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#1 Intimidades: primeira-dama de Brusque fala sobre família, negócios e política

Fabiana Letícia de Sousa, de 48 anos, abre a temporada de Intimidades no jornal O Município. Trata-se de um especial com dez entrevistas que serão veiculadas às terças-feiras na coluna André Groh e destacarão perfis relevantes da região, além de contar um pouco sobre a vida pessoal de cada um deles.

No seu mapa astral, a primeira impressão é que se trata de uma mulher numa perfeita harmonia entre fogo e água. “Quando algo me desagrada, meu semblante deixa transparecer”, em suas palavras, descreve a perfeita influência do fogo ariano em seu mapa astral, e de que não é gente de meias palavras.

Mas ela garante ser tranquila, e o que segura um pouco esses ânimos e fogo ariano, sem dúvida, é o ascendente em Peixes – pura água, emoção e tranquilidade.

Seu pai, Rosemir Antônio de Souza, é descendente de português, e a mãe, Laudeci André de Sousa, é descendente de italianos. Nasceu e cresceu na região metropolitana da Grande Florianópolis, numa família simples, como ela mesma descreve, e é a primeira de quatro filhos.

Natural da capital, mudou-se aos 2 anos para Biguaçu e somente retornou a morar em Florianópolis quando conheceu Ari Vequi, em 2010. Em Brusque, está há pouco mais de 1 ano, desde quando Vequi assumiu a prefeitura.

Hoje moram numa casa no bairro Santa Terezinha, local que também é sede do seu ateliê de moda, o Le Cryss, que vende pelo Instagram e por uma vendedora informal em Florianópolis.

Esta é a primeira vez que a empresária e atual primeira-dama do município aceita um convite para entrevista.

A discreta empresária Fabiana Letícia de Sousa aceita pela primeira vez um convite para entrevista. Fotos Ricardo Ranguetti

Áries com lua em Áries, fogo puro do zodíaco.
Com o tempo aprendi a amadurecer e a policiar esse lado explosivo, que já não é mais tão intenso. Às vezes escapa o que não deveria ter falado e passa um arrependimento. É um processo de evolução.

Como é ser a filha mais velha?
Meus pais se divorciaram quando eu tinha 13 anos e minha mãe nos criou praticamente sozinha. O meu pai veio a falecer aos  48 anos e hoje não tenho mais tanto contato com essa parte da família. Nossa relação de irmãos é muito boa, a Michele tem 46 anos, Renata 40 e o Fabricio tem 37 anos. Crescemos todos juntos. O Fabrício é o mais quietão, agora vai ser pai e ficamos felizes. Nos preocupávamos que ele pudesse ficar na asa da minha mãe [risos]. Em geral, nos falamos sempre e eles me cobram que devo ir mais a Florianópolis para visitá-los. Quando me mudei para Brusque, senti muito, porque temos uma relação muito próxima.

Como foi essa infância em Biguaçu?
Muito parecido com o que imagino que poderia ter sido em Brusque na mesma época. Tínhamos um censo de comunidade muito forte, todos se conheciam. As crianças brincavam na rua, não tinha violência. Acho que não era muito diferente daqui.

Se eu perguntasse quem é a Fabiana para teus irmãos, o que eles poderiam responder?
Metida [risos]. Me meto em tudo, todo mundo diz que tenho cara de brava. Mas não me acho brava. Acho que é porque gosto que tudo dê certo sempre, então sempre tento resolver os problemas de todo mundo. Muitas vezes na casa da minha mãe eles até dizem ‘ah, não conta pra Fabi’. Eu penso ‘gente, será que sou tão ruim assim?’. Mas meu outro lado responde que sempre tento resolver a vida de todo mundo. Sou meio metida.

Você tem isso em casa ainda?
Tenho, o Ari já está até acostumado. Tem coisas que nem passo pra ele, só o que não consigo resolver mesmo.

Foi morando em Biguaçu que você conheceu o Ari?
Foi num aniversário, através de uma amiga em comum. Em 2010, fomos morar no norte de Florianópolis, em Jurerê. Não somos casados oficialmente, mas vivemos da mesma maneira como se estivéssemos. Ele já teve um casamento, eu também, e depois nos encontramos e resolvemos morar juntos.

Não quis ter filhos?
Teve uma época que até quis. Não que fosse uma vontade, mas com 46 anos o relógio biológico começou a cobrar. E minha ginecologista disse que até os 47 anos teria que ser mãe, caso optasse. Mas o tempo foi passando e agora não dá mais. Curto muito meus sobrinhos, também tenho o Paulo (filho do primeiro casamento de Ari Vequi), que conheci quando era pequeno, e somos bem próximos. Ele é muito educado, querido e sempre está com a gente. Nós três saímos juntos para festas e nos divertimos muito juntos.

Sua vida profissional é pautada pelo mundo da moda. Como que esse mercado se inseriu na sua vida?
Aos 19 anos, eu estava desempregada e, na época, minha mãe tinha uma facção. Ela convidou para trabalharmos juntas e foi quando aprendi a fazer modelagem, costurar e passei a me interessar pelo ramo. No ano seguinte eu criei uma confecção de pijamas. O negócio durou dois anos. Teve uma época que em Florianópolis estava muito difícil o ramo da confecção. Em 2008 desisti da área e fui trabalhar na Assembleia Legislativa como secretária da presidência e fiquei por 9 anos. Mas estava sentindo falta dessa parte da criatividade. Neste período, a minha psicóloga identificou essa falta. Ela gostava do que eu vestia e tínhamos o mesmo perfil de roupa. Foi quando ela fez uma proposta para criarmos uma marca juntas. Analisei por seis meses e topei.

Foi quando surgiu a Le Cryss?
Sim. É uma marca de roupas para mulheres da minha idade, com peças confortáveis, explorando tecido plano. Mas a sociedade durou 1 ano. Minha psicóloga desistiu para focar somente na clínica. Pensei em desistir também, mas ela me motivou a continuar. ‘Não quero que você desista, é um sonho meu e um sonho teu, quero que você continue’, ela me disse. E acabei continuando.

É interessante o papel da psicóloga nessa fase da sua vida.
Sim, ela foi importante, conseguiu resgatar o que estava adormecido há muito tempo. Cheguei a ter um processo de ansiedade, pois estava longe do que eu realmente amava, que é produzir roupas. Eu amo essa parte de criatividade, costurar e produzir. Foi muito importante essa conexão.

Tem mais pessoas no ateliê?
Minha mãe me ajuda em Biguaçu. Quando tenho um certo volume de peças cortadas ela me ajuda. Também tenho a Cristina, que me ajuda com vendas em Florianópolis. Cheguei a ter um ponto na avenida Madre Benvenuta, em Florianópolis, mas fechei durante a pandemia.

Quais são suas referências na moda?
Eu adoro a Farm, me inspiro nas estampas e nos modelos amplos. Mas sempre faço uma pesquisa em geral. É uma moda atemporal, que gosto e tem meu perfil. Teve uma época que até pensei em mudar o nome da marca. Mas minhas amigas motivaram a continuar com o mesmo e resolvi manter.

Como foi o ano eleitoral para você?
Ari e eu somos bem parceiros e eu tomo muito as dores dele. Mesmo estando em Florianópolis predominantemente nesta época, meus pensamentos estavam aqui e eu buscava me fazer presente de algum modo para não o deixar sozinho e dar algum suporte. Fiquei lá porque não sabia do futuro e estava completamente instalada com o ateliê. Trazer tudo pra cá seria complicado. Mas com a eleição resolvi me adaptar aqui, porque seriam mais quatro anos indo e vindo. Foi a melhor escolha e me ajuda no meu negócio também, porque meus fornecedores sempre estiveram em Brusque.

Que suporte foi esse? Emocional?
Principalmente.

Ele traz um pouco da rotina da prefeitura para você?
Bastante. Quase sempre. Acabo sendo um suporte, porque os dias não são muito fáceis na prefeitura. Ele chega em casa e precisa descarregar alguma coisa que passa lá e acabo sendo os ouvidos dele. É natural.

Já imaginou que seria primeira dama alguma vez na vida?
Não, nunca imaginei. A principio teve uma resistência da minha parte. Sou muito reservada e me preocupava essa invasão de inicio. Mas agora já aprendi a lidar com isso. No inicio, eu não gostava que me chamava de primeira-dama, tinha algumas resistências desta figura. Agora, já estou acostumada.

O que mais mudou neste último ano?
Tudo, quando Ari era vice-prefeito, eu tinha espaço só pra mim, estava só fim de semana em Brusque. Passava a semana com minha programação e, agora, tem dias que nem tenho tempo para a confecção.

Como é administrar essa agenda?
Sempre fui muito participativa na vida política do Ari, mesmo antes dele ser vice-prefeito. Como vice, essa agenda ficou mais intensa, mas nada comparado a de hoje. E fora da agenda dele, tenho a minha, e busco conciliar tudo para estarmos juntos. Acaba sobrando pouco tempo pra mim às vezes. Mas sempre foi tudo bem tranquilo, todos os acontecimentos foram legais. As pessoas me recebem muito bem. O saldo é positivo.

Sente um pouco por ter que abrir sua agenda para abrir a de primeira-dama?
Nem paro pra pensar. Só vejo quando foi. Às vezes passam semanas e começo a lembrar que preciso colocar a conversa em dia com um monte de amigos.

As pessoas solicitam demandas da prefeitura para você?
Sim, de tudo. Obra pública, vagas no hospital. Sempre dei muita liberdade para todo mundo. Sou muito acessível. As pessoas têm liberdade para chegar pra mim e pedir o que precisam e eu tento resolver da melhor maneira. Se for inviável, também sou bem direta.

A.G.: Como é o Ari?
É um sagitariano nato. E sempre foi muito calmo, também. Já eu sou essa trovoada que te falo. Tudo agrada ele. Eu que sou bem chata, quero que ele se cuide. Tadinho, pego bastante no pé dele e monitoro para fazer atividade física e se alimentar bem.

Você participa de algum projeto social?
Não estou ativamente em nenhum. Sou nova na cidade e, com a confecção, não consigo me dedicar assiduamente a alguma causa, porque teria que abandonar meu negócio para estar lá todos os dias. Então, não abracei nenhuma causa ainda, mas nos bastidores sou uma apoiadora bem ativa. Meu nome pode não estar a frente, mas por trás eu ajudo de alguma maneira. Ajudo da maneira que posso e prefiro que não ocorra nenhuma exposição. Sou muito intensa em tudo. As pessoas me perguntam porque não trabalho em alguma causa social. Já me perguntaram até porque não quis assumir a secretaria de assistência social. Respondo que é porque não tenho formação na área. Se entrar num projeto, tem que ser por completo, não consigo ser por metade.