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Após cinco anos, cresce o número de novas empresas em Brusque

Maior parte dos novos negócios é de microempreendedor individual

Dados fornecidos ao jornal O Município pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (Jucesc) revelam um crescimento do número de empresas constituídas em Brusque nos últimos anos, assim como uma melhora no saldo resultante do número de empresas abertas em relação ao número de empresas fechadas.

Segundo o relatório, foram constituídas 1.917 novas empresas em Brusque no ano passado, e 1.678 deram baixa, ou seja, foram oficialmente encerradas.

O saldo positivo é de 239. No ano anterior, em 2016 apesar de ter se registrado também crescimento no número de empresas abertas, o saldo final havia sido de 246 empresas fechadas a mais do que as constituídas.

Os dados são comemorados pelos empresários, pela prefeitura e também pelo governo do estado, sobretudo porque o número de empresas fechadas caiu em 2017.

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Carlos Chiodini, afirmou o seguinte em relação aos números positivos: “os brusquenses contam com o espírito empreendedor e este resultado positivo revela que a confiança está sendo retomada”.

Ele destaca as ações do governo do estado para desburocratizar a abertura de novos negócios, como os programas Simplifica e SC Bem Mais Simples, além do Juro Zero, de apoio ao microempreendedores individuais (MEIs).

Atualmente, conforme a secretaria, Brusque é o 12º município catarinense em número de empresas, com 13.999 constituídas. Os setores com mais empresas constituídas em 2017 são o comércio, com 550 novos negócios; as indústrias de transformação, com 358; e a construção civil, com 219.

Um crescimento significativo também foi observado na área de ensino, com alta de 23,5% no número de empresas constituídas, em relação a 2016.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Brusque, João Beuting, o aumento no número de empresas se deve, em parte, a uma maior estabilidade política trazida com as eleições de 2016, acabando com o período de entra e sai de prefeitos no município.

“Todo empresário, quando quer se instalar no município, observa as condições do governo municipal, para que ali se instalando consiga ter sucesso”, disse. “Nos últimos anos tivemos problemas de entra e sai de prefeito, que foi um fator muito negativo para os empresários virem para Brusque”.

O secretário também põe na conta o avanço da duplicação da rodovia Antônio Heil, a qual, constituindo-se uma rota mais rápida ao litoral, atrai novos comerciantes para o município, e está confiante em números melhores nos próximos anos.

“Acredito que muitas empresas ainda virão para Brusque, por essa comodidade”, justifica.

Beuting afirma que as prefeituras filiadas à Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi) trabalham em um projeto para atrair, conjuntamente, novas empresas para os 14 municípios.

A avaliação das prefeituras é de que o Vale do Itajaí perdeu espaço, economicamente falando, a outras regiões durante os últimos anos, e precisa recuperar terreno, sobretudo atraindo novas empresas.

Pequenos empreendedores se multiplicam

Microempreendedores respondem pela maior fatia de empresas abertas em Brusque nos últimos anos. Só no ano passado foram 1.492 novos negócios, de acordo com os dados da Jucesc.

Empresas de porte maior, divididas em S/A e Ltda, por exemplo, tem um crescimento menor anualmente, assim como as cooperativas, que tem registrado variação ínfima: no ano passado, nenhuma nova foi constituída.

A entidade que representa os empresários de menor porte, a Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque (Ampebr) verifica que está havendo, aos poucos, uma retomada do cenário de normalidade.

“A economia do país vem há muitos anos se arrastando, em um desequilíbrio total, uma desconfiança política e uma crise econômica”, avalia Ademir José Jorge, presidente da Ampebr.

“Mas o povo brusquense é empreendedor por natureza. A cidade é forte no ramo têxtil, no metalmecânico, novas empresas surgiram e conseguiram suprir o fechamento de empresas centenárias”, afirma.

Na Ampebr, ele diz, também tem se notado crescimento no número de empresas. A quantidade de associados, por exemplo, aumentou 10% no último ano.

Ademir destaca a necessidade de ações para que as empresas se mantenham no mercado e não sejam encerradas precocemente.

Um exemplo citado por ele é a Pronegócio, rodada de negócios que permite aos empresários venderem seus produtos a compradores de todo o país, quatro vezes ao ano, sem sair de Brusque.

“Empresas familiares, que começaram conosco na Pronegócio, em questão de anos estão fortalecidas, alcançando voos maiores, atendendo magazines”, exemplifica.

Ele acredita que o próximo ano será um pouco mais positivo para a economia, e que “com isso vai dando esperança para o empresário conseguir se estabelecer e se firmar”.

Fabrício Zen, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Brusque, avalia que os números comprovam o que foi sentido na economia. “O empresário, vendo a dificuldade do mercado não apostou, não acreditou, e isso refletiu na abertura de empresas”, diz, referindo-se ao período de maior fechamento de empresas.

Para ele, aquelas que se prepararam para a crise e focaram no que melhor poderiam produzir conseguiram se manter competitivas, apesar da crise econômica.

Na CDL, por exemplo, houve um déficit de 10% no número de associados em 2016, que foi revertido ao final de 2017, quando a entidade terminou com superávit de 3%.

Ele relata que, na entidade, o maior número de novos associados é de empresários nos setores de vestuário e acessórios, revendas de veículos, lojas de material de construção, artigos de armarinhos, cama mesa e banho, varejo de cosméticos e profissionais liberais.

“A gente percebe que o pessoal está acreditando mais na economia, em 2018 com maior clareza. Há um otimismo moderado, mas com bons olhos, principalmente agora no segundo semestre. A gente vê que o pessoal não está mais tão receoso”, avalia.

O presidente da CDL diz, também, que o número grande de microempreendedores constituídos reflete a necessidade que profissionais liberais e pequenos empresários tiveram em se regularizar, com o objetivo de poder negociar com grandes compradores ou fornecedores.

“Essas pessoas estão se formalizando, até para buscar empréstimo em banco. Hoje, com o Fisco em cima, é normal haver essa formalização da empresa. Esse número reflete essa necessidade de se formalizar no mercado”.

Vontade de empreender supera adversidades

Em tempo de crise econômica, é preciso ousadia para juntar capital e abrir uma nova empresa, em meio a um cenário de incertezas e possibilidade de perda de investimento.

Uma das empresas a abrir recentemente é a Green Station, que atua na produção de roupas ecológicas. Um dos sócios da empresa, Caio Ramos, explica que a ideia de empreender começou a surgir quando ele e o outro sócio, André Suavi, ainda estavam na faculdade de administração da Unifebe.

“Vimos o mercado de Brusque como uma grande oportunidade de negócios”, diz. “A região de Brusque tem grandes fornecedores e mão de obra bem qualificada”.

Para eles, montar uma empresa própria era um objetivo de vida, e nem mesmo o cenário adverso os impediria.

“Mesmo com todos os riscos que tinha em empreender, sair de um emprego fixo e focar em um negócio era o objetivo. O que queríamos era empreender, poder gerir o próprio negócio”, explica Ramos.

“Por mais que se dedique muito mais horas do que sendo funcionário, se faz isso com muito mais prazer, é um gosto trabalhar”, conclui.