Após obra do IFC, moradores do Guarani temem piora dos alagamentos
Urbanização próximo ao leito do rio e falta de escoamento são indicados como fatores de risco
O crescimento da região da rua General Osório, no bairro Guarani, trouxe a preocupação com os recorrentes alagamentos em trechos da via. As discussões sobre os possíveis impactos dos aterramentos feitos próximo ao rio Itajaí-Mirim se arrastam há seis anos.
No período, a situação motivou moradores a organizarem debates sobre o tema com o poder público, inclusive com abaixo-assinados. A mobilização aumentou com a construção do Instituto Federal Catarinense (IFC), no Jardim Maluche, em local limítrofe com o Guabiruba.
O grupo solicitava estudos técnicos para esclarecer sobre os possíveis impactos gerados com a implantação do prédio. A Associação de Moradores do Bairro Guarani também cobrou adequações no projeto da avenida Bepe Rosa, na margem esquerda.
De acordo com o presidente da entidade, Marcos Carturani, a intenção do grupo era que houvesse o rebaixamento do nível da pista em relação ao rio, para que quando o rio aumentasse de nível, diminuísse o risco de alagamentos. Sem um consenso, o caso foi encaminhado para a Justiça.
Problema recorrente
Os efeitos dos alagamentos no trecho são recorrentes para quem precisa transitar pela via ou mora próximo. De acordo com o comerciante Miguel Merísio, a dificuldade de escoamento da água é outro agravante. Em muitos momentos, a situação impede o trânsito de veículos na via.
Com a situação, o comércio precisou se adaptar nas últimas décadas. Nos primeiros anos, lembra, as ocorrências de alagamentos eram menores e foram se tornando mais recorrentes. Durante as enxurradas, comerciantes e clientes chegam a ficam ilhados. “É algo que atrapalha, pois fica tudo parado, não tem outra alternativa para sair e é algo que demora até normalizar”
Vida de apreensão
Godofredo Riffel, 67 anos, mora durante a maior parte da vida em uma casa na General Osório e relata situações críticas vividas pela família devido à água. Além dos alagamentos recorrentes, os períodos de cheia ampliam os riscos aos moradores.
O motivo é conhecido: a elevação do nível do rio durante o período de chuvas. “Este trecho (do Itajaí-Mirim) é mais estreito e represa quando os pontos maiores estão cheios. Aí a água vem parar aqui”.
Com medo dos alagamentos, a maioria dos móveis da casa onde mora com a esposa é mantida na parte superior. Membro da associação de moradores, ele ressalta a necessidade de melhorias no escoamento da água na via, mudanças nas margens do rio e criação de canais extravasores. As alterações, afirma, devem evitar transtornos.
Em um dos episódios mais graves, a família dependeu da ajuda de vizinhos e familiares para conseguir se recuperar dos prejuízos. Em 1984, lembra, a água chegou no segundo piso da casa. Eles precisaram usar uma canoa para sair pela janela, deixando tudo para trás.
Ponto crítico
De acordo com o diretor-presidente do Instituto de Planejamento de Brusque (Ibplan), Rogério dos Santos, no momento não há projetos de melhoria de escoamento que contemplem a área. “O município tem o projeto da construção da Beira-Rio (avenida Bepe Rosa) e, acredito que quando for ser desenvolvido, toda essa situação será verificada. Hoje, não temos planos”.
Há poucos meses no cargo, o diretor afirma que está à disposição dos moradores para tratar de melhorias. Ele reconhece a necessidade de avanços. “É uma região crítica. Não acompanhei o processo de implantação do IFC, mas imagino que devam ter sido feitos estudos nesta área”.
Assim como ele, o diretor da Defesa Civil de Brusque, Carlos Alexandre Reis, ressalta a recorrência de problemas no trecho. “É um ponto crítico, pois se trata de uma curvatura acentuada onde, nas cheias, há um maior represamento da água que vem da cidade de Botuverá”.
Nos casos de enxurradas, afirma, a situação é pouco diferente. Nelas, o maior volume de água tem origem em Guabiruba e exige uma atenção com a situação das drenagens das vias.
Não há, segundo ele, informação no órgão sobre restrições para construções no trecho. O diretor destaca a possibilidade dos moradores utilizarem o site defesacivil.brusque.sc.gov.br e o cadastro pelo número 199 para acompanhar os alertas emitidos pela entidade.