Amantes de motos dois tempos registram mais um recorde em Brusque
Participantes de estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste marcaram presença na programação de dois dias
A tentativa de estabelecer o recorde de maior evento do tipo do país trouxe para Brusque cerca de 480 motos durante o 6° Encontro Nacional de Motos 2 Tempos, no último fim de semana. Para acompanhar a marca, representantes do RankBrasil estiveram na cidade durante a programação, fizeram a contagem e registraram o feito, com a entrega de um troféu.
Com a oficialização da marca, a intenção da organização, com cerca de 30 integrantes, é trazer para a cidade o título de Capital Nacional das Motos 2 Tempos. Motociclistas de diferentes estados como São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás estiveram no evento.
Além da exposição, venda de peças e apresentações musicais, os visitantes puderam acompanhar desafios de velocidade e a execução de manobras. A programação foi desenvolvida no sábado, com atividades mistas, e domingo, quando somente motos de motores dois tempos eram permitidas.
De acordo com o organizador do evento, Carlos Edson Kroth, o Edinho, o número de visitantes e expositores aumenta a cada ano e demonstra a paixão de muitas pessoas por motos equipadas com motores dois tempos. Em dois dias, mais de 700 pessoas acompanharam a programação.
O encontro, lembra, começou a ser organizado pela internet, ainda entre 2012 e 2013. Logo na primeira edição, feita em um posto de combustíveis, 160 motos participaram do evento. Desde 2015, todas as motos que participam do evento ganham um selo e são catalogadas para contabilizar o número de veículos dois tempos no evento.
Ligação em dois tempos
Apesar do consumo maior e demanda por manutenção mais recorrente, Edinho não troca motos do modelo por versões com combustão em quatro tempos. Segundo ele, o barulho estridente e a potência estão entre as características mais marcantes.
Ele próprio começou a dar as primeiras voltas com as motos dois tempos ainda criança, no Rio Grande do Sul. Na época, usava a moto sem o pai saber e precisava apoiar o veículo na parede para conseguir subir.
Com 16 anos, conta, passou a pilotar um protótipo feito por um mecânico conhecido da família e participar de eventos de arrancada. Um ano mais tarde, ele montou a primeira moto por conta própria. Em competições, Edinho contabiliza títulos gaúchos e em Santa Catarina.
Nesta edição do Encontro, também houve espaço para homenagens à entusiastas do tema. Eduardo Zanini e o fotógrafo João Cruz, ambos ex-participantes da programação, foram lembrados em faixas expostas no pavilhão.
Quilômetros superados
O evento fez Fabrício Ferraz, o Fabissão, rodar mais de 1,63 mil quilômetros de Goiânia, no estado de Goiás, até Brusque. A primeira participação dele no evento foi com sua RD 135, ano 1997. Único dono, ele comprou a moto aos 18 anos, com o primeiro salário que recebeu na época.
Antes da primeira participação no evento, ele mantinha contato com a organização pela internet e tentava organizar a viagem para conhecer pessoalmente. “Era um sonho poder participar do evento. Sempre fomos muito bem tratados e queríamos retribuir de alguma forma”.
Assim como ele, Rodolfo Sambrano, o Rodox, encarou longas horas de estrada de São Paulo até o Pavilhão de Eventos Maria Celina Vidotto Imhof. Mais de 30 motos dois tempos vieram em viagem do estado, além de algumas trazidas em reboques.
No caso dele, o gosto pelo modelo também começou cedo, aos 18 anos, muito influenciado por suas características únicas. “É um motor de performance diferente. Ele é forte por natureza, não linear e imprevisível”.
O mais rápido
Também paulista, Roberto Bonfim, conhecido como Cebola, já havia explorado estas características para atingir a marca de mais rápido nos desafios de velocidade no dinamômetro em 2017. Neste ano, ele repetiu a marca, quando sua RD 135 atingiu 258 quilômetros por hora.
Filho de mecânico, ele cresceu nos ambientes de oficinas e, hoje, trabalha com customização de veículos. A técnica o levou a participar de programas de televisão ligados ao tema, mas sem abandonar o gosto pelas motos com motor dois tempos. Desde 2016, ele auxilia na organização de eventos semelhantes aos de Brusque em São Paulo.
As motos de dois tempos são descritas por ele como um hobby e uma forma de expressão popular. Atribui a popularidade das motos dois tempos à potência e valor mais reduzido, em comparação com veículos com motor quatro tempos. “Elas mostram que é possível a periferia ou pessoas que não tenham tanto dinheiro conseguirem se impor, fazer frente a motos mais caras”.
O gosto pelas motos dois tempos levou a criação do grupo Yamaloucos, com regionais espalhadas por diferentes cidades do país. Na região, Alexander Baade é um dos representantes de Blumenau. A união de pessoas com o mesmo hobby facilitou a organização de atividades em Brusque, com o patrocínio e hospedagem de visitantes. Para ele, o apoio e o ambiente familiar do evento auxiliam ainda mais na aproximação com motociclistas de outros pontos do país.