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Aluna tem a ajuda de professoras para adaptar carta ao pai cego para o sistema Braille

Funcionárias da EEB Alice da Silva Gomes, em São João Batista, auxiliaram a menina a fazer lembrancinha de dia dos pais

Uma menina de São João Batista pôde dar um presente muito especial no Dia dos Pais, em agosto deste ano. A turma de Ana Vitória, de sete anos, estava confeccionando cartões para os pais e ela, que tem o pai deficiente visual, pediu ajuda para as professoras para fazer uma cartinha cheia de amor e inclusão. Com auxílio delas, a lembrancinha de Ana para o pai Jocemar foi adaptada para o sistema Braille, linguagem tátil utilizada por cegos e pessoas de baixa visão.

Jocemar Ribeiro da Silva é morador de Canelinha e deficiente visual desde o nascimento. Ele conta que foi pego de surpresa pelo presente da filha, que foi passar o dia dos pais em sua casa. “Antes de ela vir pra cá, ela me falou no telefone que tinha três presentes. Quando chegou, tinha um presentinho que ela tinha comprado, a carta e também um livro em Braille que as professoras da escola emprestaram para que eu pudesse ler para ela.”

Juliana Melim, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na Escola de Educação Básica (EEB) Alice da Silva Gomes, conta que a instituição não tinha ciência da condição do pai da aluna até pouco antes do Dia dos Pais. “Quem descobriu a situação foi a professora de Arte, Alexsandra Silva Santos, durante sua aula na turma do segundo ano”, diz.

Quem teve a ideia de adaptar o cartão também foi a própria Alexsandra. Ela conta que estava realizando uma atividade para o dia dos pais, montando frases para a lembrancinha, quando a aluna veio falar com ela. “Percebi que ela estava meio triste, e ela comentou que seu pai possui deficiência visual. Ela perguntou: ‘professora, como vou fazer para meu pai ler, pois ele não vê?’. De imediato a convidei para irmos ao AEE.”

Sabendo que a escola tinha uma máquina de datilografia Braille, o bilhetinho para o pai da menina foi adaptado. “Ela voltou para a sala com uma alegria tão imensa que até os amiguinhos da sala ficaram curiosos e questionaram sobre seu semblante radiante de felicidade. Foi muito lindo e gratificante poder ver e sentir a alegria dela através de um simples gesto realizado por nós”, comenta a professora.

“Fiquei feliz com a atitude da professora, por seu olhar de inclusão e por contar com os recursos do AEE, que estão disponíveis não só para os alunos com deficiência, mas também para os demais alunos”, diz Juliana.

A adaptação da carta foi feita por Juliana na máquina de datilografia Braille, utilizada para apoiar a inclusão de alunos com deficiência visual. Ela conta que a aluna observou o processo e ficou encantada com o Braille. “Aproveitei para oferecer mais um recurso e perguntei se ela gostaria de levar emprestado um livrinho infantil em Braille, para o pai ler para ela. Não preciso nem dizer o quanto ela adorou a ideia, saiu da minha sala muito feliz com a cartinha e o livro.”

Ana Vitória nunca tinha tido contato com o sistema Braille, e Jocemar conta que ela ficou muito curiosa e interessada ao ver como ele faz para ler, usando a ponta dos dedos. O livro em Braille, explica ele, possui ilustrações em alto relevo para que os deficientes visuais possam sentir. “Ela aproveitou para conhecer, sentiu o livro. Eu li para ela antes de dormir, ela pegou no sono enquanto eu contava a história para ela”, diz. “Foi uma emoção muito grande.”

Em São João Batista, há duas unidades de AEE, e uma fica na EEB Alice da Silva Gomes. O AEE é uma modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos público-alvo da Educação Especial e realizada por profissionais habilitados nesta área.