Apesar da pandemia, volume de negócios da construção civil cresce em Brusque

Setor é único que registra saldo positivo de empregos na cidade; entenda os motivos

Apesar da pandemia, volume de negócios da construção civil cresce em Brusque

Setor é único que registra saldo positivo de empregos na cidade; entenda os motivos

No sentido contrário em relação à maioria dos setores da economia, a construção civil registrou aumento do volume de negócios e também de empregos nos últimos meses, quando a pandemia de Covid-19 se alastrou pelo Brasil.

No início da pandemia, a construção civil registrou o mês de março com menor número de demissões em oito anos, em Brusque. Atualmente, o setor é disparado o que tem melhores números de geração de vagas de trabalho na cidade – em junho, o saldo foi positivo de 104, enquanto comércio, indústria e serviços demitiram mais do que contrataram.

O crescimento do volume de negócios empolga as empresas brusquense do setor. Proprietária da Vanifer, empresa que produz estribos, vigas, entre outros, Ivanir Vanat conta que os negócios cresceram entre 5% e 8% e que não param de aumentar.

“Não sentimos como os outros setores, percebemos crescimento nas vendas. Quanto à construção civil, ela cresceu durante os últimos meses, e está aquecendo cada vez mais”.

A expectativa do setor, segundo Ivanir, é que o crescimento seja ainda maior no futuro próximo. “Quem não estiver preparado, vai ficar para trás. O que ouvimos é que a construção civil vai bombar. Teve o auxílio emergencial, a liberação do FGTS. As pessoas estão investindo”, afirma.

A empresa de Ivanir contratou seis funcionários durante a última semana para conseguir cumprir com todas as demandas. Além disso, ela conta que a Vanifer teve que abrir um segundo turno de trabalho, com trabalhos das 5h as 22h.

Ascensão projetada antes da pandemia

Proprietário da Estrucon Engenharia e Construções, Antônio César Moresco afirma que o setor já projetava uma ascensão em 2020 mesmo antes da pandemia. Ele conta que houve algum impacto na construção civil no começo das restrições pela Covid-19 no Brasil, em março, que outros estados foram mais afetados por terem medidas de segurança mais rígidas. Ele destaca que a alternativa encontrada foi utilizar este tempo para se planejar.

“Neste período de pandemia, as construtoras tiveram tempo para repensar algumas coisas e poder voltar mais fortes depois da retomada. A gente tinha alguns projetos engavetados e alteramos de forma que a imaginávamos que o mercado iria retornar. Esta grande ascensão que iniciou-se tem relação direta com a queda de juros e o isolamento social. O pessoal ficando mais em casa, começa a investir mais ali”.

A empresa voltou a contratar recentemente e espera continua nesse ritmo acelerado. A expectativa é que o setor continue crescendo. Moresco destaca que as empresas têm que estar preparadas para lidar com a aceleração do volume de negócios do setor.

“Eu vejo como um crescimento constante para o futuro. Com certeza, ano que vem vai estar mais aquecido ainda e a gente vai ter problemas com aumento do preço da matéria-prima e o fato da mão-de-obra que está bem carente. Vamos precisar ter investimentos em qualificação de mão-de-obra e equipamentos”, analisa o empresário.

Programas do governo impulsionam setor

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário de Brusque (Sinduscon), Fernando José de Oliveira acredita que o dinheiro que entrou no mercado através das medidas do poder público pode ter influenciado o aumento dos negócios no setor.

“Muitos pequenos negócios foram feitos por causa desse dinheiro inesperado, e isto incrementou o setor de construção civil. As construtoras também conseguiram fechar muitos contratos”.

Oliveira identifica muitos empresários de outros estados, principalmente do agronegócio do Centro-Oeste, Oeste de Santa Catarina e Norte do Paraná, investindo na construção de imóveis no litoral de Santa Catarina, o que também acaba por aquecer o setor.

Como esses negócios são feitos a médio prazo, Oliveira entende que a construção civil não deve sofrer tanto até o ano que vem.

“Devemos continuar no mesmo ritmo, até porque não podemos parar os contratos de entrega de 2021 e 2022. Até por isso, o aquecimento por causa destes contratos que não tem como voltar atrás. Mantendo tudo em dia, não tem porque atrasar os prazos”.

No momento, a preocupação da construção civil é do aumento do preço dos insumos, mas o setor já se mobiliza para buscar uma solução.

“Entendemos como abusivo o aumento no preço dos insumos, como aço e do cimento, que foram bastante significativos. Estamos tentando reverter junto aos fabricantes e buscando importação de aço, como fizemos ano passado em Santa Catarina. Conseguiu vir aço da Turquia mais barato que o nacional em 2019”, detalha o presidente do Sinduscon.

 

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