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Alerta: Brusque registra um suicídio a cada 17 dias em 2024

Número é o segundo maior já registrado desde os anos 2000, ficando atrás apenas de 2022

Brusque registrou 21 suicídios em 2024, o segundo maior número desde os anos 2000, segundo a Secretaria de Saúde. Nos últimos 25 anos, foram 260 casos, com média superior a 10 por ano — o que, em 2024, equivale a um suicídio a cada 17 dias.

Os anos com mais registros foram 2022 (22 casos, o pior), 2020 (18), e 2016 e 2019 (16 cada). Dados do Ipea mostram oscilações ao longo do tempo, com leve aumento a partir de 2012.

Em 2022, foram 16 homens e 6 mulheres. Em 2023, até abril, 6 homens e 5 mulheres. Já em 2024, foram 16 homens e 5 mulheres.

Tentativas

Brusque registrou 173 tentativas de suicídio em 2024, das quais 121 foram de mulheres (69%) e 52 de homens — mais que o dobro.

Em 2023, foram 182 tentativas: 138 femininas e 44 masculinas. Já em 2022, o pior ano do período, houve 388 casos, com 275 mulheres e 13 homens.

Nos municípios vizinhos, Guabiruba registrou 32 casos em 2023 e 113 em 2024, enquanto Botuverá teve cinco tentativas em 2023 e uma no ano seguinte. 

Sobre o número de tentativas ser maior entre mulheres, a coordenadora de Saúde Mental de Brusque, Inajá Gonçalves de Araújo, explica que elas costumam manifestar mais sintomas de depressão e ansiedade, que são fatores de risco para o suicídio.

“Além é claro de que geralmente elas buscam o atendimento de saúde com mais frequência, o que pode resultar em mais tentativas registradas (estatísticas). No entanto, quando falamos dos homens, esses acabam sendo maioria nos casos de suicídio consumado, pois geralmente utilizam meios mais letais”.

Segundo Inajá, fatores sociais, como sobrecarga emocional, pressões culturais e violência doméstica, também podem contribuir para esse cenário.

O que dizem as estatísticas

2023

  • A média de idade das vítimas é de 44 anos; a mais jovem tinha 24, e a mais velha, 65;
  • Junho foi o mês com mais mortes (4); os meses de julho, agosto, outubro e dezembro foram os únicos que não registraram falecimentos.

2024

  • A média de idade das vítimas é de 40 anos; a mais jovem tinha 16, e a mais velha, 70. Do total, 13 pessoas tinham idade abaixo da média;
  • Março, maio e dezembro foram os meses com mais mortes (3); fevereiro foi o único mês que não registrou falecimentos.

Número de suicídios por ano em Brusque: inserir jpeg.

Monitoramento e acolhimento

A secretaria de Saúde monitora as tentativas de suicídio e mantém cadastros de todas as notificações do município. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) atua junto à Vigilância Epidemiológica e ao Hospital Azambuja, realizando visitas semanais para pacientes internados e coleta de dados para busca ativa.

“Se o paciente não procurar pelos serviços, a busca ativa é feita para verificar a situação e realizar orientações ou encaminhamentos”, explica Inajá.

Ela destaca que o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece atendimento 24h pelo número 188 ou pelo site www.cvv.org.br, com suporte por chat ou e-mail. Já os atendimentos presenciais são feitos pela rede de urgência e emergência, pelo Samu, nos hospitais gerais e nos Caps: Caps II para adultos, Capsi para menores de 18 anos e Caps AD para quem apresenta uso grave de substâncias psicoativas.

Pessoas próximas às vítimas recebem atendimento nas unidades básicas de saúde ou pelas equipes de saúde mental (Ament e Caps), conforme a demanda.

“Nos Caps, equipes multiprofissionais oferecem intervenções e estratégias de acolhimento, como psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias e artísticas, orientação e acompanhamento medicamentoso, atendimento domiciliar, terapia ocupacional, reabilitação neuropsicológica e medicação assistida”, finaliza.

Plano municipal

Para prevenir o aumento dos casos de suicídio, a Prefeitura de Brusque implementou o Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio, apresentado como Plano Municipal de Valorização da Vida.

Desenvolvido com base nas características da região e nos casos registrados, o plano inclui ações voltadas à promoção da saúde mental e à prevenção do suicídio. A cidade segue o protocolo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS e as orientações do plano estadual, considerando o perfil da população, as formas de suicídio e as demandas locais.

O município conta com 15 psicólogos na rede pública: três no Capsi, três no Caps AD, quatro no Caps II, três no Ament e dois no CRESI.

“Também estamos desenvolvendo projetos para cuidar dos servidores da saúde e educação, grupo de risco para sofrimento mental devido às demandas desafiadoras. Isso reforça a importância de políticas de cuidado e acolhimento psicológico para esses profissionais”, destaca a secretária de Saúde, Thayse Rosa.

Apoio emocional

O CVV possui uma rede de voluntários que atua na prevenção ao suicídio. O atendimento respeita o anonimato, e os voluntários são treinados para conversar com todas as pessoas que procuram ajuda e apoio emocional.

O atendimento está disponível 24 horas, pelo telefone 188. Quem preferir pode conversar pelo e-mail: apoioemocional@cvv.org.br.


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