Após oito anos, instalação de placas com cotas de cheia do rio volta a ser debatida em Brusque
Assunto que começou a ser discutido em 2015 foi retomado no Conselho de Defesa Civil
Um assunto antigo voltou a ser debatido em Brusque. A proposta de instalação de placas com cotas de cheia foi tratada em reunião do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil em setembro. A possibilidade foi discutida pela primeira vez em 2015.
Em resumo, o objetivo é que as placas, que seriam instaladas em todas as ruas de Brusque, informem com qual nível o rio Itajaí-Mirim atinge cada rua do município. A proposta segue o modelo de Laurentino, no Alto Vale do Itajaí.
A ideia de trazer as placas para Brusque partiu inicialmente do engenheiro agrônomo Juliano Piske, integrante do conselho. Na prática, seria conversado com um morador de cada rua sobre a possibilidade de instalar a placa no muro da residência dele.
Há membros do conselho que, por outro lado, rejeitam a ideia, acreditando em eventuais recusas dos moradores em instalar as placas em seus muros ou na desvalorização de imóveis para aluguel.
“É bom que more alguém em um lugar que pega enchente? A pessoa que mora no local tem que saber [que a enchente chega]. Ainda mais quem vem de fora da cidade. Tem gente que nem sabe o que é enchente”, defende Juliano.
O engenheiro afirma que seria necessário, primeiro de tudo, conversar com o morador da residência para verificar a possibilidade de instalar a placa. Juliano não enxerga dificuldade quanto a esse “primeiro passo”.
“A placa ou pintura no muro terá escrito: cota de cheia na rua é ‘x’ metros. É algo simples. Não precisa ser compulsório. Poderia ser levada essa possibilidade às pessoas. Em construções públicas não há problema nenhum, só colocar a placa”, diz.
“Ideia é interessante”, avalia Defesa Civil
O coordenador da Defesa Civil de Brusque, Edevilson Cugiki, vê a proposta de forma positiva. Ele comenta que a ideia é que as placas sejam instaladas somente em um ponto de cada rua, na “primeira cota”, e não várias placas com diversas medições ao longo das vias.
“Tínhamos uma outra ideia antes, que era colocar a cota de cheia na conta de água. Acaba, porém, sendo uma medida um pouco mais ‘intimidadora’. Não agradou tanto o pessoal do conselho”, relata.
Em períodos de cheia do rio Itajaí-Mirim, a Defesa Civil atualiza sempre as medições de nível para alertar a população. Com as placas, Cugiki avalia que facilitaria o entendimento das pessoas de que, com determinado nível, o rio pode chegar nas casas delas.
“A ideia é interessante. Não andou tanto em razão dos eventos climáticos de outubro. É uma forma de alertar as pessoas. Fica mais fácil para a pessoa se inteirar com quantos metros pega água na casa dela”, comenta.
Ainda segundo Cugiki, o objetivo é que as placas tenham também um QRCode. O acesso, apontando a câmera do celular, deve levar aos mapas disponíveis no site da Defesa Civil de Brusque.
Assunto antigo
Em 2015, o vereador Jean Pirola (PP) levou o assunto para a Câmara de Brusque. Na época presidente do Legislativo, Pirola foi autor de um anteprojeto de lei que previa a instalação das placas em todas as ruas.
Pirola relembra que o anteprojeto gerou polêmica e que foi criticado nas redes sociais naquela ocasião. “Hoje vemos a importância dessas placas para as pessoas que não têm acesso à internet”, opina o vereador.
A proposta já agradava a Defesa Civil em 2015. Renate Klein, então diretora do órgão, lembrou na época que era comum a queda de sinal de internet ou o corte do fornecimento de energia elétrica, impossibilitando os moradores de acessarem o sistema de cota de enchente.
O vereador afirma que, atualmente, ainda é favorável à medida. Ele comenta que o modelo foi aplicado em alguns municípios no Alto Vale, região em que também há registros de cheias anualmente, e celebra o retorno da discussão da proposta.
“A Defesa Civil emite um alerta de que, por exemplo, o rio vai chegar a 8 metros. [Com as placas], as pessoas saberão que vai chegar água em determinada altura se o rio chegar a 8 m, pois no poste ou no muro tem uma marca escrito: ‘8 m, 7 m, 6 m’… Sou totalmente favorável”.
Além do anteprojeto, dois requerimentos chegaram a ser apresentados por Pirola, um em 2015 e outro em 2017, solicitando o encaminhamento do anteprojeto aos prefeitos da época, Roberto Prudêncio e Jonas Paegle, respectivamente.
O texto foi apresentado na Câmara na forma de anteprojeto, ou seja, somente como uma proposta ou versão preliminar, em razão do artigo 49 da lei orgânica municipal. A legislação prevê que projetos deste tipo são prerrogativas exclusivas do prefeito.
Assista agora mesmo!
Nova geração de bergamascos é esperança para manter dialeto vivo em Botuverá: