Apesar de aposentado pela prefeitura, médico continua atendendo crianças com doença específica em Brusque

Joel Mendes é especialista em casos de Pé Torto Congênito

Apesar de aposentado pela prefeitura, médico continua atendendo crianças com doença específica em Brusque

Joel Mendes é especialista em casos de Pé Torto Congênito

Empenhado na sua profissão, o médico Joel Mendes, de 62 anos, já atua em Brusque há 35 anos. Nesse tempo, milhares de pessoas receberam atendimento. Em meio a tantos serviços prestados, um deles ainda é destaque. Mesmo aposentado pela prefeitura, Joel segue prestando assistência a famílias em que as crianças são diagnosticadas com a doença Pé Torto Congênito.

O médico soma 38 anos de profissão. Em Brusque, ele veio para trabalhar no hospital Evangélico, atual hospital Imigrantes, onde atuou por 25 anos. Desde 2000, Joel também desenvolve um trabalho de referência em ortopedia no hospital Dom Joaquim.

O médico recebe em seu consultório particular os encaminhamentos feitos via Sistema Único de Saúde (SUS). A medida, de acordo com ele, é para facilitar a vida das famílias, em relação a amamentação, deslocamento, tempo de espera e conforto para as crianças que ainda são muito novas.

“Essa doença quanto antes começar o tratamento, melhor será o resultado, então quando alguém chega nas Unidades Básicas, ou na Policlínica, as pessoas que atendem nesses locais já me ligam para sabermos o horário e eu atendo de forma imediata. É um tratamento diferenciado. Trato como gostaria que meus filhos e netos fossem tratados”, disse Joel.

Ele explica que além do empenho dele, enquanto profissional, o papel das famílias é de suma importância para o sucesso do tratamento. “A vitória da correção do Pé Torto Congênito não é só minha, ela depende muito da família. Felizmente nesses últimos anos eu tenho tido mães e pais dedicados, que se preocupam e levam a sério o tratamento”, afirma.

O médico destaca o sentimento que ele tem ao ver a evolução nos casos. “O meu sentimento de estar comandando uma correção, está prevenindo um problema grave na fase adulta dessa criança, é sim um sentimento muito bom, é uma satisfação muito grande, é gratificante. Os pés chegam tortos e depois de cinco meses em média estão corrigidos”, diz.

De acordo com Joel, nos últimos dois anos, 13 crianças diagnosticaram essa doença e chegaram até o consultório dele.

“A incidência na população mundial é em média de um caso de pé torto a cada mil nascimentos. É mais frequente no sexo masculino sendo a incidência de dois meninos para uma menina, acometendo 50% dos casos os dois pés e quando unilateral, é mais frequente acometer o pé direito. Não é raro esta deformidade, estar associada a outras, sendo mais comum, associada com alterações do desenvolvimento do quadril”, explica Joel.

Em relação ao tratamento, o médico explica que é feito através de gesso, que engloba desde a parte alta da coxa até ponta dos dedos do pé, sendo feito trocas semanais para que haja a correção progressiva. “O período ideal para iniciar o tratamento é em torno do 7º dia de vida e que se iniciado neste tempo, é possível que com oito a 10 trocas de gesso (2º e 3º mês de vida), o pezinho esteja praticamente corrigido”.

Cirurgia

De acordo com o médico, ao final deste período de trocas sucessivas e semanais de gesso, 70 a 90% das crianças precisam completar a correção com uma cirurgia no tendão de Aquiles, para que possa completar o movimento de flexão dorsal do pé e tornozelo, permitindo o apoio plantar adequado.

Gratidão da Secretaria de Saúde

O reconhecimento pelo trabalho de Joel, também vem da Secretaria de Saúde, por meio do secretário, Osvaldo Quirino de Souza e equipe.

“Somos gratos por esse trabalho que ele desenvolve até hoje. É uma vida dedicada à saúde da população, em especial com os nossos pequenos. A dinâmica que ele usa, esse conforto de atender no consultório particular, facilitando a vida das mamães e dos bebês, é algo que precisa ser valorizado. É um profissional que com certeza honra sua profissão e nos orgulha muito”, afirma o secretário.

Gratidão do paciente atendido

A mãe do Anthony, a Franciele Ragazzão, disse que quando recebeu o diagnóstico, foi um susto. “Assim que ele nasceu já percebemos que algo estava errado. Lá no hospital mesmo, já começamos a pesquisar sobre e descobrimos que poderia ser o Pé Torto Congênito (PTC). Isso nos deixou preocupados, foi desesperador saber a forma do tratamento, gessos e cirurgia”, afirma.

Franciele explicou que quando o Anthony tinha três dias de vida, ela procurou a Unidade Básica de Saúde do bairro e depois de um tempo consultaram com o médico Joel. “Não ficamos surpresos com o diagnóstico dado por ele, pois já tinha lido muito a respeito, já estávamos preparados para iniciar o tratamento o quanto antes”, diz.

No dia seguinte à consulta, o tratamento começou. Franciele lembra que inicialmente o gesso foi nos dois pés. Depois de uma semana, já foi preciso em apenas um.

A cirurgia foi realizada no dia 28 de outubro de 2021. A mãe conta que ele precisou ficar três semanas com gesso sem troca. E agora está na fase da órtese. “Sempre estamos em contato com o Dr. Joel, desde o início tivemos um atendimento excelente por ele e um cuidado e amor pelo trabalho que ele faz. Os resultados do Anthony estão bons, mesmo não tendo iniciado nos primeiros dias de vida o tratamento, ele respondeu muito bem. Neste momento, o indicado é que ele use a órtese por 23 horas por dia, tirando apenas para o banho”, conta.

Ela finaliza dizendo que todas as fases são importantes. As vezes doloridas para os pais, mas necessária. “E em todas as fases os pais precisam saber que é uma fase e passa, com muito amor, paciência e carinho. Sentimos o desconforto deles, isso nos dói, mas sabemos que é para o bem”, destaca.


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