Ainda pequena, produção de uvas em Botuverá deverá crescer nos próximos anos
Epagri, prefeitura e produtores avaliam criação de unidades de observação na parte alta da cidade
A produção de uvas em Botuverá, atualmente, é amadora, praticamente somente para consumo próprio e esporádicas vendas feitas diretamente pelo produtor. No entanto, um esforço por parte da unidade do município da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), da prefeitura e de produtores poderá mudar esse panorama no futuro.
O agricultor Éder Pedrini, técnicos da Epagri e representantes da prefeitura fizeram uma visita técnica a produtores de Major Gercino para conhecer mais sobre novas variedades de uvas na semana passada. Eles foram saber mais sobre as condições climáticas para o cultivo de uvas europeias.
Hoje, o setor de uvas de mesa (para comer) e uvas para vinho ainda é pequeno e inexpressivo economicamente em Botuverá. De acordo com Edgar Becker, técnico em agronomia da Epagri, há aproximadamente dez famílias que plantam uvas, sobretudo em Ribeirão Porto Franco, Lageado e Ourinhos.
A produção é quase que totalmente para consumo próprio. O pouco que sobra é vendido diretamente pelo produtor, em sua propriedade.
Embora seja de colonização italiana, em Botuverá não existe produção em escala industrial de uvas. Isso ocorre porque os colonizadores vieram de Bérgamo, Itália, onde a principal atividade era a madeireira. Já em Nova Trento e Major Gercino os imigrantes vieram de regiões onde o vinho era muito forte.
Esse histórico poderá mudar, de acordo com o técnico da Epagri. Botuverá reúne condições para o cultivo da uva nas regiões mais altas, como o Chapadão Figueira e Vargem Grande, perto de Vidal Ramos.
“Temos altitudes até maiores do que em Major Gercino, onde poderia haver especificamente essa uvas europeias”, explica Becker. Em Major Gercino, eles puderam saber como é na prática o cultivo dessas frutas. A cidade tem uma produção consolidada, com vários rótulos no mercado. Lá, são cerca de 60 famílias com vinícolas.
Se a produção vingar e houver adesão dos produtores, a Epagri e a prefeitura poderão auxiliar na expansão produtiva. Segundo o técnico da empresa de pesquisa agropecuária, existe a possibilidade de criar unidades de observação no futuro, e no curto prazo plantar uvas de mesa, nas regiões mais baixas, com cobertura.
A Epagri tem o papel de acompanhar a ajuda no desenvolvimento agropecuário do estado. Por isso, se o projeto de uva botuveraense tiver adesão dos agricultores, a empresa dispõe de material humano para ajudar na implantação e desenvolvimento das culturas.
No entanto, a sua implantação exige, necessariamente, que os produtores rurais participem, porque os custos são altos. Segundo o secretário de Agricultura, Márcio Colombi, é necessário investir R$ 40 mil para cada hectare de uva sem cobertura, e R$ 80 mil com cobertura.
Produção engatinhando
Éder Pedrini já tem uma pequena produção de uvas em sua propriedade, localizada no Ribeirão Porto Franco. Ele tem 1 mil pés de uva niágara (de mesa) e 1,2 mil dos tipos bordô e grano d’oro.
As uvas niágara já são vendidas, mas as outras espécies ainda não. Elas são usadas para fazer vinho caseiro, consumido pela família. A visita a Major Gercino serviu para Pedrini conhecer mais especificidades das uvas. Ele já plantou os tipos margot, isabel e violeta.
“Se der certo, a ideia é produzir comercialmente”, diz Pedrini. Ele considera que o mercado de vinhos e uvas está em expansão, por isso existe espaço para novos produtores.
Brusque
Apesar de ser uma cidade essencialmente urbana e industrial, Brusque também abriga produtores de vinho. Uma das propriedades fica no Ribeirão do Mafra, no caminho que vai para Nova Trento.
José Dada trabalha com uvas há 13 anos. Desde 2012, ele também tem o acompanhamento técnico de Becker, da Epagri, que já atuou em Brusque antes de ir para Botuverá. A propriedade conta com 2 mil pés de uva, que são usadas para fazer sucos e um pouco de vinho. Dada considera a possibilidade de também aumentar o plantio no ano que vem.