Advogado brusquense acusa Assembleia de Deus de relacionar feminismo à pedofilia em cartilha
The Intercept Brasil publicou reportagem com conteúdo enviado por brusquense
The Intercept Brasil publicou reportagem com conteúdo enviado por brusquense
A Igreja Assembleia de Deus de Blumenau (ADBlu) foi protagonista de uma reportagem do The Intercept Brasil nesta terça-feira, 20, produzida a partir de um material enviado pelo advogado brusquense Artur Antunes. Uma revista distribuída na escola bíblica dominical relaciona o feminismo à pedofilia, critica a “ideologia de gênero” e afirma que não é possível ser evangélico e de esquerda.
O material foi distribuído nas igrejas Assembleia de Deus do Vale do Itajaí no trimestre entre julho e setembro. Conforme consta na reportagem, o advogado brusquense já frequentou a igreja e ficou indignado com o teor da revista.
“O objetivo disso, junto com o que é dito durante os cultos, é consolidar a imagem de Bolsonaro junto aos fiéis como o único candidato possível para os cristãos. Ao mesmo tempo, associa o Lula a todas essas fake news e a assuntos que preocupam muito os religiosos”, afirmou Artur à reportagem.
O material tenta associar o movimento feminista também a crimes como zoofilia, além de pedofilia. Além disso, a revista “culpabiliza” o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva e o PT por fortalecerem movimentos LGBTQIA+.
No texto de abertura, o pastor Lediel dos Santos, vice-presidente da ADBlu, incita que é “impossível não enxergar que estamos em uma grande e intensa batalha”. Ele é sobrinho do deputado estadual Ismael dos Santos (PSD), candidato a deputado federal.
“Mais do que nunca precisamos nos posicionar também no campo ideológico e político se queremos de fato edificar. Se o povo de Deus não buscar governar de acordo com os princípios bíblicos, alguém irá nos desgovernar. Esta é a hora de combater o bom combate”, reforça a passagem.
O pastor Lediel dos Santos afirmou que o jornal The Intercept Brasil distorceu o conteúdo da revista. Além disso, ele criticou o uso do termo “cartilha” para a revista bíblica. O material é produzido pela empresa dele, a editora Kaleo, e distribuído para outras igrejas da região.
“Todo trimestre fazemos uma nova, variando entre assuntos bíblicos e um tema interessante. Já falamos sobre a tecnologia e sobre os impactos do mundo digital nas famílias, por exemplo. Esse ano resolvemos falar sobre política, mas não tem nada que já não tenhamos falado na igreja nos últimos anos”, comentou.
Para o pastor, não há preconceito no conteúdo, apenas um viés bíblico dos assuntos. O propósito do material seria esclarecer os temas a partir dos princípios cristãos. Lediel ainda reforçou que o cristianismo e a esquerda são pensamentos opostos: “não tem como ser cristão e defender aborto ou ideologia de gênero”, justificou.
Questionado sobre a crítica envolvendo a propaganda política, ele negou que esse seria o propósito do conteúdo. Para Lediel, a revista apenas apresentava os princípios de cada partido. Papel, este, que ele acredita ser de cada pastor.
“Dizem que fé e política não combinam, mas somos seres íntegros. Também pagamos impostos e somos cidadãos. Nossa fé influencia todas as áreas da nossa vida. Consequentemente, quem escolhemos para governar nossas vidas. São falácias que precisam cair por terra. Tudo é política”, defendeu.
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