A necessidade de encarar o escritório de advocacia como uma empresa  é uma das lições que devem ser internalizadas pelos profissionais no mercado jurídico. É um entendimento perigoso crer que ao advogado cabe cuidar apenas das rotinas jurídicas, deixando as demandas administrativas a segundo plano.

Essa concepção é um engano que pode levar ao comprometimento, principalmente, da gestão financeira do escritório. Existe um roll de desafios a serem enfrentados para quem está a cargo dessa “missão”, sendo os principais deles saber separar finanças pessoais e do escritório, definir uma remuneração para si, calcular honorários advocatícios, entre outros pontos.

Combinação perigosa entre finanças pessoais e do próprio escritório

A separação entre as finanças pessoais e as da empresa é uma questão fundamental quando o assunto é gestão. Não existe gestão profissional de um negócio se as receitas do escritório se misturam às do advogado.

Para fugir dessa armadilha é necessário o mínimo de organização. O primeiro passo é trabalhar com contas bancárias distintas, nunca realizando movimentações financeiras de uma conta pessoal para receber ganhos do escritório ou para honrar compromissos financeiros com fornecedores, funcionários e afins. Essa é a única garantia de que as fontes das receitas e despesas serão conhecidas.

Depois de centralizadas as finanças do escritório em uma conta para pessoa jurídica, é hora de organizar a remuneração dos sócios do escritório. É preciso ter em mente que fazer a previsibilidade das retiradas é fundamental para manter um bom fluxo de caixa e garantir o custeio de todas as despesas.

Em geral, os sócios optam por um pró labore semestral ou bimestral, mas há quem prefira retiradas mensais. Independentemente de qual seja a escolha, é preciso que haja um bom planejamento para não comprometer as finanças do escritório.

Problemas para trabalhar com um bom fluxo de caixa

Outro desafio da gestão financeira no escritório de advocacia é a realização de um bom fluxo de caixa. Na prática, isso significa garantir que, mês a mês, as receitas do negócio chegarão na proporção necessária para cobrir todas as despesas e ainda remunerar os sócios. Trata-se, portanto, de um esforço de planejamento.

Para citar apenas um aspecto prático, é muito importante programar pagamentos para que eles não se concentrem em datas próximas. No caso de fornecedores e folha de pessoal, por exemplo, despesas de maior vulto, é interessante trabalhar com um pagamento no início de cada mês e outro ao final.

Estabelecer um fundo de reserva é outra forma de viabilizar um bom fluxo de caixa. Esse recurso garantirá que eventualidades não representem um desequilíbrio significativo nas contas do escritório.

Dificuldades para calcular honorários advocatícios

Mesmo para advogados mais experientes, calcular honorários pode ser uma dificuldade. Isso porque, a depender da forma como o valor da prestação de serviço é pago, fica difícil realizar um bom planejamento. No caso de porcentagens sobre êxito do cliente, por exemplo, o profissional inicia seu trabalho com todos os custos que isso envolve e não sabe ao certo quanto receberá ao final da tramitação do processo.

Para contornar pelo menos em parte esse tipo de imprevisibilidade, é interessante trabalhar com o recebimento de parte dos honorários para maioria dos casos acompanhados previamente ao início do trabalho, sendo que o melhor cenário, de fato, é o recebimento de honorários de forma mensal. Por esse arranjo, toda e qualquer gestão financeira é facilitada, afinal, os ganhos do escritório serão conhecidos antes do início da prestação de serviço.

A necessidade de se adotar postura empreendedora

Há um discussão recorrente no meio jurídico quanto à necessidade de os cursos de graduação ofertarem algum tipo de qualificação para os futuros advogados ainda em formação sobre questões que compreendam gestão do escritório de advocacia. Por enquanto essa competência não é trabalhada, fazendo com que muitos profissionais cheguem ao mercado sem o preparo necessário para liderar seu próprio negócio.

Ao mesmo tempo, essa falta de estímulo não deve servir de justificativa para quem já atua há bastante tempo e já se deparou com os desafios de empreender enquanto advogado. Com o problema já bem dimensionado, vale investir em qualificação em negócios para preencher essa lacuna na própria formação.

Software jurídico aplicado à gestão financeira

Como cuidar das finanças da própria empresa é uma tarefa desafiadora, contar com ferramentas que auxilie nessa tarefa é altamente recomendável. Para escritórios de advocacia, essa ferramenta é o software jurídico, que entre outras funcionalidades relacionadas à rotina jurídica, permite a centralização de informações sobre folha de pagamentos, dados de fornecedores, fluxo de caixa e muito mais.

Com acesso a todos esses dados em um mesmo ambiente inteiramente digital, que pode ser acessado por todos os advogados do escritório que tenham responsabilidade sobre alguma atividade administrativa, fica muito mais rápido e fácil gerir as finanças da empresa. Para melhor visualização de toda essa facilidade, é importante destacar que o software para advogados disponibiliza estatísticas de despesas a faturar por data de vencimento dos títulos, sinalizando em sua interface um lembrete com as datas dos vencimentos.

A incorporação de tecnologias como o software não deve ser encarada como gasto, mas investimento. O recurso conta com tudo que o gestor precisa para dar andamento à gestão financeira de forma simples e intuitiva.