Após conseguir autorização, brusquense que estuda na Argentina volta para casa
Willian Cardoso Ferreira passou por seis barreiras sanitárias antes de cruzar a fronteira para o Brasil
Depois de buscar autorização de trânsito em vários consulados brasileiros, o brusquense Willian Cardoso Ferreira, de 28 anos, conseguiu deixar a Argentina e voltar para casa.
Ele estava em quarentena obrigatória por conta do coronavírus em Concepción del Uruguay, na Argentina, sem conseguir retornar ao Brasil. Ele e um grupo de cerca de 15 moradores do Brasil estudam na Universidad Nacional de Entre Rios, a cerca de 300 km de Buenos Aires.
O brusquense chegou ao país vizinho há menos de um mês, no dia 7 de março. Ferreira ficou em isolamento obrigatório na Argentina por cerca de duas semanas. As universidades já haviam suspendido as aulas antes disso.
Ferreira conta que ele e Nicolò Tesini, 27, italiano que mora em Brusque há um ano, conseguiram a autorização de transporte depois de insistir muito com os consulados do Brasil no país vizinho.
“Inicialmente não queriam nos dar [a autorização de trânsito], já que nosso visto na Argentina não é de turista, temos permissão de residência. Tivemos que expor várias declarações do Itamaraty e também do próprio Ministro Ernesto Araújo sobre a repatriação de todo aquele cidadão brasileiro que quisesse voltar ao Brasil”, relata.
O brusquense explica que a sua impressão é de que os consulados estão funcionando praticamente de forma autônoma nesse sentido. A autorização de trânsito foi enviada para o seu carro, já que tem placa brasileira, e, assim, eles conseguiram pegar a estrada.
Eles começaram a viagem de quase 400 quilômetros entre Concepción del Uruguay e Brusque na sexta-feira, 3. Durante o percurso, eles cruzaram seis controles sanitários, onde os fiscais tomavam dados e consultavam quanto tempo estavam na Argentina, para confirmar que tinham feito o mínimo de 14 dias de isolamento total antes de viajar.
“O último controle foi o mais complicado, já na fronteira com o Brasil, na cidade de Paso de los Libres. Tivemos que sair do carro, mostrar de longe documentos e ditar os dados. Uma enfermeira fez uma revisão para checagem de febre e afins. Aquele passo fronteiriço era o único da região que ainda permitia a passagem de pessoas. No controle migratório foi bastante tranquilo, já que estávamos saindo então meio que não teriam mais problemas caso algo acontecesse com a gente dali pra frente”, lembra.
No lado brasileiro, a fiscalização foi um tanto frouxa, de acordo com Ferreira. “Havia um guarda sentado na porta de um prédio que está logo após se entra em Uruguaiana (RS) pela Argentina, e ele se preocupou mais em continuar olhando para o celular do que perguntar de onde vínhamos, tomar temperatura ou afins”.
Ferreira diz que as cidades e rodovias brasileiras estavam vazias no caminho que fizeram, algumas com faixas informando que todo o comércio estava fechado e os postos de combustível só funcionavam para abastecimento, porém não passaram por nenhum controle sanitário pela BR-470.
Desde sábado, 4, Ferreira e Tesini estão em Brusque, evitando contato com familiares, já que tiveram contato com algumas pessoas durante o caminho, tanto nos controles sanitários na Argentina, como em postos de gasolina, mas tomaram o máximo de cuidado possível para não aumentar o risco de contaminação durante a viagem.
Neste momentos, eles estão tentando ajudar amigos que ainda estão na Argentina, já que a quarentena no país continua e algumas universidades já suspenderam aulas até julho. Seus colegas brasileiros, porém, estão tendo dificuldades para conseguir auxílio para retornar aos seus locais de origem.
“Muitos brasileiros hoje estão tentando fazer o retorno, algumas empresas de ônibus brasileiras se dispuseram a ir buscar tanto na cidade de Buenos Aires como em Rosário, as duas com maior concentração da comunidade brasileira, mas o consulado não respeita nem aquilo que postou no próprio site. Eles pedem para que os interessados entrem em contato para fazer a lista para repatriação, dizem que não há problema quanto a questão do tipo de visto que tenham, mas depois respondem que só turistas podem voltar”, explica.