Além de Brusque: rio Itajaí-Mirim passa por outras cidades até desembocar no mar; conheça trajeto
Nascente, barragem, enchentes e junção ao Itajaí-Açu são assuntos relacionados aos municípios por onde rio passa
O rio que corta Brusque é o Itajaí-Mirim. O início do longo trajeto que ele percorre vai além da cidade. São aproximadamente 170 quilômetros de extensão, desde a nascente, na região do bairro Salseiro, em Vidal Ramos, até quando as águas se juntam ao rio Itajaí-Açu e desembocam no mar entre Itajaí e Navegantes.
Quatro cidades integram grande parte do “caminho principal” que o rio percorre. O Itajaí-Mirim passa ainda por outros municípios, mas sem grande influência. Após passar por Vidal Ramos, o rio chega a Botuverá, depois corta Brusque e segue à margem da rodovia Antônio Heil até chegar à parte urbana de Itajaí.
“A importância principal do rio é o abastecimento de água. O rio é a própria natureza banhando a nossa cidade. Para tudo o rio é bom. É um destaque de Brusque”, valoriza Ciro Groh, que fala sobre o clima em blog no jornal O Município.
Vidal Ramos: onde o rio nasce
O rio Itajaí-Mirim nasce em um morro com mais de 900 metros de altura. A fazenda Rio Bonito, no bairro Salseiro, é a comunidade mais próxima à região da nascente. Naquela região, os ribeirões se juntam e vão formando o Itajaí-Mirim.
“São ribeirões que formam o rio. Na fazenda Rio Bonito, o Itajaí-Mirim já vem formado. Na região da fazenda, são cerca de 500 metros da nascente. Todo o entorno da fazenda Rio Bonito se junta e forma o rio Itajaí-Mirim”, afirma Ciro.
Quando há períodos de cheias em Brusque, toda atenção se volta à situação do rio em Vidal Ramos. As águas que caem no Itajaí-Mirim na cidade levam 12 horas para chegar até Brusque. Sendo assim, se o rio estiver subindo em Vidal Ramos, o nível aumenta em Brusque também.
Botuverá: à espera da barragem
No trajeto do rio Itajaí-Mirim também está Botuverá. O governo do estado pretende construir uma barragem que terá três finalidades: contenção de cheias, captação de água e geração de energia.
A construção da barragem é interesse de outros municípios da região por onde o Itajaí-Mirim passa, além de Botuverá. O coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugiki, considera a obra importante para a contenção de cheias.
“A barragem de Botuverá é bem importante. A nossa barragem terá uma capacidade menor que as outras, mas temos uma área de captação menor também. Como nosso rio vai baixar mais ligeiro, a operação da barragem acaba sendo mais rápida”, avalia.
A primeira menção sobre a construção de uma barragem em Botuverá no jornal O Município é referente a uma proposta do ex-vereador Eduardo Hoffmann, o Duda, no dia 16 de setembro de 2011, quando o então parlamentar defendeu a realização da obra.
No ano seguinte, 2012, o governador da época, Raimundo Colombo, foi a Itajaí para apresentar um projeto de prevenção de desastres que previa a construção da barragem de Botuverá em três anos e meio, com investimento de R$ 95 milhões. A obra nunca chegou a iniciar.
Brusque: enchentes históricas
Outro município no trajeto do rio Itajaí-Mirim é Brusque, que passou por grandes enchentes que marcaram a cidade neste século. A maior enchente foi a de 2011, em que o nível do rio chegou a 10,03 metros, a segunda maior medição da história.
Para se ter uma ideia da gravidade, o rio transborda quando o nível marca 4,75 m. Praticamente toda a população foi atingida de alguma forma pela força das águas do Itajaí-Mirim naquele setembro de 2011.
Inicialmente, chegou a ser divulgado que o rio havia atingido 12 m, mas a medição foi corrigida, ficando apenas alguns centímetros abaixo da maior enchente da história da cidade, em 1984, quando o rio chegou a 10,30 m.
As construções e ampliações das avenidas Beira Rio são considerados fatores importantes na contenção de cheias do rio. O objetivo das avenidas é atuar como canal extravasor, ou seja, receber as águas na própria estrutura de forma estratégica.
Ciro considera positivo a atuação das avenidas para esta finalidade, mas relata que muitos outros espaços que poderiam “receber água”, também na função de canal extravasor de cheias, foram aterrados ao longo dos anos em Brusque.
“O homem construiu um canal extravasor e fechou cinco por meio de aterros. Quem vai no sentido Dom Joaquim, no lado esquerdo, pode ver que era um buracão que hoje está todo aterrado”, comenta.
Ele considera que os aterramentos são efeitos do progresso da cidade. Porém, Ciro reforça que muitos canais naturais que poderiam acumular água e auxiliar na contenção das cheias deixaram de existir ao longo dos anos.
Itajaí: junção com o Açu
Por fim, o último município que o rio Itajaí-Mirim passa é Itajaí. Na cidade litorânea, ele se junta ao rio Itajaí-Açu, na região do bairro São Vicente. Em seguida, os dois rios, juntos, desembocam no mar entre Itajaí e Navegantes, nas proximidades da praia do Atalaia.
A parte do Itajaí-Mirim dentro da área urbana da cidade segue uma linha reta. No entanto, este “trajeto perfeito” não é natural. Trata-se do canal retificado, trecho escavado para evitar transtornos maiores em períodos de cheias. Há também o canal antigo, fazendo com que o bairro São Vicente seja uma “ilha”.
“Temos a captação de água bruta para tratar e distribuir em Itajaí e, também, transportar para Navegantes. São 264 mil habitantes em Itajaí hoje, e em Navegantes, 86 mil. O rio tem uma importância fenomenal para as cidades”, afirma Flávio Luiz Furtado, assessor de governança do Semasa, serviço responsável pelo saneamento dos municípios.
Flávio comenta que o Semasa vem investindo em equipamentos que permitam o tratamento da água do Itajaí-Mirim. A cunha salina (sal na água) traz problemas ao abastecimento das cidades, além da contaminação do rio durante o caminho, relacionada ao plantio de fumo, tinturarias e rizicultura (cultivo de arroz).
Assista agora mesmo!
Dialeto bergamasco falado em Botuverá pode ser extinto nas próximas décadas: