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ALGODÃO DOCE, EDUCAÇÃO E SUPERAÇÃO

Muitas vezes, quando recebemos um novo morador na cidade, perguntamos: de que família você é? Por que essa pergunta? O fato chama ainda mais a atenção se a pessoa questionada vem de uma cidade maior, aonde isso deixou de ser tão relevante. Mas, ainda assim, mesmo em cidades grandes as famílias mais tradicionais são conhecidas e reconhecidas pela comunidade. As pessoas querem se conhecer, para se reconhecer. E guarda relação com uma antiga sabedoria: “diga-me com quem você anda e lhe direi quem você é”.

Embora já atue como professora universitária em Brusque desde o ano de 1997, quando– em março de 2009 -, sua família aqui fixou residência em ânimo definitivo, ela ainda era uma desconhecida para a maioria da população. Mesmo agora, passados mais de seis anos, vez por outra alguém ainda lhe pergunta: de que família você é? É uma pergunta importante, que merece uma resposta de respeito.

A família Glatz, da qual descende por parte de pai, imigrou da Alemanha faz 150 anos, sendo uma das famílias de colonos pioneiros de Pomerode. Por parte de mãe, ela descende da Família Klein que imigrou da Alemanha para a Romênia no século XVIII e que, depois da Primeira Guerra Mundial, imigrou da Romênia para Taió – SC, onde foi uma das primeiras famílias.  Por parte de pai, além de Glatz, circula em suas veias o sangue dos Hoffmann, Reinke e Anderson. Por parte de mãe, além de Klein os sobrenomes Schortje, Bittu e Marx também fazem parte de sua história familiar.

Nascida no ano de 1966, em Taió, Alto Vale do Itajaí, é neta e filha de comerciantes. Ficou órfã de mãe e pai ainda criança. Em plena adolescência, aos treze anos, enquanto alguns colegas passavam as tardes brincando, jogando e comendo algodão doce, ela começou a trabalhar e nunca mais parou um dia sequer. Considera que trabalhar faz bem, dignifica, além de propiciar o sustento. Inicialmente trabalhou no comércio e como professora auxiliar de pré-escola. Aos dezoito anos passou a atuar como servidora pública municipal na área de educação. Aos dezenove passou no concurso para a Secretaria de Fazendo do Governo do Estado de Santa Catarina e, em 1990 conseguiu aprovação em concurso público federal, função que desempenha até hoje, ao mesmo tempo em que atua como professora universitária.

Cumprindo trajetória diuturna, trabalhando no mínimo oito horas por dia, persistiu nos estudos apesar dos percalços da vida, pois educação sempre foi pilar fundamental em sua família. Cursou o ensino fundamental e médio em uma escola pública de sua cidade natal. O dinheiro era contado, mas, tendo sido aprovada no vestibular, iniciou a faculdade de Administração em Rio do Sul (UNIDAVI) e concluiu em Itajaí (UNIVALI), mesma instituição em que cursou a pós graduação em Auditoria Contábil. O Mestrado em Administração foi cursado na FURB e sua trajetória como professora de ensino superior foi desenvolvida essencialmente na UNIFEBE, embora também tenha atuado em outras instituições de ensino superior.

Em novembro de 2008, como consequência das catástrofes naturais que assolaram nossa Bela e Santa Catarina, a família perdeu sua residência em Blumenau. Saíram de casa correndo, com a roupa do corpo – para nunca mais voltar. Nesse momento, a acolhida comunitária foi importante e o espírito de solidariedade e a força tomaram forma nos rostos conhecidos e também nos rostos desconhecidos. Nosso povo sabe se ajudar e arregaça as mangas sempre que é preciso. A superação se fez presente e a reconstrução – ou a nova construção – agora em Brusque, foi feliz, graças a Deus e a acolhida do povo brusquense.

Aqui, alguns pensam que ela é “Gaúcha” – por apreciar um bom chimarrão. Mas não é gaúcha, nem mesmo por tradição, e sim “Barriga Verde”, com muito orgulho. Afinal, viver em Santa Catarina – estado onde se come algodão doce e se tem exemplo vivo de educação e superação – é privilégio de poucos…é nosso privilégio! E agora que você me conhece um pouco, caro leitor, é capaz de me reconhecer?