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Brusquense conta que “renasce” após vencer gravidez de risco

Em uma gravidez de risco, Mailin Eckert, 40, passou por uma difícil jornada durante os meses de gestação. Moradora de Brusque há 22 anos, ela desenvolveu uma condição rara chamada de Placenta Percreta, após o embrião se desenvolver na cicatriz de uma cesária que foi realizada no passado. Foi recomendado, por quatro profissionais, que fosse realizado o aborto pelo alto risco da condição. A placenta de Mailin se comportara como um tumor, rasgando o útero e envolvendo a bexiga.

Mesmo com a situação instável, a família optou por continuar com a gestação. “Deixamos na vontade de Deus e que fosse realizada a vontade dele”, afirma Mailin.

A gestante foi encaminhada para o Hospital Santo Antônio, em Blumenau, num setor de alto risco para que a condição fosse acompanhada pela supervisão do corpo clínico. Este foi o momento em que Mailin encontrou, novamente, a esperança. Mesmo torcendo pelo melhor, as prospecções não eram das melhores.

“Eu estava a gestação inteira chorando, achando que não voltaria mais para casa, depois de ler tanta coisa na internet a gente acaba ficando apavorada”, disse. Após acompanhamento profissional, o médico garantiu que a gestação não terminaria de maneira traumática.

Com 30 semanas, Mailin foi internada por precaução para que fosse observada diariamente. A medida foi tomada para que ela não entrasse em trabalho de parto precocemente, tendo em vista que além da placenta estar em condição percreta, tornou-se uma prévia total, ou seja, cobriu totalmente o colo do útero. Se a gestante entrasse em trabalho de parto, não seria possível sentir porque o líquido não escorreria por estar coberto.

“Fui internada no dia 16 de agosto e a cesária estava marcada para 29 do mesmo mês. Minha cirurgia foi realizada por diversos médicos, alguns alunos e contou com a imprensa local, que realizou uma cobertura”, disse. “A cirurgia começou de manhã cedo e terminou por volta das 13h. O bebê nasceu bem. Sangrei bastante, como já era esperado. Recebi quatro bolsas de sangue e, durante o procedimento, também foi retirada uma parte da minha bexiga”, completou Mailin.

Após uma cirurgia complexa, Mailin e o bebê Leonardo passaram ambos por um período de recuperação. “Como foi necessária a aplicação de anestesia geral durante o procedimento, porque eu sentia os cortes, o bebê nasceu anestesiado. Ele foi encaminhado para a UTI neo-natal, e eu para a UTI, ficando 24h em observação para monitorar possíveis novos sangramentos”, relatou Mailin.

O caso de Mailin Eckert é um respiro à esperança, mesmo quando a situação aparenta não ter mais saída. Mesmo após conseguir passar pelo período de gestação, ela ainda carrega as cicatrizes. “Foram retirados meu útero e minha trompa, além do colo do útero. Na hora da cicatrização do local, a minha bexiga acabou cicatrizando juntamente com o canal vaginal, formando uma fístola, porém a situação pode ser corrigida com cirurgia após a recuperação e o tratamento de oxigenação dentro da câmara hiperbárica”, disse Mailin.

Pelos poucos casos do mundo, a situação delicada acabou virando uma história de superação. “Esta história vir a público pode ajudar outras pessoas que estão passando por situação parecida, para que não desistam. A vida do meu bebê, mesmo após um caminho difícil, está perfeita”, finalizou Mailin.

Colaborou Cainã de Moraes