Alta do dólar impacta negativamente a economia de Brusque
Setores importantes, como o têxtil e a construção civil são afetados pelo câmbio
Setores importantes, como o têxtil e a construção civil são afetados pelo câmbio
A constante elevação da cotação do dólar tem gerado efeitos negativos à economia brusquense, assim como diretamente para o consumidor. Diversos setores são afetados pela alta da moeda americana, direta ou indiretamente. Um dos mais prejudicados é a construção civil.
De acordo com o coordenador do Núcleo das Construtoras da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Daniel Appel Coelho, a alta incide diretamente sobre o preço dos insumos, como o aço, por exemplo.
Aumentando-se o preço para construí-los, a tendência é que o valor final dos imóveis também fiquem mais caros ao longo do ano.
Com isso, ele diz que o ideal é que quem está pensando em comprar um imóvel aproveite o atual momento, no qual os preços estão melhores.
“As pessoas que estão imaginando comprar o seu imóvel, agora é um momento interessante para fechar e conseguir um bom negócio”, diz.
Outro setor bastante representativo em Brusque que está sofrendo com a alta do dólar é o têxtil. Marcus Schlösser, presidente do Sifitec – sindicato que representa as indústrias do setor -, afirma que o momento é negativo.
Ele explica que, no passado, quando a região tinha boa parte das empresas têxteis voltadas à exportação, a alta da moeda estrangeira seria benéfica.
Agora, poucas exportam, mas a maioria depende de insumos e matéria prima importada, que fica mais cara. Além disso, o algodão, vital ao setor, registra uma alta acumulada de 45%.
“É uma questão de adaptação, não há previsão de que vá cair, pelo contrário, talvez continue no viés de crescimento”, avalia Schlösser.
Não só os empresários do setor têxtil são afetados. Segundo Schlösser, essa situação do câmbio está sendo levada em conta também nas negociações das convenções coletivas, e tem freado a concessão de benefícios aos trabalhadores.
“É um momento bem preocupante que tem que ser acompanhado, principalmente no momento das convenções coletivas. Há pressão por aumento real e outros benefícios que infelizmente tem que ser discutidos para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor”, afirma o presidente do Sifitec.
A alta do dólar se reflete, também, em preços mais salgados para viagens internacionais.
Bruno Ferreira, agente de viagens da Havan Viagens, diz que há clientes que vieram procurar passagens aéreas internacionais nas últimas semanas, mas resolveram esperar.
Ele explica que o preço salgado das passagens, cotadas em dólar, assustaram os clientes, e aqueles que não têm compromissos urgentes estão adiando ao máximo a compra da passagem aérea.
Além de insumos, a alta do dólar também se reflete em preços mais caros do produto vendido ao consumidor final.
Um dos produtos afetados é o pão. O preço de sua matéria prima, o trigo, é regulado pelo mercado internacional, com cotação definida em dólar.
Se o dólar sobe, o mesmo acontece com preço do trigo. No Brasil, metade do trigo consumido é importado, o que trará consequências no preço do pão francês ao consumidor final.
Estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), o pão francês pode ficar até 20% mais caro em breve.
A disparada do dólar também influencia diretamente o preço da gasolina, de eletrodomésticos e eletrônicos, produtos de limpeza e até mesmo remédios.