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Alfaiataria do Pedroca encerra atividades após anos de tradição em Brusque

Há quase 50 anos como alfaiate profissional, Pedro Severino é conhecido pelo trabalho de qualidade na cidade

Dos 73 anos de idade de Pedro Severino, conhecido como Pedroca, quase 50 foram dedicados à profissão de alfaiate. O trabalho dele e dos profissionais da tradicional Alfaiataria do Pedroca, que ficava na esquina das ruas Felipe Schmidt e Gustavo Krieger, no Centro de Brusque, destacavam-se pela qualidade e anos de dedicação.

Contudo, o estabelecimento encerrou as atividades na última quinta-feira, 28 de novembro, após décadas como referência na costura e alfaiataria na região.

“Estava na hora de parar. Pensei e pensei, e parei. Tudo tem a hora de começar e finalizar, acho que a minha intenção é não voltar a trabalhar mais”, conta.

Segundo ele, que já está há 25 anos oficialmente aposentado, a decisão também se deu por falta de mão de obra, pois estava cada vez mais difícil encontrar alfaiates no mercado de trabalho. 

Antigamente, Pedroca chegou a trabalhar com oito profissionais e, atualmente, eram somente dois. Muitos se aposentaram neste tempo. “É uma profissão em extinção. Não estou parando por falta de serviço. Eu estava sobrecarregado. Eram muitas horas seguidas de trabalho”, aponta.

O medo de parar, por gostar do ofício, foi vencido. Agora, a dedicação de Pedroca será totalmente para a família, cuidar da saúde e descansar. “Eu me sinto orgulhoso e contente”, avalia.

Passos de Pedroca

De uma família de seis irmão, Pedroca é um dos cinco que chegaram a exercer a profissão de alfaiate. Porém, apenas ele continuou.

Com apenas 12 anos de idade, ele aprendeu a fazer uma calça, com o irmão Hélio Severino. Aos 14, começou a trabalhar na fábrica de tecidos Renaux. Em aproximadamente uma década, a vocação o direcionou para a alfaiataria.

Foram quase 30 anos a frente da Alfaiataria Santa Luzia, com o sócio Luiz Carlos Vichini. Em 2004, após o falecimento do colega, decidiu continuar com o estabelecimento, mas mudou o nome para Alfaiataria do Pedroca. 

De acordo com ele, são mais de 40 anos de alfaiataria, dedicados à criação de ternos, paletós, calças, coletes e camisas sob medida. “Costurei para quatro gerações inteiras” diz.

Com a qualidade no serviço, ele conquistou clientes para além de Brusque, como outras cidades de Santa Catarina, São Paulo e Paraná, e até para a Argentina. Ele teve como clientes deputados e prefeitos. 

“Toda pessoa nasce com um dom. Para mim, costurar não é dificuldade. Nunca fiz um curso de costura. Eu vejo, penso e faço. Também, eu tinha uma boa mão de obra”, complementa.

Entretanto, ao fechar o estabelecimento, Pedroca levou duas máquinas para a casa. A intenção, segundo ele, é não voltar a costurar nos próximos meses, mas quem sabe no futuro. “Uma vez ou outra, para não ficar parado. Não sei o dia de amanhã”, finaliza.