Apertar o Reset
O Brusque retoma seu caminho depois do título da Série D e provoca preocupação e até revolta do torcedor. Passada a festa, o time não encontra seu futebol na Copa Santa Catarina, e pior: mostra falhas grotescas e o esquema tático envolvente de pouco mais de um mês atrás derreteu.
O time não consegue mais desenhar jogadas pelo meio, abusa da ligação direta e não consegue mais se organizar na defesa. Na última partida, na derrota para o sub-23 do Figueirense, que mal está treinando por falta de pagamento de salários, lavanderia e transporte, o Brusque tomou um gol que originou de um arremesso lateral nas costas do defensor. É um negócio altamente preocupante. Nem no Estadual o time era tão bagunçado.
É preciso ter uma coisa em mente: a Série D acabou. Logo, o time precisa começar a se planejar como time da Série C, e entrar forte no ano que vem, e isso inclui uma avaliação de todo o plantel, seja aqueles que permaneceram e aqueles que estão vindo. O clube está fazendo muitas apostas, com jogadores até desconhecidos por aqui e que disputaram torneios de pouca expressão que estão sendo testados.
Hamilton, o mais badalado deles, até pelo fato de ter sido vice-artilheiro do Brasileiro, é uma decepção só: está jogando na posição errada e ainda perde um caminhão de gols. Como ele já declarou que quer voltar para o Norte no final do ano, então é melhor já nem contar com ele para um planejamento 2020. Aliás, ele está é merecendo um banco de reservas, de tanto que erra em campo. Robert, o melhor dos novos contratados e que mostra algum diferencial, ficou no banco no último jogo.
Precisamos também falar do trabalho de Evandro Guimarães. Ele desmontou todo um trabalho deixado por Waguinho Dias e hoje, o que se vê em campo é um amontoado de jogadores chutando a bola para a frente para ver no que dá.
O time teve alguns instantes de lucidez no segundo tempo da partida contra o Tubarão. Depois, foi só tristeza: não conseguiu vencer o sub-20 do Joinville (que arrancou um empate nos acréscimos do Fluminense do Itaum na semana passada) perdendo chances incríveis, arrumou um empate no final contra o frágil Almirante Barroso, e depois veio o papelão contra o Figueira. Conhecendo a diretoria como conheço, que já demitiu técnico com apenas três partidas durante três temporadas seguidas, um tropeço contra o sub-20 do Avaí (que é um time bem arrumado), vai provocar mudanças.
Mudanças que precisam vir. É hora de apertar o reset e começar o trabalho de novo. Tem tempo pra isso. O Brusque é o vice-lanterna da Copa Santa Catarina e começa muito mal o seu trabalho de preparação para a próxima temporada. O clube fez apostas demais na remontagem do plantel, investiu em um treinador desconhecido que vem de um retrospecto muito ruim nas últimas duas temporadas, perdeu todo o padrão tático e, principalmente, o brilho daquele time campeão nacional que jogava com uma tremenda facilidade. Vou repetir aqui: a Série D acabou e é hora do Brusque se comportar como time de outro patamar.
Alagoano
O Brusque anunciou com pompa a renovação de contrato de Thiago Alagoano, um dos principais nomes do time campeão da Série D. Sem dúvida, é um reforço de qualidade do time. Mas, segundo o seu empresário na rede social, o jogador foi liberado apenas para a disputa da Copa Santa Catarina. Ou seja, até segunda ordem, não está garantido para a temporada do ano que vem. Quem não ficará também é Jeferson Renan, que jogará o carioca pelo Boavista.
Titular
Edilson, lateral que pertence ao Bruscão e está emprestado para a Ponte Preta, virou titular do time com a chegada de Gilson Kleina. Mas o time da Macaca sofre uma oscilação na Série B e vem de duas derrotas seguidas. Já Junior Pirambu sofre com a grande queda de rendimento do Londrina. O time como um todo é fraco e a bola mal chega no ataque. Vinha de cinco derrotas seguidas e ganhou a última graças a duas entregadas monstras da defesa do Coritiba.
Na CBF
O presidente do Brusque, Danilo Rezini, recebeu a incumbência de representar todos os clubes da Série D deste ano no Conselho Nacional de clubes da CBF, uma entidade consultiva que recebe as reinvindicações e as encaminha para a cúpula da Confederação. Entre elas, está o pedido para que a Série C do ano que vem tenha a mesma fórmula de pontos corridos das Séries A e B. Isso garantiria um calendário de 38 rodadas até o final do ano, com mais facilidade para a venda de direitos de TV e patrocínios. Eu acho que será muito complicado para a CBF aceitar. Mas existem outras formas de dar uma incrementada: por exemplo, a adoção de dois quadrangulares entre os classificados para a definição dos acessos. Hoje, apenas um mata-mata define quem vai para a Série B.
Crise
O futebol catarinense passa por uma crise sem precedentes. Apenas o Brusque tem motivos para comemorar em 2019. A Série A tem Avaí e Chapecoense nas últimas colocações, correndo risco enorme de deixar o Estado fora da elite do Brasileirão, algo que não acontece desde 2002. Na B, o Criciúma de Waguinho Dias (que mal chegou e já está sendo bem questionado lá) e o Figueirense, que sofre com uma gestão incompetente e que teve até WO em uma partida, estão na zona de rebaixamento para a C, podendo até ser adversários do Bruscão no ano que vem. É uma situação altamente complicada, e que pode acabar numa perda de exposição do futebol aqui do Estado.