Amor e fé: conheça histórias de luteranos que atuam na comunidade em Brusque
Atividades destinadas a jovens e casais são realizadas pela comunidade luterana na cidade
Atividades destinadas a jovens e casais são realizadas pela comunidade luterana na cidade
Diversos pastores passaram pelas paróquias de Brusque durante os 160 anos da presença luterana na cidade. Além disso, jovens e casais também atuam diretamente na comunidade até os dias atuais. O pastor com mais tempo de atuação é Claudio Siegfried Schefer, que está na cidade desde 1997.
Natural de Três de Maio, no Rio Grande do Sul, pastor Claudio passou pela formação teológica em Ijuí, no mesmo estado. Depois, foi para Cascavel, no Paraná, cidade em que teve a primeira experiência em paróquia. Ele está no pastorado desde 1984, quando iniciou a trajetória aos 23 anos.
Quando foi transferido para Brusque para atuar na comunidade luterana do município, o pastor se instalou na cidade e, desde então, nunca mais saiu. Os filhos de pastor Claudio se formaram no Ensino Médio em Brusque e ele gosta da cidade.
“A Igreja recomenda que não se passe de oito ou dez anos na mesma paróquia. No meu caso, eu até tentei procurar uma outra paróquia, mas… não sei. Para mim não deu certo. Gostamos tanto de Brusque”, diz.
Pastor Claudio comenta que se sente chamado por Deus à vocação pastoral. Na cidade, ele batizou crianças, que depois fizeram o ensino confirmatório e, anos depois, casaram. Hoje em dia, ele batiza “a segunda geração”, que são os filhos daqueles que um dia ele batizou quando crianças.
“É um privilégio pastorear na paróquia em Brusque. Todo esse tempo, fiz meu trabalho com muita dedicação. Não sou pastor profissional, sou pastor por vocação. A vocação pastoral não visa lucro. Eu preciso do básico para viver, mas, quando se trabalha pela vocação, o dinheiro fica em segundo plano”, afirma.
O pastor afirma que sempre teve uma caminhada amigável durante o período em que está em Brusque e diz que procura seguir os princípios cristãos. Ele conta que uma das satisfações no dia a dia como pastor é pregar o culto aos domingos.
Pastor Claudio também realiza uma atuação forte junto com os casais da comunidade, por meio do Reencontro de Casais, um retiro da Igreja Luterana. Ele pontua que a fé que prega deve ser uma ação do Espírito Santo e não algo forçado às pessoas.
“Nunca formamos nossos filhos à fé. Ela sempre foi uma consequência espontânea do exemplo que passamos na nossa família”, finaliza pastor Claudio.
Na comunidade do Centro há o Coro Luterano Bom Pastor, um grupo de pessoas que se reúne na igreja para cantar. Os ensaios acontecem nas segundas, às 19h30, no mezanino da igreja da Paróquia Bom Pastor. Na Sexta-Feira Santa, dia 7 de abril, o grupo se apresentou no culto.
Um dos participantes é Egon Bruns, que é um dos membros mais antigos do grupo. Ele relata que, atualmente, o coro conta com 28 pessoas. Todos os membros são voluntários. O coro é dividido em quatro vozes, diferente de outros grupos de canto em que é apenas uma voz.
“Ninguém recebe nada de remuneração. É um trabalho gratuito, feito com amor, para beneficiar as pessoas e mandar uma mensagem para as pessoas que estão nos cultos e nos locais de apresentação”, conta.
Egon afirma que o número de participantes do coro varia ano a ano. A pandemia afastou o grupo em 2020, mas, neste ano, o coro novamente voltou a contar com um número maior de participantes. Egon é natural de Jaraguá do Sul e participa ativamente desde 1997.
“Minha vida de canto já vem desde a infância. Na escola, em Jaraguá do Sul, eu tinha um professor que gostava muito de música e que era professor da igreja luterana também. Com ele, despertei a vontade de cantar. Eu tinha dez ou 11 anos”, diz.
Antes de 1997, porém, Egon já participava de grupos de canto, entre meados de 1978 e 1982. No entanto, ele precisou parar por um tempo por causa das atividades e compromissos do dia a dia, como a faculdade.
“Sempre fui bastante participativo da comunidade, desde quando morava em Jaraguá do Sul. Depois, fui morar em Blumenau e, de lá, vim para Brusque e me estabeleci na cidade. Uma das primeiras coisas que procurei foi um grupo para cantar”, relata.
Há grupos de jovens de várias idades que atuam na comunidade luterana na cidade. Um dos grupos é a JEB (Juventude Evangélica de Brusque), que é voltada aos adolescentes. Outro grupo é o 20 Encontrar, destinado a jovens-adultos.
O 20 Encontrar é, na prática, um “pós-JEB”. O grupo tem aproximadamente 11 anos de existência. Uma das fundadoras, Luana Ott Holz, conta que os participantes se encontram quinzenalmente nas sextas. Entretanto, as datas e horários dos encontros são flexíveis e marcadas pelo WhatsApp.
“Às vezes, no dia a dia, não convivemos com pessoas com a mesma crença que a nossa, e respeitamos, mas é legal conviver com pessoas com a mesma linguagem e com os mesmos princípios”, afirma Luana.
Orações, reflexões e partilhas são algumas das atividades que o grupo realiza. Trata-se de uma dinâmica mais descontraída, diferente de cultos, por exemplo. Por ser destinado a jovens-adultos, que têm mais compromissos que os adolescentes, a presença dos participantes varia.
“Temos a Noite do X-Salada todo mês de outubro. É mais da JEB [a organização], mas o 20 Encontrar sempre fica envolvido nos bastidores para ajudar. O evento começa com os confirmandos e a JEB vendendo cartões. No dia de colocar a mão na massa, todos se juntam”, conta.
Luana reforça a interação com outros jovens da comunidade até fora do “script” do grupo. Após alguns encontros do 20 Encontrar, por exemplo, já foram realizadas noite de pizza e de cachorro-quente, com objetivo de trazer maior interação ao grupo de amigos.
O grupo tenta realizar retiros espirituais anuais. Encontros já aconteceram até em outras cidades catarinenses, como Governador Celso Ramos, Rodeio e Rio dos Cedros. Porém, a pandemia freou a realização de retiros por um período.
“Além dos retiros, nós realizamos também o ‘Get Together’. Vamos para um sítio no Holstein, em Guabiruba. Já fizemos cinco edições. Vamos em um sábado de manhã e passamos o dia lá. Temos gincana bíblica, mímica e brincadeiras junto com louvor e meditação”, comenta.
Além dos grupos de jovens, há também atividades da comunidade luterana voltadas aos casais. O casal Gilberto Matheus e Claci Imhof Matheus atua na organização do Reencontro de Casais.
Gilberto é de origem católica, mas não era praticante. Inclusive, o casamento foi celebrado em uma igreja católica. No entanto, Claci já era luterana e os dois passaram a frequentar juntos os cultos luteranos e a participar da comunidade.
“O pastor Cláudio veio para Brusque em 1997 e convidou cinco casais para ir a ‘um lugar onde tudo pode acontecer’. Fomos para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, conhecer o Reencontro de Casais. Fomos em três carros”, conta Gilberto.
Tudo o que acontece no retiro não pode ser revelado, justamente para não estragar a experiência de futuros participantes. Sendo assim, na hora de convidar algum casal para participar, a organização do retiro diz que é “um lugar onde tudo pode acontecer”.
Após participar do retiro em São Leopoldo, o casal insistiu para que o Reencontro de Casais viesse para Brusque para que outras pessoas da comunidade na região tivessem a experiência de participar do retiro. Claci relata que a avaliação dos participantes é sempre positiva.
“Fizemos no estilo que eles fizeram lá [em São Leopoldo]. Trabalhamos o ano inteiro desde quando voltamos de lá até quando realizamos o retiro em setembro”, diz Claci. Os casais que participam são sempre convidados. O Reencontro de Casais acontece uma vez por ano, geralmente no meio do ano.