Anita Garibaldi e a reprodução do seu único vestido ainda preservado
Ana Maria de Jesus Ribeiro, ou Anita Garibaldi, nossa heroína catarinense, nasceu em Laguna em 30/08/1821, e morreu em Mandriole, Ravenna, Itália, em 4/8/1849. Fez história no Brasil e Itália com o marido italiano Giuseppe Garibaldi. Existe uma única vestimenta que pertenceu a Anita Garibaldi, usada por ela poucos dias antes de sua morte, que […]
Ana Maria de Jesus Ribeiro, ou Anita Garibaldi, nossa heroína catarinense, nasceu em Laguna em 30/08/1821, e morreu em Mandriole, Ravenna, Itália, em 4/8/1849. Fez história no Brasil e Itália com o marido italiano Giuseppe Garibaldi. Existe uma única vestimenta que pertenceu a Anita Garibaldi, usada por ela poucos dias antes de sua morte, que ainda está preservada em San Marino, na Europa. Esse traje foi disponibilizado à UNIFEBE pelo Museo di Stato de San Marino para a pesquisa intitulada: “A reprodutibilidade do traje de Anita Garibaldi e a sua contribuição para o processo de aprendizagem significativa”.
Em 2022 e 2023, as pesquisadoras da Unifebe, professoras Edinéia (2022) e Rosemari (2023), coletaram informações sobre o traje de Anita Garibaldi, como os detalhes da padronagem, medidas do traje, e o rapport – os elementos do design da estampa, visuais ou táteis que criam uma representação com foco na unidade, na continuidade, no preenchimento, e no ritmo da superfície têxtil.
A UNIFEBE recebeu, em doação do Museo, na minha pessoa (2023), amostras dos fios do tecido original que sobraram do restauro do traje. Em Brusque, os engenheiros têxteis envolvidos na pesquisa realizaram a análise laboratorial das amostras dos fios e, assim, foi identificada a composição do tecido utilizado no traje original, que é de seda. A partir dos estudos detalhados sobre a estrutura, o tecido foi reproduzido por uma empresa parceira da UNIFEBE, utilizando a tecnologia jacquard. Os elementos da padronagem foram reproduzidos com fidelidade ao original, e o rapport foi o destaque do produto, conferindo características de toque e caimento ao tecido, que se aproximou muito às características do traje preservado no Museo di Stato de San Marino.
Os estudos das técnicas históricas de montagem contribuíram para a compreensão da modelagem. Constatou-se que ela possibilita o traje se adequar em diferentes silhuetas, garantindo a ergonomia e a sustentabilidade, pois o mesmo vestido, da forma como foi modelado, possibilita vestir mulheres que utilizam diferentes tamanhos de roupas (silhueta do tamanho 34 ao 44).
Os estudos das costuras da época em que o traje de Anita Garibaldi foi confeccionado (1849), permitiram conhecer as estratégias de vestibilidades do traje. Foi possível chegar às medidas do corpo de Anita, pois o traje, constituído por saia e corpete, foi reproduzido utilizando as proporções corporais das peças originais, aferidas na pesquisa de campo. A partir das medidas da roupa, foi possível materializar as medidas do corpo de Anita em um manequim..
A ergonomia presente no cós admite que a saia vista adequadamente uma gestante (Anita estava gestante de 6 meses quando morreu), respeitando as formas da barriga e o seu crescimento. O corpete apresenta versatilidade, com suas formas e recortes, se adequando aos volumes do tronco, em razão dos recortes da modelagem, já não encontradas nas peças atuais. Essas características mostram o respeito com as formas do corpo em harmonia com a usabilidade dos produtos que se tinha na época.
O traje de Anita, ainda preservado, representa, de forma simples e clara, a importância que o vestuário possuía para a humanidade, e as fases de sua evolução. Considerando que os recursos eram limitados, é inspirador analisar a forma como os produtos eram pensados e desenvolvidos em determinada época.
Em dezembro de 2023, os professores envolvidos no projeto, Wallace da Nóbrega Lopo, Daniel Goulart, Edinéia Pereira da Silva e Rosemari Glatz, todos da UNIFEBE, apresentaram, em evento on-line, as etapas da pesquisa e os resultados alcançados. Em maio de 2024, as pesquisadoras Edineia e Rosemari apresentam as etapas e os resultados da pesquisa em Mandriole (Ravenna, onde Anita morreu), e em Cesena, na Itália, e na República de San Marino.