Agricultores utilizam frutas e verduras descartadas em estabelecimentos de Brusque

Para os gerentes de supermercados e verdureiras, quantidade de produtos estragados é considerada alta

Agricultores utilizam frutas e verduras descartadas em estabelecimentos de Brusque

Para os gerentes de supermercados e verdureiras, quantidade de produtos estragados é considerada alta

Diferentemente de produtos industrializados, que têm prazo de validade maior, as frutas, as verduras e os legumes exigem atenção diária de supermercados, verdureiras e frutarias. Em Brusque, estabelecimentos que comercializam os produtos costumam descartá-los diariamente.

Dos locais pesquisados pela reportagem, a maioria repassa os itens a agricultores do município.

Mesmo sem estabelecer a média diária de produtos descartados no estabelecimento, o proprietário da Minha Verdureira, Cristiano Francisco Flores, afirma que a quantidade é alta. Segundo ele, o material estragado permanece em um local reservado para o descarte e, posteriormente, é recolhido por moradores que têm criação de animais.

“Geralmente os produtos são descartados a cada dois dias. Não há pessoas específicas que recolhem. Nós deixamos os produtos separados em um latão de lixo e geralmente quem cria animais, como galinhas e porcos, e sabe onde nossa verdureira está localizada vem até aqui pegar”, afirma o proprietário.

Quando inaugurou a verdureira, há cerca de dois anos, Flores planejava doar os alimentos que seriam descartados a entidades do município. No entanto, após ser alertado sobre possíveis contratempos que o ato poderia ocasionar, preferiu refutar o plano. Em relação ao desperdício de alimentos, o proprietário diz que o cenário se agrava ainda mais porque o fluxo depende do consumidor.

“A quantidade de produtos que vamos ter que colocar fora depende das compras do consumidor. Quando a mercadoria gira bastante, pouca coisa vai fora. Agora, se vende pouco, colocamos muitos produtos fora. Depende muito do movimento no comércio. É bem complicado lidar com isso, porque não tem como reaproveitar”, diz.

As folhosas, como alfaces, são os produtos que têm prazo de validade mais curto, de acordo com Flores. Por outro lado, cebolas, batatas e pepinos são alguns dos itens que duram por mais tempo em exposição.

O gerente comercial do supermercado Bistek, Evandro Bez, acrescenta as bananas, as laranjas e os mamões aos produtos que estragam com mais rapidez. Sobretudo, avalia ele, devido a danos causados durante o transporte dos produtos e durante o manejo por parte dos funcionários e dos clientes.

No Bistek, de acordo com Bez, são descartados diariamente cerca de 100 quilos de frutas, verduras e legumes. Diferente da Minha Verdureira, o supermercado é cliente da Recicle Catarinense de Resíduos – empresa responsável pela coleta e destinação do lixo no município -, por isso, os produtos são recolhidos pela empresa.

Bez explica que os produtos descartados são depositados em quatro caçambas que permanecem no supermercado e que, ao final do dia, são recolhidas pela Recicle. Para o gerente, a quantidade de frutas, verduras e legumes desperdiçados diariamente no Bistek é expressiva.

“É um índice alto. Mas não se tem muito o que fazer. As frutas, por exemplo, são diferentes de outros alimentos. Elas são muito sensíveis. Se já dá um machucado, o cliente não leva e infelizmente tem que se jogar fora. A gente trabalha em cima disso pra tentar reduzir. Se eu vendo 100 quilos de algum produto, não tem porque comprar 200 quilos. Então a gente vai trabalhando nesses números”, explica.

Assim como a Minha Verdureira, os supermercados O Barateiro, do bairro Azambuja, e o Carol, do bairro Guarani, também repassam as frutas, as verduras e os legumes a agricultores da região. No O Barateiro, de acordo com o subgerente, Fabio Dalla, duas pessoas que são proprietárias de sítios recolhem o material de duas a três vezes por semana.

“Eles usam os produtos para tratar os animais”, diz. “Aqui no mercado a gente tentar controlar para não ter desperdício. A gente sempre compra a quantidade que acha que vai vender. Mantemos a maioria dos produtos na refrigeração para ter mais tempo de duração”, completa.
No Carol, os produtos descartados são recolhidos três vezes por semana por um proprietário de sítio, afirma o gerente Vilson Linhares. Embora também não aborde a quantidade de itens desperdiçados diariamente, ele afirma que o número é alto.

“Muito produtos vão embora. Mas a gente tem muito controle nas compras. E também tentamos deixar o máximo de tempo na refrigeração. Quando os produtos estão em exposição, a temperatura não é a ideal, então vamos repondo conforme vai saindo. E isso tudo também depende do consumidor”, diz.

Ainda de acordo com o gerente, um funcionário do supermercado atua ao longo de todo o dia na reposição e na substituição dos produtos em exposição.

 

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