Após dois meses de paralisação, motoristas enfrentam cenário de demissões e incertezas em Brusque

Transporte coletivo não circula em Santa Catarina desde 18 de março

Após dois meses de paralisação, motoristas enfrentam cenário de demissões e incertezas em Brusque

Transporte coletivo não circula em Santa Catarina desde 18 de março

Cerca de 100 funcionários já foram demitidos no setor de transporte em Brusque desde o início da pandemia do coronavírus. Apesar disso, a grande maioria dos mais de 2,7 mil associados ao Sindicato dos Motoristas de Brusque (Sintrab) estão negociando com as empresas para manterem seus empregos. Esse número inclui trabalhadores do transporte de passageiros, escolar e de cargas.

O presidente do Sintrab, Rogério Reis, explica que acordos variados estão sendo feitos, como redução de carga horária, férias ou interrupção momentânea de contratos. Reis, no entanto, teme que os empregadores tenham dificuldade para manter os pagamentos caso a interrupção do funcionamento do transporte público dure por muito tempo.

“Demissões estão sendo feitas só em último caso. O que tem condição, estamos fazendo. Estamos tentando negociar para que não demita. Eu tenho um medo nisso tudo, porque o patrão daqui a pouco não vai ter dinheiro para pagar e a responsabilidade vai ser minha. Então, acho uma faca de dois gumes, porque ninguém sabe quando vai acabar a pandemia”, explica.

Ele diz que, no momento, todos os funcionários estão recebendo conforme foi acordado entre empregados e patrões, mas prevê que a situação pode mudar em breve.

“Como sindicalista, não vejo aquela situação de dizer para o empregador que ele vai ter que ficar com o funcionário, porque lá na frente ele pode não ter dinheiro para pagar. Por enquanto, tudo que a gente está negociando, parcelando, todo mundo está recebendo, mas me preocupo que daqui a pouco as pessoas sejam demitidas sem receber nada”.

Reis acredita que a paralisação logo no início da pandemia foi precipitada. Desde o dia 18 de março, após o primeiro decreto do governador do estado, Carlos Moisés (PSL), o transporte público está proibido de circular em Santa Catarina. A medida foi ampliada por tempo indeterminado.

“Acredito que não deveria ter parado, poderia estar preparando as coisas e parar daqui para frente. Lógico que a doença não avisa quando vem, mas, na minha opinião, foi parado muito antecipado e está esse caos todo. Minha visão é que a questão se transformou em política agora, e quem está pagando o preço somos nós, trabalhadores”, argumenta.

Para o presidente do Sintrab, outras medidas poderiam ser tomadas para que o transporte público pudesse circular.

“A doença está aí, mas medo dela eu não tenho, porque a gente vê tanta gente que se recuperou. Acho que o governo está fazendo errado, bloqueando tudo, a gente deveria estar trabalhando, cada um se prevenindo como pode. Existe outras medidas que poderiam ser tomadas, e está saindo tudo do bolso do trabalhador”, afirma.

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