“Agia de forma totalmente fria”, diz delegado Matusalém sobre suspeito de feminicídio no Dom Joaquim

Rosangela Aparecida de Oliveira foi morta a facadas no dia 30 de dezembro

“Agia de forma totalmente fria”, diz delegado Matusalém sobre suspeito de feminicídio no Dom Joaquim

Rosangela Aparecida de Oliveira foi morta a facadas no dia 30 de dezembro

Em entrevista ao jornal O Município nesta sexta-feira, 8, o delegado da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de Brusque, Matusalem Júnior de Moraes Machado, deu detalhes sobre a investigação do feminicídio de Rosangela Aparecida de Oliveira, de 34 anos, no dia 30 de dezembro de 2020, no bairro Dom Joaquim, em Brusque.

Segundo o delegado, no dia do crime a investigação já teve início, e além das testemunhas do local, a polícia conseguiu imagens do suspeito de 26 anos chegando e saindo da rua onde a vítima morava. O homem permanece preso preventivamente na Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque.

Machado informou que no interrogatório, o suspeito agiu de forma totalmente fria, “falou que nem sabia que ela tinha morrido, e que fazia muito tempo que não a via”, destacou.

De acordo com as alegações do suspeito, ele não estaria na casa noturna em Brusque, no mesmo local onde a Rosangela estava, e sim em uma confraternização de um time de rugby em São João Batista.

A polícia entrou em contato e identificou as pessoas que estavam na suposta confraternização. “Essas pessoas negaram que encontraram com ele e negaram que teria acontecido uma confraternização do time de rugby. Também disseram que tem mais de um ano que não encontram com o suspeito”, informou o delegado.

Mesmo com a alegação, Machado informou também que a polícia conseguiu imagens da casa noturna que mostram o homem, Rosangela e a testemunha que estava com ela no local. “Com isso, nós podemos confirmar que o suspeito mentiu durante o interrogatório”, ressaltou.

Os policiais conseguiram imagens de câmeras de segurança que identificam o autor chegando em casa por volta das 7h10, percebe que a casa está pegando fogo, e sai andando rápido até a saída do bairro. Cerca de 1h30 depois, as imagens mostram o homem retornando para casa.

As imagens mostram que ele estava usando o tênis azul, que foi apreendido pela polícia ainda no dia do crime com diversas manchas de sangue. Questionado sobre as manchas, o suspeito não soube explicar. “Solicitamos uma perícia para comparar o sangue do tênis com o DNA da vítima”, informou o delegado.

Leia também: 
– Filho da vítima ajudou PM a encontrar acusado de feminicídio em Brusque

Incêndio na casa do suspeito

No dia do crime, a casa do suspeito pegou fogo, no bairro Souza Cruz. O homem acusava a vítima de ter causado o incêndio na residência dele. Segundo Matusalem, não é possível confirmar que ela teria cometido o crime.

De acordo com ele, o veículo de Rosangela apareceu nas imagens das câmeras de segurança se aproximando da casa do suspeito, por volta das 4h50.

O carro fica no local por aproximadamente 23 minutos, e depois volta. Apesar disso, não é possível identificar quem estava no carro, pois ele só pode ser visto apenas passando pela rua.

O delegado destaca que a alegação de que a vítima ateou fogo na casa não justifica a atitude dele. “Acredito que ele tenha imaginado que foi ela e foi cometer o crime.”, comenta.

Rosangela já tinha histórico de violência com o suspeito. Foto: Divulgação

Histórico de violência

O suspeito tem passagem pela polícia por posse de drogas e agressão contra uma vizinha. O delegado pegou o relato de uma amiga de Rosangela, que indicou que ela foi agredida pelo homem no dia 21 de dezembro.

Segundo ela, que tem áudios da vítima contando o caso, eles saíram de uma festa e pararam em um posto de gasolina para comprar cigarro. Quando ela voltou, apanhou dele, pois ficou com ciúmes dos rapazes que olharam pra ela no local.

De acordo com a testemunha, a própria vítima disse que ele tinha ciúmes até do filho dela. Ela sugeriu para Rosangela entrar em contato com a polícia, fazer um boletim de ocorrência, mas a vítima não chegou a registrar o caso.

“Então fica caracterizado que se trata sim de feminicídio. Um homem possessivo, ciumento, que não aceita o contato da vítima com outras pessoas”, destaca Machado.

Depois do episódio, Rosangela não teria mais entrado em contato com o homem. Para o delegado, ele não aceitou o término e decidiu cometer o crime.

Intenção de matar

Machado informou que a vítima levou duas facadas, na região do ombro, próximo ao pescoço. “O laudo pericial não está pronto, mas pelo local e com a violência que ele aplicou os golpes, fica muito clara a intenção de matar”, comenta.

A polícia acredita que a vítima estava dormindo com as costas para cima, e ele a esfaqueou dessa maneira. O inquérito encaminhado será do crime de feminicídio e que impossibilitou a defesa da vítima. Se condenado, o suspeito pode cumprir pena de 12 a 30 anos.

Apelo às vítimas de violência doméstica

O delagado pede para que mulheres que são vítimas de violência doméstica “não deixem passar, registrem. Também é possível ligar no 180, é garantido o anonimato”.

“O índice de descumprimento de medida protetiva é bem baixo em Brusque. São poucos casos em que a mulher volta pra informar que o homem não cumpriu a medida e geralmente os que descumprem nós prendemos”, ressalta.


Receba notícias no seu WhatsApp: basta clicar aqui para entrar no grupo do jornal

Clique aqui e inscreva-se no canal no YouTube do jornal O Município. Vem muita novidade por aí!

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo