Adestrador conta experiências em circos do Beto Carrero
Telmo Oliver trabalhou em fazendas e circos, por 18 anos, com o empresário Beto Carrero
Um jovem de 21 anos que limpava cocheira de cavalos, em Gaspar, em 1983, não imaginava que aos 54 anos teria viajado o mundo em apresentações de circo como adestrador de animais. Esse é o resumo da história de Telmo Oliver, nascido em Taió, no Vale do Itajaí, que mora em Brusque desde 2012 e é sócio do Circo Olliver Carminatti, ao lado da Arena Brusque.
Em 1978, a família de Oliver se mudou de Blumenau, onde moravam, para serem caseiros numa fazenda às margens da rodovia Governador Jorge Lacerda, em Gaspar. Deste ano até 1983, ele ajudava o pai a tirar leite das vacas e também trabalhava na antiga Ceval. Aos fins de semana, sua diversão era montar a cavalo.
Nesta época, o homem, que posteriormente seria o proprietário do maior parque temático do mundo, João Batista Sérgio Murad, o Beto Carrero, comprou a fazenda em que Oliver vivia. O local, destinado ao adestramento de cavalos, em seguida recebeu muitos animais e adestradores de referência do mundo, como o indiano Patiagi Somopalla Peires, o Dom Peires; e o chileno Jorge Farfan, ambos já falecidos. Foi com eles que Oliver aprendeu tudo o que sabe sobre adestramento.
O jovem, que pensava que continuaria apenas a amansar cavalos e lavar cocheira, começou a se apaixonar pela arte de domar, e com os ensinamentos dos mestres logo começou a executar com perfeição técnicas básicas do adestramento: a doma em liberdade e a alta escola em adestramento (montado).
Circos pelo mundo
De 1983 a 1987, Beto Carrero começou a adquirir circos pelo Brasil, como o Monte Carlo. Para que as apresentações encantassem o público era necessário muito treinamento, e neste período Oliver já estava habilitado para viajar nas apresentações. Foram muitos espetáculos em solo brasileiro – de Bagé (RS) ao Rio de Janeiro, até Minas Gerais. Teve eventos também em outros países da América do Sul.
De 1987 a 1989, Beto Carrero construiu a primeira cidade cinematográfica na região, em Balneário Camboriú, na antiga Companhia de Turismo e Empreendimentos de Santa Catarina (Citur), onde hoje é a Santa Catarina Turismo (Santur). E Oliver também estava junto neste projeto.
“Foi muito aprendizado. Além dos mestres nos ensinarem e morarem na fazenda, eles compartilhavam as histórias de fora (outros países) com a gente. Eles nos mostravam vídeos com as técnicas praticadas em outros lugares, pois até então eu não sabia nada. Foi tudo isso que me encantou. Eu me apaixonei e a cada dia envolvido com os cavalos e com eles, eu tinha certeza que queria seguir fazendo isso”, afirma Oliver.
Beto Carrero World
Em 1991, o parque Beto Carrero World foi inaugurado em Penha. Oliver foi para lá e continuou desempenhando a sua função de adestrador de cavalos. Porém, ele não se adaptou ao município e em menos de um ano retornou para a fazenda em Gaspar. Neste período, dezenas de alunos, iniciantes em adestramento, passaram por suas mãos. Oliver ensinava números específicos, para que eles pudessem executar nas apresentações de circo, tanto no parque, como nas apresentações itinerantes pelo Brasil e na América do Sul.
Adestramento de cães
Em 1998 outro desafio norteou a vida de Oliver. Ele conheceu em Gaspar o adestrador de cães russo Valery Tsoraeu, e a paixão por ensinar cachorros, que ele chama de “artistas”, tomou conta dos seus dias. O primeiro número que Oliver aprendeu foi o do Dálmata que anda de bicicleta. Essa técnica foi apresentada por ele em circos e também em alguns programas de televisão do Brasil.
Após esse período, que encantou Oliver, ele se desligou em 2001 das atividades voltadas ao adestramento de animais do Beto Carrero. Foram 18 anos de trabalho intenso, de muitas viagens e de aprendizado, que Oliver define como “experiências únicas”.
Após deixar Gaspar, Oliver ainda fez uma faculdade. Hoje, ele é formado em Direito. Em 2012, mais um sonho construído: o brusquense de coração, juntamente com o amigo Luis Carminatti, abriu um circo no município, ao lado da Arena Brusque. Além das apresentações ao público com técnicas de trapézio, laços, entre outras, são disponibilizadas aulas para estudantes da rede municipal. Também são ministradas aos alunos da Apae a Cinoterapia – uma terapia que tem como diferencial o uso de cães no tratamento físico, psíquico e emocional de pessoas com necessidades especiais.
“Tudo o que vivi nestes anos caiu de paraquedas. Me tornei um apaixonado pelo adestramento, tanto de cavalos como cachorros – eles são artistas. O Beto Carrero me proporcionou grandes e únicos momentos. Um dia eu estava num local, em outro dia, em outro. Nunca imaginei que conheceria tantos lugares, tantas pessoas. Um menino que tirava leite e limpava cocheira que ganhou o mundo”, diz Oliver.
Adestramento em cavalos
O adestramento em cavalos é divido basicamente em liberdade – quando o adestrador fica no centro dando os comandos ao animal, sem que ninguém o monte. A alta escola em adestramento ou montado, é ao contrário – é quando o adestrador monta em cima do animal. Nas duas formas, o cavalo é ensinado a dançar, rodar e empinar.
O salto capriole é uma das principais técnicas aprendidas na alta escola. O salto mostra força, velocidade e obediência do animal. O profissional que não consegue ensinar a técnica ao cavalo não pode ser intitulado de adestrador.
“Tudo o que vivi nestes anos caiu de paraquedas. Me tornei um apaixonado pelo adestramento. Um menino que tirava leite e limpava cocheira que ganhou o mundo”
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