a ela que o motorista apresentava sinais de embriaguez e que tinha dificuldades para se manter em pé.

Desempregada, agora é responsável por cuidar dos três netos, filhos de Thais. Ela diz não acreditar na versão de Carlos. “Se um enxaguante bucal faz isso, não deixarei mais meus netos usarem”, lamenta, em tom irônico.

A mulher pede justiça. “Ele precisa cumprir pena, o que fez foi muito grave”, reflete.

Enxaguante bucal pode influenciar no bafômetro?

De acordo com Adriano Fiamoncini, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina, a justificativa do acusado não faz sentido. “O bafômetro apresentava três vezes mais o número que configura o limite de álcool aceitável, que é de 0,33 mg/l”, explica.

Ele ainda cita que essa é uma fala comum nestes casos. “Pessoas inventam ideias como bombom de licor, remédios, entre outros”, cita. Porém, de acordo com Adriano, nestes casos, a quantia não ultrapassa o limite aceito pelo aparelho, que é de 0,03 mg/l.

O que diz a defesa

Divulgação

Em contato com o jornal O Município Joinville, o advogado do motorista, Sérgio Simas, critica que não foi oferecido um exame de contra-prova para Carlos. “Ele não sabia que tinha direito. Deveria ser feito após 20 minutos, mas não foi”, ressalta.

Entretanto, um dos policiais militares que estava na ocorrência e prestou depoimento ao TJ-SC, afirma que os agentes de segurança ofereceram o novo teste, porém, foi recusado pelo condutor do veículo.

Motorista teria fugido por medo

Carlos explica que, após o acidente, fugiu do local, sem prestar socorro às vítimas, porque foi ameaçado de agressão física e morte por moradores da região. “Me apavorei”, disse durante o interrogatório da juíza Regina Aparecida Ferreira. Dias depois, ele foi para São Gabriel (BA), cidade onde nasceu, por medo.

A afirmação foi confirmada pelo policial militar que esteve no local. “Os moradores desejavam agredir o acusado logo após o acidente, com o risco de linchamento”, ressalta.

Defesa diz que acidente foi por descuido

Para o advogado de defesa do acusado, Sérgio Simas, é possível que o acidente foi causado por um descuido envolvendo um aparelho de telefone. “Ele teve uma distração muito grande por causa de um celular. É o que foi falado a mim”, comenta.

Sérgio ressalta que o caso se trata de um acidente, no qual o condutor não teve intenção de matar as mulheres. “Ninguém atropela pessoas porque quer. Foi uma tragédia”, finaliza.

Prisão preventiva

Detido no município de Jussara, comarca de Irecê, na chamada zona da caatinga do estado da Bahia, o acusado foi preso em janeiro deste ano, após três meses foragido.

O suspeito chegou a ser preso na época do acidente, mas foi liberado sob a condição de pagar fiança.

Com denúncia já apresentada pelo Ministério Público (MP-SC), ele responde por dois homicídios com dolo eventual, que ocorre quando o agente assume o risco de produzir o resultado. Isto porque, segundo as investigações, o motorista estava dirigindo embriagado.


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