Após saída de neuropediatra, rede pública volta a ter dificuldades para diagnóstico de autismo em Brusque

AMA Brusque pretende pressionar prefeitura reivindicando providências

Após saída de neuropediatra, rede pública volta a ter dificuldades para diagnóstico de autismo em Brusque

AMA Brusque pretende pressionar prefeitura reivindicando providências

Os pais que procuram diagnóstico e tratamento de crianças com autismo na rede pública de Saúde seguem enfrentando problemas. A presidente da Associação de Pais, Profissionais e Amigos dos Autistas (AMA) de Brusque, Márcia Faria, conta que o neuropediatra contratado pela prefeitura em abril já deixou o posto.


“Naquele primeiro momento, aconteceu uma melhora, porque foi contratado um neuropediatra, mas ele ficou trabalhando por menos de dois meses e a cidade está sem esse profissional novamente”, relata.

A Secretaria de Saúde informa que o profissional pediu demissão há cerca de 20 dias e que um processo seletivo emergencial será feito, mas ressalta que é uma especialidade muito escassa e não é possível ter uma previsão exata de quando haverá uma nova contratação.

Em entrevista ao jornal O Município em maio, a presidente da AMA destacou que pais que procuram as Unidades Básicas de Saúde, eventualmente, se deparam com profissionais desatualizados e sem conhecimento em transtorno do espectro autista (TEA), que podem invalidar as preocupações. E, mesmo se o pediatra concordar e encaminhar para um especialista, a família pode passar anos sem conseguir uma consulta.

“Na época, a gente fez um levantamento e encontramos muitas pessoas na fila esperando atendimento com o médico e também terapias. Está bem crítica a situação”, alerta Márcia.

Márcia explica que a demora no diagnóstico e no acompanhamento de crianças autistas pode causar reflexos em toda a vida. “Isso impede que a criança tenha acesso a um profissional especializado na escola, por exemplo. Ela terá dificuldade de aprendizagem, de inclusão, e isso vai influenciar em todos os ambientes, vai ter mais crises e reflete na adolescência e vida adulta”.

De acordo com a Secretaria de Saúde, os casos leves de crianças diagnosticadas com autismo são encaminhados para o município referência, que é Blumenau, no Centro Especializado em Reabilitação (CER), onde Brusque tem 32 vagas por mês pactuadas entre primeira vez e retornos, e para a Clínica Uni Duni Tê, que atende crianças até seis anos. Em relação ao pós-diagnóstico, em casos moderados e graves de autismo, os pacientes são encaminhados para o CAPSi.

“Crianças não podem esperar”

Segundo Márcia, a AMA está tentando marcar uma reunião com as Secretarias de Saúde, Desenvolvimento Social e Educação para propor um convênio com a prefeitura para atender as crianças e melhorar o atendimento.

“Poderíamos proporcionar terapia e triagem para, quando a criança chegar ao neuropediatra, já ter uma avaliação. Também temos disponibilidade para disponibilizar espaço para os neuropediatras atenderem. Estamos com um pouco dificuldade para marcar essa reunião, mas estamos elaborando um projeto para poder passar a eles”, relata.

Por causa da dificuldade de diálogo com a prefeitura, a AMA Brusque pretende pressionar em busca de soluções. “Percebemos que eles nos recebem, falam que entendem a necessidade, mas fica por isso mesmo. Estamos nos organizando para fazer manifestações, porque não pode mais continuar assim, são muitos anos já e as crianças não podem esperar. A prefeitura segue nos ignorando, e o problema só cresce”.

A Secretaria de Saúde informa que não recebeu nenhum contato da AMA em relação à parceria, mas apenas uma conversa da diretoria da AMA com a coordenadora da Saúde Mental do município, Inajá Gonçalves de Araújo. Além disso, o comunicado da Saúde também acrescenta que a diretoria da AMA participou da reunião do Conselho Municipal de Saúde (Comusa), mas que nenhuma proposta formal foi apresentada para a secretaria.

Outra reclamação da AMA é pela demora na liberação de recursos do Fundo para Infância e Adolescência (FIA). “A prefeitura não tem feito nada para nos ajudar. Interrompemos um tratamento porque não tínhamos mais orçamento”.

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