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Amazonenses que vivem em Brusque contam suas histórias sobre a final da Série D

Torcedores curtiram o empate em 2 a 2 no Augusto Bauer e se empolgam com futebol de seu estado no cenário nacional

Entre o público recorde do Brusque nesta Série D de 4.487 pessoas no Augusto Bauer na partida contra o Manaus, estavam algumas dezenas de torcedores do time visitante, que fizeram sua própria festa e comemoraram muito os gols de Rossini, firmando o empate em 2 a 2 ao Gavião do Norte. Brusque é o lar de pessoas das mais diversas partes do Brasil e possui também uma população expressiva de amazonenses. Alguns, claro, torcem para o adversário do quadricolor na Série D.

É o caso do administrador Carlos Fabrício Colares do Nascimento, de 37 anos. O manauara mora em Brusque há cerca de um ano e oito meses, vindo com a esposa e os filhos, e chegou a visitar os jogadores no vestiário ao fim da partida, a qual foi acompanhado do filho e do sogro. Adotou o Gavião de vez há quase três anos, atraído pelos bons desempenhos e pela perspectiva de projeção nacional.

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“Vim para recomeçar a vida. Sou muito grato a Brusque, não tenho do que reclamar. Tenho trabalho, e estou começando uma empresa. É uma ótima cidade, quero ajudá-la a crescer também”, comenta.

O Manaus é um clube fundado em 2013, que com o tricampeonato amazonense (2017-2018-2019) e com duas ótimas campanhas na Série D (em 2018 caiu nas quartas de final) atraiu diversos torcedores dos clubes mais tradicionais, que vivem situações bem mais precárias e não possuem uma grande rivalidade com o caçula da capital amazonense. Carlos Fabrício é originalmente torcedor do Nacional, e também do Vasco. Como em Santa Catarina e em outros estados, muitos são torcedores também de clubes do eixo Rio-São Paulo.

Para a final contra o Brusque, porém, o coração ficou dividido, mas a opção foi de ir ao setor da torcida do Manaus e de ficar do lado da cidade natal. “Acho impressionante como os brusquenses abraçaram o Brusque. No fim, tive que escolher um lado.”

“O jogo foi muito disputado, foi excelente. O Brusque começou o segundo tempo completamente diferente, mas se abateu após o segundo gol. Acho que o árbitro atrapalhou o jogo com a expulsão. A arbitragem em geral atrapalhou um pouco a partida”, opina.

Boa receptividade

Diferente das demonstrações de xenofobia com que o Manaus foi recebido em Caxias (RS), nas quartas de final da Série D, a segunda viagem do Gavião do Norte ao Sul do Brasil não teve este tipo de episódio, pela visão do manauara. “Tudo que teve foi coisa normal de jogo. Foi discriminação zero. E eu mesmo fui muito bem recebido em Brusque, gostei muito da cidade e das pessoas.”

Para o torcedor, a presença do Manaus na Série C é o marco de uma nova história do futebol amazonense, que esteve às margens do esporte a nível nacional. “O esporte em Manaus não tem incentivo nenhum. Os campeonatos estaduais são muito caros. Agora, com o clube na Série C, acho que o estado se animou, o Manaus já tem atraído patrocínios.”

Plínio, seu neto e Rossini comemoram o empate | Foto: Arquivo pessoal

O sogro de Carlos, Plínio de Carvalho Filho, 53, mora em Brusque há mais de dois anos e meio, e veio por pressão da esposa, que pretendia deixar a capital amazonense. O torcedor já havia visitado o município em duas oportunidades.

“O primeiro tempo foi muito brigado, muita marcação. O jogo mudou, o segundo tempo mais aberto, com duas boas equipes merecedoras e jogando bem, poderia ter acontecido desde antes.”

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Amigo da atual diretoria do clube desde antes da fundação do Manaus Futebol Clube, o amazonense também foi ao Augusto Bauer, mas ficou nas tribunas, não no setor visitante. No primeiro gol do Manaus no jogo, houve um início de confusão após um membro da diretoria do clube ter comemorado de forma exaltada. Em resposta, os torcedores do Brusque nas cadeiras começaram a reclamar e a protestar. “Futebol sem xingar aqui e ali não existe, foi tudo normal”, comenta.

Também dividido entre Brusque e Manaus, Plínio também ficou do lado da cidade onde nasceu e viveu durante a maior parte de sua vida. Originalmente, Plínio é torcedor do Rio Negro, um dos principais clubes do estado, e diz que a credibilidade da administração do Manaus tem atraído novos torcedores e gerado estabilidade financeira ao clube, depois de um período mais difícil na transição entre 2018 e 2019.

O palpite para a partida de volta não é nada favorável ao Brusque: 2 a 0 para o Manaus. “Lá, com a torcida do Manaus, o clima quente e úmido, a pressão, vai ser muito difícil para o Brusque. Se tivesse sido mais frio aqui, o Manaus também teria tido muita dificuldade.”