Alunos da Apae participam de oficinas de xadrez do IFC
O projeto tem a duração de 30 horas e beneficia 20 alunos
No começo a disputa era rápida: ir para cima do adversário e que vença o melhor! Hoje, seis semanas depois, o movimento mudou, é friamente calculado. Afinal de contas, manter o raciocínio lógico é a única maneira de permanecer no jogo. A Oficina de Xadrez é uma parceria firmada entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque e o Instituto Federal Catarinense (IFC). Com aulas sempre nas quartas-feiras, de manhã e de tarde, o projeto tem a duração de 30 horas e beneficia 20 alunos.
“É um novo aprendizado e tudo que é novo é muito bom. Sempre tive vontade, mas nunca tive oportunidade de aprender o xadrez. Não é fácil.
No começo fiquei um pouquinho assustada. Mas também não é um bicho de sete cabeças”, conta a aluna da Apae, Viviane Voss. Já para a estudante Naiara Ferreira Barbosa, a oficina é muito mais do que um passatempo divertido e pode se transformar em uma ferramenta de socialização. “Tenho um amigo que joga xadrez e muitas vezes vi ele jogar. Agora que sei um pouco também posso participar”, afirma.
De acordo com a professora da Pré Qualificação 1 e 2 da Apae de Brusque, Joice Vilma Borinelli Diegoli, os alunos ficaram um pouco receosos no começo porque não tinham a vivência do xadrez e tudo parecia bastante complicado. Mas, com o passar das aulas, eles foram assimilando o conhecimento e hoje estão empolgados. Passam o início da semana esperando pela chegada da quarta-feira, quando finalmente jogam xadrez, a aula favorita.
“Eu até pensei que eles teriam dificuldade no começo, mas eu tinha certeza de que eles iriam dar conta. Assim é a dinâmica da educação especial, cada dia uma conquista”, explica a professora.
Dentro da disciplina, Joice trabalha conhecimentos importantes para a vida e para o mercado de trabalho. Neste sentido, a prática do xadrez tem contribuído na formação dos alunos, com mais percepção, atenção e concentração. “E eles percebem que pensar no movimento do jogo é também pensar no movimento da vida. Por isso acredito que essa aula de xadrez é tão especial e proporciona aprendizados que vão muito além de um jogo de tabuleiro”, salienta Joice.
Experiência especial
O professor de Educação Física do IFC, Alan Pimentel, é o responsável pela Oficina de Xadrez. Esta é a sua primeira experiência de ensino para um grupo com necessidades especiais. E o que inicialmente parecia um desafio, se transformou em uma agradável surpresa.
“Confesso que tem sido um grande prazer. A gente observa a evolução diária, como eles descobrem a movimentação das peças e elaboram uma nova jogada. Em momento algum senti qualquer dificuldade. O que eu sinto é prazer de acompanhar esse desenvolvimento e os excelentes resultados”, avalia.
Logo nas primeiras aulas surgiu a ideia de deixar os tabuleiros da sala um pouco de lado e observar o xadrez de outra maneira, na qual fosse possível ampliar essa visão do jogo. Em pouco tempo lá estavam eles, riscando a quadra com giz, na tentativa de criar um tabuleiro gigante para o xadrez humano. Deu certo. E o que parecia uma atividade provisória acabou se tornando uma possibilidade permanente. A própria turma fez o desenho, as divisões e a pintura com guache. “Agora a gente começa as aulas na sala, com a parte teórica e um pouco de jogo no tabuleiro e depois finaliza no tabuleiro grande, com o xadrez humano, que fica muito mais divertido para eles. Hoje eles têm a noção básica e entendem a disputa, estão ficando craques”, garante o professor.