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Após dois anos em recuperação judicial, Favo Malhas ainda não finalizou acordo para pagamento de funcionários

Dívidas trabalhistas da empresa chegam a R$ 13 milhões

Após dois anos em situação de recuperação judicial, a empresa Favo Malhas ainda não finalizou o acordo com seus funcionários para o pagamento de seus direitos. A dívida da empresa chega a R$ 13 milhões, em direitos trabalhistas. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fiação e Tecelagem de Brusque, Guabiruba, Botuverá e Nova Trento (Sintrafite), que representa a maioria dos credores, se manifestou nesta terça-feira, 17, contra a postura da empresa.

Conforme o sindicato, foram realizadas duas assembleias em setembro para discutir o plano de pagamento dos credores, no entanto, nada ainda foi feito.

A primeira assembleia, realizada de forma on-line no dia 5 de setembro, foi encerrada por falta de quórum. Na segunda, ocorrida no dia 12 de setembro, a empresa solicitou um novo adiamento de 60 dias, alegando a necessidade de tempo adicional para negociar com alguns credores.

O presidente do Sintrafite, Anibal Boettger, manifestou sua insatisfação com o adiamento. “Já se passaram quase dois anos desde que a Favo Malhas entrou com o pedido de recuperação judicial e, até agora, não há um plano concreto para o pagamento das dívidas trabalhistas. Nós, representados pelo nosso assessor jurídico, Márcio Silveira, não concordamos com esse novo adiamento. É um desrespeito com os trabalhadores que aguardam seus direitos”, afirmou.

Segundo a entidade, desde o pedido de recuperação judicial, feito em novembro de 2022, a empresa não realizou nenhum pagamento aos 507 ex-trabalhadores, acumulando uma dívida trabalhista de aproximadamente R$ 13 milhões. “O objetivo da recuperação judicial é permitir que a empresa tenha um fôlego financeiro para se reestruturar, mas isso não pode ser um motivo para adiar indefinidamente o pagamento dos trabalhadores”, argumenta o assessor jurídico do Sintrafite.

Proposta modificativa

Ainda conforme Márcio, as assembleias eram aguardadas pelos ex-trabalhadores na esperança de uma definição sobre os pagamentos. Dias antes da primeira assembleia, o sindicato soube que a Favo Malhas poderia apresentar uma proposta modificativa, mantendo o pagamento da dívida trabalhista em 24 parcelas, com a oferta de um imóvel como garantia caso o pagamento não fosse cumprido. No entanto, com o adiamento das assembleias, a proposta não foi formalizada.

“Nos antecipamos a essa possibilidade e convocamos os ex-trabalhadores para uma reunião no Sintrafite no dia 4 de setembro, para que decidissem se aceitariam ou não a proposta, caso ela fosse apresentada. A resposta foi clara: não aceitamos. O imóvel oferecido, um terreno de valor comercial duvidoso, não garante que os trabalhadores receberão seus direitos”, explica Márcio.

O assessor jurídico destaca que aceitar o imóvel como caução poderia trazer ainda mais incertezas para os trabalhadores. “Nossa preocupação é que a empresa simplesmente não cumpra o plano de pagamento e deixe os trabalhadores com um terreno de difícil comercialização, como já ocorreu em outros casos”, acrescenta.

Novo adiamento

Mesmo com a situação, a maioria dos credores, incluindo bancos e fornecedores, votou a favor do adiamento de 60 dias. A nova audiência foi marcada para o dia 12 de novembro.

O presidente do Sintrafite, por meio da nota divulgada pela entidade, finalizou dizendo que o sindicato seguirá acompanhando o caso de perto, “exigindo respeito e justiça para os trabalhadores da Favo Malhas, que há quase dois anos aguardam o pagamento de seus créditos trabalhistas. Vamos seguir firmes em nossa luta por justiça e pelo cumprimento dos direitos de cada um dos trabalhadores prejudicados”.

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