Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Advento: tempo de esperança

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Advento: tempo de esperança

Pe. Adilson José Colombi

Domingo passado, dia 01/12, iniciava o tempo litúrgico do Advento. Tempo de olhar o Eterno. Tempo, portanto, de confrontar a nossa vida do dia a dia, vida que passa com a vida que não passa. Tempo da chegada de Alguém. Advento, palavra derivada do latim “adventus”, que significa “chegada” ou “vinda”. Para os romanos, era o tempo em que se aguardava a chegada de alguém importante a uma aldeia ou cidade. Tempo de preparação, de expectativa. A Igreja se serve desta palavra para designar, justamente, o tempo de preparação e de expectativa do Natal, Memorial do nascimento do Menino Jesus, em Belém de Judá.

Com o Advento, a Igreja inicia um novo ano litúrgico. É o Ano C da Liturgia Católica. Neste ano, é o evangelista Lucas quem nos orienta nas celebrações da Liturgia e na espiritualidade do Advento. São quatro semanas de expectativa pela vinda do Senhor com sua proposta redentora, onde a esperança de libertação é renovada e atualizada nas celebrações e na vida cristã de cada cristão (ã) e da comunidade eclesial.

O Advento é celebrado em duas dimensões. Nas duas primeiras semanas, o “Advento Escatológico” (Escatologia= referimento a consumação de todas as coisas no final dos tempos) que celebra a vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos e o “Advento Natalino” que visa à celebração do Natal histórico na gruta de Belém. Este Natal histórico não é a mera celebração do fato histórico de Belém, como se fosse a comemoração do aniversário de nascimento de Jesus. Mas aqui, vai além do fato histórico. Por isso, não se leva em conta, apenas, o fato histórico em si, mas a contínua atualização do conteúdo do acontecimento de Belém: a efetivação real da promessa de libertação do Pai, na Pessoa de seu Filho Jesus, do Povo de Deus. É esta atualização da libertação, da redenção, da salvação que Jesus conquistou que é celebrada para ser vivida, hoje, por todos os que, com fé, acolhem e seguem o Deus\Menino, nascido em Belém. “E o Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14).

Esta é a verdade de fé que o Advento nos recorda e nos apresenta para vivê-la sempre mais intensamente. Verdade que, como seguidores (as) de Cristo, somos chamados a traduzi-la em gestos e atitudes de justiça, de acolhida misericordiosa, de perdão, de amor. Pois, seremos julgados, no final de nossos dias, pelo amor misericordioso do Senhor, por estas atitudes e gestos efetivos que praticamos em vida ou deixamos de praticá-los, omitindo-nos. Este será o nosso Natal verdadeiro: nascemos para o Senhor para sempre.

Boa proposta de preparação do Natal, portanto, vivência do tempo pode ser dar mais espaço a leitura, a escuta, a meditação da Palavra de Deus; repartir a vida e a vivência da fé com outras pessoas; reviver alguns valores cristãos essenciais no seguimento de Cristo, como a vigilância, a conversão, a pobreza, a esperança, o amor efetivo ao irmão (ã) necessitado (a), o perdão. Todavia, não “envernizemos” a preparação do Natal, apenas, com alguns gestos magnânimos em favor de “algum natal dos pobres”. Seria uma “pobre preparação” da Vinda do Menino/pobre de Belém. Seria baratear o Advento.

Por isso, para superar estas atitudes genéricas, elencarei algumas medidas práticas ou atitudes que podemos exercitar, com mais esmero e intensidade, no tempo do Advento. Por exemplo: aprimorar a atitude de acolhida do Senhor, nas pessoas que encontramos em nossos diversos ambientes que frequentamos; exercitar a atitude de renovação de vida, revisando nosso estilo de vida em todas as suas dimensões e realizar a conversão, de fato, na celebração do Sacramento da Reconciliação; reforçar a atitude orante, incluindo momentos de oração mais intensa no planejamento do dia; tornar efetiva e presente a atitude de caridade cristã por meio de gestos de solidariedade, fraternidade, doação de si de maneira desinteressada e gratuita em favor dos mais necessitados, sinalizando que a caridade é a essência do ser e do agir cristão.

 

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