Após sofrer com relacionamento abusivo, professora cria grupo de ajuda para vítimas de violência em Brusque
Encontros acontecerão toda quinta-feira, a partir do dia 24 de outubro, na CDL
Encontros acontecerão toda quinta-feira, a partir do dia 24 de outubro, na CDL
Durante três anos a professora Wellen de Lima Godoy sofreu com um relacionamento abusivo. Constantemente era vítima de agressões físicas e verbais, e passou por tudo calada.
Por muito tempo continuou acreditando que o ex-noivo seria capaz de mudar e voltar a ser aquela pessoa carinhosa e gentil por quem ela se apaixonou. Mas isso não aconteceu.
As agressões começaram logo no primeiro mês de namoro. A professora, sem acreditar no que havia acontecido, decidiu perdoar o agressor. “Na minha cabeça ele era o cara gentil e amoroso que eu conheci. Depois que o agressor se mostra, a gente quer encontrar aquele cara de novo, voltar para o início, mas ele não vai voltar”, diz.
Wellen chegou a ser agredida algumas vezes na frente do filho pequeno. O menino, por muitas vezes, defendeu a mãe. Chegou a esconder as chaves do apartamento para que o agressor não pudesse trancá-la em um cômodo e agredi-la. “Eu cheguei a fazer aulas de Muay Thai para aprender alguns golpes para me defender dele. Como assim eu preciso me defender da pessoa que supostamente me amava?”, questiona.
Foi após muito sofrimento que Wellen resolveu se libertar do seu relacionamento. Há quatro meses ela decidiu terminar a relação e iniciou um processo para reaprender a viver.
No começo, mesmo sabendo que o ex-noivo não mudaria, ela sofreu muito e pensou em reatar a relação, precisou de muita ajuda para superar e seguir em frente. “Eu sabia que não podia mais continuar ali, mas meu coração falava mais alto. Eu estava sofrendo muito. Eu preferia ter dor física a ter esse buraco sem fim dentro de mim”, diz.
Foi durante esse processo que Wellen teve uma ideia. Ela pensou que assim como ela, muitas mulheres sofrem caladas dentro de um relacionamentos abusivo e precisam de ajuda para sair desse círculo vicioso e reconstruir a vida.
Assim, nasceu o projeto Corações de Algodão Doce, um grupo de apoio para mulheres e outras pessoas que estão em um relacionamento abusivo e precisam de ajuda. O lançamento do projeto é nesta quinta-feira, 17, às 19h, no auditório da Assevim.
O grupo se reunirá toda quinta-feira, a partir do dia 24 de outubro, em uma sala cedida pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), que é uma das apoiadoras do projeto.
“Eu costumo dizer que meu amor teve que morrer para o projeto nascer”, diz Wellen.
Durante os encontros, as mulheres terão apoio psicológico e também jurídico. “A mulher que nos procurar vai obter o que está procurando. Não vamos pressionar para chegar a vias jurídicas. Trabalharemos o lado psicológico, com psicoterapia em grupo, vamos ajudar essas mulheres a voltarem a ter autoconfiança, autoconhecimento”, explica a psicóloga Larissa Garcia, uma das integrantes do projeto.
Ela explica que existe uma pressão psicológica muito grande por parte dos abusadores em cima das vítimas para que elas ajam de acordo com o que ele deseja. “O relacionamento abusivo mina as relações, os laços afetivos, familiares e empregatícios, faz a vítima se sentir culpada. A pressão psicológica é tão grande que quando elas conseguem se livrar, não sabem mais quem são, do que gostam”, destaca a psicóloga.
Durante os encontros, as mulheres poderão ouvir o relato uma das outras, formando uma rede de apoio. “Elas verão que não estão sozinhas e que conseguem passar por isso e se fortalecer”.
Ao longo desses quatro meses, Wellen e Larissa estruturaram o projeto, criaram uma metodologia e foram atrás de parceiros para poder colocá-lo em prática. Agora, o projeto inicia com o objetivo de ajudar o maior número de pessoas possível a sair desse processo de sofrimento e se libertar.
“Todas as pessoas que sofrem com qualquer tipo de relacionamento abusivo podem participar, não só mulheres, também estamos abertos para o público LGBT, que sofrem muito com isso, apesar da estatística ser silenciosa”, diz a psicóloga.
Durante os três anos em que sofreu com as agressões físicas, verbais e também patrimonial, Wellen nunca denunciou o ex-noivo. “Eu nunca denunciei e me arrependo muito. Poderia ter acabado com isso há muito tempo, mas eu amava demais e acreditava que poderia mudar. O nosso grupo quer encorajar as mulheres a darem um basta nisso. A dor delas é a nossa dor”, diz.
Quem quiser saber mais informações sobre o projeto pode entrar em contato com a psicóloga Larissa pelo telefone (47) 9 9953-1283 ou com Wellen (47) 9 8817-8424. Também pode entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou ainda pelo @coracoesdealgodaodoce, no Instagram ou então pela página do projeto no Facebook.