X
X

Buscar

Animais silvestres feridos são capturados com frequência em Brusque

Órgãos ambientais e de segurança são responsáveis por encaminhá-los ao atendimento veterinário

A cada segundo, 15 animais silvestres morrem nas rodovias brasileiras devido a atropelamentos. O que representa, diariamente, mais de 1,3 milhões de mortes. Os dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia nas Estradas (CBEE) revelam também que, ao final de cada ano, até 475 milhões de animais são atropelados e perdem a vida no país. Em Brusque, não há registros sobre a quantidade, ainda assim, órgãos ambientais e de segurança garantem que os atendimentos a animais silvestres, não apenas após atropelamentos como também em decorrência de outros problemas, são comuns.

A capivara ainda lidera a lista dos animais que mais sofrem atropelamentos no município. Na quinta-feira passada, um veículo atropelou uma fêmea na avenida Bepe Roza, a Beira Rio, próximo ao Kartódromo Municipal. A Polícia Militar foi acionada e, posteriormente, acionou a Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), que levou o animal ao Hospital Veterinário SOS Animais.

Para além dos atropelamentos, outros atendimentos também são prestados pela Fundema. Recentemente, de acordo com o fiscal Faues Vinícius Medeiros, o órgão foi acionado por uma família que encontrou um gambá na piscina de casa. Medeiros diz que o animal estava estressado de tanto nadar, mas não apresentava problemas maiores. O que possibilitou a captura e a soltura, logo em seguida, na RPPN Chácara Edith.

No SOS Animais, segundo o médico veterinário e proprietário, Edson Rogério de Souza, os atendimentos são habituais, principalmente porque o hospital veterinário atende gratuitamente – sob a condição de que sejam devolvidos à natureza após o tratamento – animais silvestres que são encontrados nas ruas ou na natureza e que apresentam algum ferimento ou doença. Na semana passada, o SOS devolveu à natureza um gavião da espécie carcará que havia sido levado pelo Corpo de Bombeiros.

“Ele tinha ficado aqui de 15 a 20 dias fazendo tratamento e quando ficou 100% nós devolvemos à natureza. Soltamos também recentemente um outro gavião e um lagarto. O lagarto chegou aqui com ferimentos de foice. Suturamos os machucados, ele ficou cinco dias aqui e soltamos. Também atendemos bastante corujas. Para soltar, escolhemos lugares com bastante vegetação, como o Parque Nacional da Serra do Itajaí, próximo à região de Guabiruba”, explica.

Órgãos ambientais e de segurança atuam de maneiras distintas

Os atendimentos aos animais silvestres variam conforme o órgão ambiental ou de segurança. Enquanto alguns órgãos recolhem imediatamente e encaminham ao atendimento especializado, outros precisam passar por mais etapas até o atendimento definitivo no hospital veterinário.

Quando a Fundema é acionada devido a atropelamentos ou outros problemas relacionados à saúde do animal, os fiscais se dirigem ao local – com um dos quatro veículos disponíveis -, o recolhem e o levam para o SOS Animais. Medeiros, fiscal da Fundema, explica que a escolha do hospital veterinário deve-se ao atendimento gratuito prestado pelo local.

“Tentamos fazer o atendimento o mais breve possível porque sabemos que, por vezes, a situação do animal é complicada. Mas nem sempre temos a viatura naquele momento, porque elas estão em outro atendimento ou na mecânica. Quando acontece isso, pedimos à pessoa que nos ligou para ela mesmo encaminhar o animal para o SOS Animais”, explica.

O parque Zoobotânico também recebe ligações solicitando atendimento aos animais silvestres. Segundo o biólogo Rodrigo de Souza, as solicitações diminuíram devido às orientações dos biólogos quanto ao atendimento correto: o solicitante precisa ligar para a Fundema, já que o Zoobotânico não pode recolher os animais.

Assim como a Fundema, o Corpo de Bombeiros de Brusque também encaminha os animais silvestres para o SOS Animais. No caso de atendimento a animais domésticos, por outro lado, o órgão entra em contato com a Associação Brusquense de Proteção aos Animais (Acapra) que, por sua vez, orienta o encaminhamento.

Diferente dos outros órgãos, a Polícia Militar não encaminha o animal silvestre ou aciona diretamente a Fundema ou o Corpo de Bombeiros. O major Otávio Manoel Ferreira Filho, chefe do setor de trânsito da Polícia Militar, explica que, em relação a atropelamentos, a guarnição aciona a Central de Operações Policias Militares (Copom). É de responsabilidade da central entrar em contato com os órgãos específicos para o atendimento do animal.
Preparo

O atendimento especializado prestados pelas clínicas do município a animais silvestres ainda é restrito. Apenas o SOS Animais recebe os bichos. Segundo o médico veterinário e proprietário, Edson Rogério de Souza, a carência não está relacionada a materiais específicos de atendimento, mas ao preparo dos profissionais.

“O curso de Medicina Veterinária dá ênfase em especial aos animais domésticos. Se o profissional quiser atender os silvestres ele tem de buscar cursos e estágios específicos para ter o conhecimento. O que vem da faculdade não é suficiente porque os animais silvestres têm toda uma fisiologia diferente e uma resposta diferente em relação aos medicamentos”, diz.

Saiba como agir

Quando um animal silvestre é atropelado ou encontrado em situação de risco, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) orienta a pessoa a ligar para o órgão ambiental da cidade (em Brusque, para a Fundema 8873-1826 ou 3355-6193) ou para o Corpo de Bombeiros (193).