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Alemães: a epopeia de uma imigração e as tradições pascais – parte 5

Dando sequência a série que tem como objetivo apresentar aspectos da imigração alemã, o tema de hoje discorre sobre as tradições pascais trazidas pelos imigrantes e que se mantém vivas até hoje, apesar de algumas variações, influenciadas pelo estímulo ao consumo excessivo. Uma dessas tradições é a Osterbaum e os ovos de Páscoa. O chocolate […]

Dando sequência a série que tem como objetivo apresentar aspectos da imigração alemã, o tema de hoje discorre sobre as tradições pascais trazidas pelos imigrantes e que se mantém vivas até hoje, apesar de algumas variações, influenciadas pelo estímulo ao consumo excessivo. Uma dessas tradições é a Osterbaum e os ovos de Páscoa.


O chocolate na Páscoa
Na Alemanha, durante a semana de Páscoa, os ovos somem do mercado. Mas não os túneis de ovos de chocolate comuns no Brasil: esses não costumam existir por lá. Na véspera do feriado de Páscoa os ovos (de galinha) desaparecem das estantes. São levados pra casa porque são eles que fazem a festa da garotada: são cozidos, pintados e escondidos pelos jardins na manhã de domingo. É claro que também são consumidos chocolates, mas se costuma presentear as pessoas com ovinhos, pintinhos, coelhinhos e ovelhinhas de chocolate. Sem o exagero de açúcar brasileiro. Adultos, muitas vezes, trocam pequenos presentes.


A tradição das casquinhas recheadas
Páscoa no Vale Europeu é sinônimo de casquinhas de ovos decoradas e recheadas com amendoim confeitado. Costumamos ouvir que se trata de uma tradição alemã, mas essa é uma tradição que não existe na Alemanha. As amêndoas açucaradas constituem uma tradição de Páscoa portuguesa e, como no Brasil não havia amêndoas, seus descendentes as substituíram por amendoins. Rechear as cascas de ovos decoradas com amendoins confeitados é apenas um sincretismo cultural entre as tradições portuguesas e alemãs no Brasil.

Mas um costume que existe na Alemanha e que ainda se preserva por aqui é a tradição de cozinhar ovos com anelina ou marcela para os colorir. Depois os ovos cozidos e coloridos são colocados em “ninhos” escondidos na mata, ou em cestas de ovos e chocolates, para que a criançada possa ir procurar quando acordar. Até os adultos entram na brincadeira.

Na tradição cristã, o ovo é o símbolo de vida que surge, uma vida nova que se inicia, onde o ovo simboliza a ressurreição.


Osterbaum: árvore de Páscoa
Na Alemanha, as casquinhas de ovos são usadas para decorar as tradicionais árvores de páscoa: a Osterbaum. Assim como a árvore de Natal, a decoração é colocada cedo, logo após o Carnaval. Dessa forma, os galhos são comprados quase secos, apenas com os brotinhos verdes, e florescem dentro de casa com o passar dos dias. Com isso, levam a primavera para os lares e preparam o clima de renovação da Páscoa. Muitas pessoas também montam a Osterbaum no jardim, decorando alguma árvore ainda seca por conta do fim do inverno com as casquinhas coloridas. No Vale Europeu, também é tradição decorar galhos ou árvores secas com casquinhas. Mas nem é preciso ir até Pomerode para encontrar belas Osterbaum, pois em Guabiruba existem várias e, no Bairro Lageado Baixo, existe uma Osterbaum lindamente decorada de casquinhas, coisa de encher os olhos e o coração. E está lá, para quem quiser ver!

A Osterbaum traz em seu contexto um conceito ligado à religião, pois a cruz de Jesus Cristo também é feita de uma árvore. Na tradição cristã, Cristo se fez a árvore da vida, é fonte de vida.

Que ao preparar a Osterbaum e os ovos de Páscoa, não deixemos de fora o doce da vitória da vida sobre a morte, e que coloquemos ali, junto à árvore e aos ovos, nossos sonhos de um mundo mais fraterno e humano. E, acima de tudo, muito carinho, compreensão e amor. Por isso desejo a todos: Feliz Páscoa!

A série Alemães – a epopeia de uma imigração, continua na próxima semana