Amocri diz que moradores estão atravessando rio de canoa por conta de interdição de ponte pênsil da Cristalina
Associação afirma que estrutura ainda não foi reerguida desde a queda durante esta semana
Associação afirma que estrutura ainda não foi reerguida desde a queda durante esta semana
A Associação de Moradores da Localidade da Cristalina (Amocri) emitiu nota rebatendo a Prefeitura de Brusque e afirmando que a ponte pênsil da localidade, que caiu durante esta semana, ainda não foi reerguida.
Associação de moradores da Cristalina diz que pessoas estão atravessando rio de canoa por conta de interdição de ponte pênsil
No comunicado, a Amocri fala de todo o histórico de reclamações sobre a situação precária da estrutura e os vários contatos com as prefeituras de Brusque e Guabiruba para buscar reparos.
Em março de 2023, a ponte foi interditada por apresentar riscos, permitindo apenas o acesso de motocicletas, ciclistas e pedestres. Após cerca de 60 dias de interdição, a Prefeitura de Guabiruba substituiu o assoalho de madeira e a Prefeitura de Brusque iniciou a substituição das torres de madeira. De acordo com a Amocri, contrariando a promessa de instalar torres de concreto.
Durante os reparos, a estrutura da ponte acabou cedendo e desabou. Apesar das alegações da Secretaria de Obras de Brusque de que a queda fazia parte do planejamento, para a Amocri, a estrutura colapsou devido à deterioração das torres.
Além disso, a associação informa que, por causa da interdição recente da ponte pênsil, alguns moradores estão atravessando o rio de canoa.
A localidade da Cristalina se trata de uma comunidade com localização geográfica inserida nos Bairros Dom Joaquim, de Brusque, Lageado Baixo, de Guabiruba, e Pedras Grandes, de Botuverá.
A localidade é cortada pela rua, denominada, em sua maioria, como DJ042 e que propicia a interligação dos três municípios por meio de sua confluência com a rua Estefano Voss, onde está localizada a ponte pênsil Carlos Decker, que atravessa o rio Itajaí-Mirim e a liga à rua André Decker, no município de Guabiruba.
A mencionada ponte teve sua construção iniciada em conjunto pelas Prefeituras de Brusque e de Guabiruba no ano de 1997 e foi inaugurada em 18 de abril de 1998, contando com um comprimento de 102 metros, sendo a única de seu porte e estilo construtivo ainda existente na região de Brusque.
Ademais, desde sua construção, reparos e manutenções da estrutura são realizadas por cada prefeitura até exatamente a metade da ponte, sendo considerado o limite de cada município.
Ocorre que, passados mais de 25 anos desde sua construção, a ponte pênsil Carlos Decker, apesar de incontáveis interdições por conta de enchentes, colapso parcial, arrebentamento de cabos e apodrecimento de suas torres, nunca passou por uma ampla reforma, sendo realizados apenas reparos pontuais a fim de mantê-la em uso.
Tais fatos, aliado ao grande aumento do fluxo de veículos, fez com que sua recente situação acarretasse em grande preocupação aos transeuntes, sobretudo pela aparência envelhecida de toda estrutura, com assoalho precário, cabos de sustentação das travessas arrebentados e cabeceiras com indícios de apodrecimento das torres.
A reestruturação da ponte pênsil vem sendo reivindicada pelos moradores há alguns anos, e desde a fundação da Associação de Moradores da Localidade da Cristalina, no início de 2022, essa sempre foi uma das principais demandas colocadas em pauta.
Por diversas vezes, a Associação esteve reunida com as prefeituras de Brusque e Guabiruba solicitando a substituição ou uma reforma ampla de toda a estrutura, com a troca de todo o madeiramento e dos cabos de sustentação e instalação de torres de concreto. Uma Sessão Itinerante da Câmara de Vereadores de Brusque chegou a ser realizada na Localidade em dezembro de 2022, sendo que estiveram presentes representantes do Poder Legislativo e Executivo de Brusque, Guabiruba e Botuverá, e que resultou em promessas de que seriam aplicadas as devidas melhorias solicitadas. Desta reunião, as Prefeituras de Brusque e Guabiruba saíram com o compromisso de levantar os custos necessários para as melhorias na estrutura e de buscar informações acerca do processo licitatório.
No entanto, mais uma vez nada foi feito e, em março de 2023, esta associação de moradores solicitou à Defesa Civil de Brusque que realizasse a vistoria e interdição da ponte pênsil, visto que a situação de precariedade estrutural assustava a todos que dela necessitavam utilizar.
Em 23 de março de 2023, já com um laudo da Defesa Civil de que a ponte deveria passar por reparos imediatos, uma nova reunião entre os poderes executivos de Brusque e de Guabiruba foi intermediada por esta associação de moradores, sendo que houve um novo consenso de que a reforma deveria ser feita.
No dia seguinte, em 24 de março de 2023 a ponte teve de ser novamente interditada por apresentar riscos às pessoas que a utilizam, mantendo-se permitido o acesso apenas para motocicletas, ciclistas e pedestres.
Após cerca de 60 dias interditada, a Prefeitura de Guabiruba realizou a troca do assoalho de madeira, utilizando tábuas estreitas e de má qualidade e nesta semana a Prefeitura de Brusque iniciou a substituição das torres de madeira, indo contra as promessas de que seriam colocadas torres de concreto.
Durante os reparos a estrutura da ponte acabou cedendo e a ponte caiu. Apesar das alegações da Secretaria de Obras de Brusque de que a queda fazia parte do planejamento para os reparos, é nítido que a estrutura colapsou devido a podridão observada nas atuais torres.
Ora, qual seria o sentido de uma queda programada se a Prefeitura de Guabiruba, poucos dias antes, havia realizado a substituição de todo o assoalho de sua parte da ponte?
E embora alguns veículos da imprensa tenham noticiado que horas após a queda a ponte havia sido reerguida, nós, moradores, confirmamos que a estrutura permanece colapsada.
Com tudo isso, o sentimento dos moradores é de abandono do Poder Público das duas cidades, pois não bastasse a falta de infraestrutura, com a má conservação das vias e a poeira ou lama que sempre precisam enfrentar, sem a ponte, parte da Comunidade fica isolada, pois a ligação mais próxima fica no Bairro Rio Branco, aproximadamente 7 km distante do local da Ponte Pênsil.
No momento, alguns moradores improvisaram e, assim como os primeiros imigrantes fizeram a mais de 160 anos, estão realizando a travessia de uma margem a outra com o auxílio de uma canoa. Além disso, não somente os moradores da localidade dependem dessa ponte para se deslocar, visto que diversos cidadãos da região utilizam a ponte diariamente para se dirigir ao trabalho, visto que se trata de uma importante via de interligação entre Brusque, Guabiruba e Botuverá.
Assim, em que pesem os inúmeros apelos e todo o trabalho feito por esta Associação de Moradores para que esta importante obra fosse realizada no menor prazo possível e com uma reestruturação que pudesse lhe trazer uma maior vida útil (mesmo que não uma ponte totalmente de concreto, mas, ao menos, as torres de sustentação), novamente observamos nossa Comunidade enfrentar grandes prejuízos em razão da falta de atenção por meio do Poder Executivo das duas cidades aos alertas e receber, novamente, uma ponte pênsil com torres de sustentação de madeira.
Ressaltamos que a Localidade da Cristalina, além de ser um local com belas paisagens naturais, é lugar de gente trabalhadora, que tira o seu sustento da terra a partir da agricultura familiar e que possui aproximadamente 35 empresas registradas (segundo dados da Prefeitura de Brusque em novembro de 2022) e, portanto, o mínimo que nossa comunidade merece são acessos dignos para todos os cidadãos poderem exercer o seu direito de ir e vir em segurança.
Assim, com a presente manifestação pública, buscamos esclarecer todos os fatos ocorridos e requisitar que, doravante, os poderes públicos possam voltar seus olhares a esta Comunidade intermunicipal tão importante, mas tão esquecida, que é a Localidade da Cristalina.
Cordialmente, Associação de Moradores da Localidade da Cristalina (Amocri)
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