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Antes de se tornar loteamento, área do bairro era a fazenda da família Maluche

Casa de Antônio Maluche resiste ao tempo e permanece em pé na rua Augusto Bauer

Antes de se tornar um loteamento e, posteriormente, um bairro, a área do Jardim Maluche era uma grande fazenda, cercada por muito verde, com criação de gado, diversas plantações, engenho de farinha, alambiques e serraria. Tinha também um casarão, residência da família Maluche, que resiste ao tempo – passou por reformas, mas preserva a arquitetura original, datada do início do século passado.

Veronica Maluche Loos, neta de Antonio Maluche, guarda lembranças da infância vivida na fazenda do avô. “O portão ficava onde hoje é a loja da Calçados Gevaerd, no fim da rua Pedro Werner. Abria o portão, ia até a casa dos meus avós, que está até hoje na rua Augusto Bauer”, relembra.

Casa da Fazenda, na Augusto Bauer, já foi sede do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) | Natália Huf

Antonio, como conta a neta Veronica, veio de Lages para Brusque. Na Serra, ele já possuía uma fazenda, e mudou-se para o Vale quando comprou terras onde hoje é o bairro Limoeiro. Foi só mais tarde que adquiriu a propriedade que viria a se tornar o Jardim Maluche. Ele permaneceu na cidade após casar-se com Carolina Cunha, com quem teve os filhos Bruno, Winiton, Oscar e Laura.

Os quatro irmãos foram os idealizadores do loteamento. Buscaram em Blumenau um especialista para fazer o projeto, o engenheiro Wladislau Rodacki, que trouxe ideias inovadoras. Eduardo Loos, filho de Veronica, pontua: “O loteamento foi um projeto muito avançado para a época. Antes da ponte, só ia para o bairro quem era morador”. Ele recorda que, nos tempos de infância, a família morava na casa ao lado da casa da fazenda, também na Augusto Bauer. “Eu brincava na rua, tinha pouco comércio e movimentação.”

Transição para o loteamento
Na época, Eduardo comenta que poucas ruas tinham calçamento. “Praticamente só a Augusto Bauer. O resto era estrada de barro.” Todos os terrenos baldios e lotes não ocupados eram transformados pelas crianças em campinhos de futebol.

Após a inauguração da ponte Antônio Nicolau Maluche (popular ponte do Maluche), em 1985, o bairro se tornou uma via de acesso para outras regiões de Brusque. Veronica conta que participou da solenidade de inauguração e aproveitou a ocasião para dizer como foram visionários seu pai e seus tios, com a proposta do loteamento projetado, com ruas largas, já imaginando que, futuramente, todos teriam carros e que esse seria o principal meio de transporte nas cidades.

Calçamento da rua Jorge Lacerda | Acervo Casa de Brusque

Antes disso, o acesso ao loteamento era feito apenas pelas ruas Pedro Werner e Dom Joaquim. O restante das ruas do bairro foi calçado ou asfaltado apenas na década de 1990, quando o Jardim Maluche já era um local de ligação entre o Centro e outros bairros.

A praça José Celso Bonatelli, conhecida como pracinha do Maluche, foi inaugurada pouco depois, em 1988. “No início, a cidade toda ia para lá aos domingos. Não tinha lugar para deixar o carro”, afirma Eduardo. “Mas tinha mais atrativos, tinha um lago com peixes, outras coisas para as pessoas se divertirem.”

“As mudanças aconteceram muito rapidamente, em 50 anos o bairro se fez como está hoje”, afirma Veronica. Porém, segundo ela, as maiores mudanças aconteceram mais tarde, após a inauguração da ponte. “Antes, tudo era mais devagar. Tenho muitas lembranças da minha juventude, na fazenda, no loteamento. Vi cada uma das casas ser construída.”